terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Guia do Usado - Seat Cordoba

A substituta do Voyage (na minha garagem) pertence a uma família espanhola muito conhecida do fim dos anos 1990 e início dos anos 2000. A marca SEAT, que pertence ao grupo Volkswagen, vendeu nessa época alguns carros que eram cópias maquiadas e mais bem equipadas dos nossos Polo Classic. Vamos falar um pouco dos Cordoba, com algum viés para a Vario 1.6 SR, mas no geral as impressões batem com o Sedan e com o Hatch, conhecido como Ibiza.


Pouca gente sabe, mas a Seat nasceu como uma subsidiária espanhola da Fiat (atente a sonoridade do nome), somente no fim dos anos 1980 a Vw assumiu seu controle. A família completa e reestilizada, objeto desse texto, só foi vendida no Brasil entre 2000 e 2003, em alguns casos eram oferecidos nas próprias concessionárias da Volks. Fizeram um relativo sucesso na configuração sedan e hatch, já a Vario é tão rara que muitos sequer sabem da existência desse modelo.

Como todo louco por automóveis eu tenho mesmo é orgulho de ter tido uma, surgiu numa oportunidade de negócio e num momento em que eu precisava de um carro melhor. Carro espaçoso, bonito, confortável e muito bem equipado, vinha com o excelente motor 1.6 SR que também equipou o Golf e o Audi A3 nacionais na época. O único medo era de bater, pois como era um carro raro, não tinha peças de reposição para a parte de funilaria. Só mandando trazer da Espanha.


Para dirigir era fantástica, o motor potente dava conta com tranquilidade, a direção era mais macia do que a média das hidráulicas disponíveis no mercado (exigia cuidado na estrada porque era leve demais), a suspensão bem acertada garantia estabilidade e conforto num equilíbrio difícil de achar, muito bom para um carro com mais de 10 anos. A vida a bordo era facilitada por um pacote de dar inveja, ar condicionado, direção, vidros elétricos nas 4 portas, travas com controle na chave, rack no teto, banco bipartido, retrovisores elétricos, abertura interna de tanque e por aí vai.

Por fora ela provocava as mais diversas reações. Quem entendia de carro sempre se surpreendia em ver uma e para quem não entendia era uma Parati um pouco estranha. O conjunto de som com quatro alto falantes, módulo de 2000w e sub de 12 polegadas harmonizava muito bem com a acústica interna. Rodas e pneus esportivos, a lataria revelava algumas marcas do tempo, mas estava tudo em ótimo estado. A verdade é que chamava atenção.


Como nem tudo são flores, vamos aos problemas. Apesar da mecânica "simples", esse motor tinha manutenção cara. Certa vez uma mangueira ressecada me custou quase 500 reais para consertar. Se tiver problema com funilaria, principalmente lanternas e faróis, reze para conseguir no mercado de usados. Suspensão também era cara, pois o acerto que a deixava tão melhor que os primos brasileiros era todo diferenciado.

É uma perua importada! Só de dizer isso alguns se animam e muitos outros se assustam, mas ao ter consciência de como cuidar e quanto reservar para mantê-la, é como comprar um Vectra, Golf ou Audi. Como elas são raras no mercado, seus preços dependem da conservação, mas giram em torno de 10 mil reais. Se comprar já é difícil vender é mais ainda, mas quem está disposto sabe que há comprador pra tudo nesse mundo e enquanto não se vende se aproveita muito. A minha durou 9 meses, com proposta certa não da pra ter apego!


O vídeo da rodada não poderia ser de outra banda. RIP Lemmy!

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Guia do Usado - Fiat Palio Weekend

Ela é grande, confortável, bem equipada, bonita, econômica e não faz feio em desempenho. Mesmo na versão 1.0, anda muito bem, sobretudo na estrada. Mobilidade é outro ponto a favor, com bagageiro no teto, banco bipartido e um porta malas amplo e de fácil acesso. Difícil é esconder que ela é a minha preferida, essa é a Fiat Palio Weekend!


O Palio veio ao Brasil para substituir o Uno (coisa não conseguiu). Lançada a partir de 1996, a família formou o tradicional quarteto de hatch, sedan, perua e pick up. Por tratar-se de um carro muito específico, o guia trata apenas da perua. Para ser mais exato, o foco será a geração de 2001 a 2004 e alguma coisa sobre a 2005/2008. Só como contexto, a primeira geração era tão boa quanto as posteriores, destaque para a 1.0 6 marchas de 1999, mas hoje em dia seu design já carrega demais o peso da idade e não tem mais um valor digno de revenda.

O objeto de estudo no caso é uma ELX 1.0 16v Fire ano 2001. Adquirida com 88.000 km e revendida com pouco mais de 120.000. Não adianta, as fábricas nem sempre acertam a mão no desenho de seus carros, e na minha opinião não existem modelos mais bonitos de Palio Weekend do que os fabricados entre 2001 e 2008. Ambas tem linhas harmoniosas, que conseguem se fazer notar sem o apelo de alien das fabricadas pós 2009.


Voltando à 2001, o motor dispensa comentários, ainda que seja 1000cc ele consegue levar a perua tranquilamente pelas ruas e estradas, o motor não sente o peso, tem boas retomadas e por tratar-se de uma perua o estilo de direção mais tranquilo combina. Mesmo carregada ela segue seu caminho sem exaustão. Nas versão ELX (1.0, 1.3 e 1.4) e HLX (1.8) elas vêm sempre com vidros, travas e direção. Ar condicionado e faróis de neblina são acessórios fáceis de encontrar. Dispense as versões básicas EL, sem acessórios não vendem bem.

Existem ainda as versões Style e Adventure, ambas top de linha com suas características próprias. Falando só da Adventure um pouco, elas vêm só com motor 1.8, com um rack duplo no teto, rodas exclusivas, pneus de uso misto e algumas até com banco de couro. É um dos meus sonhos de consumo, mas tudo depende dos negócios. Atualmente meu vizinho tem uma, não sei se foi por causa disso, mas quando ele estava procurando eu sugeri exatamente essa!


Eu sempre gosto de relatar os problemas que eu tive no assunto manutenção. O sensor de temperatura apresentou um defeito em dado momento, que ligava a ventoinha sem o carro estar totalmente quente, o que causava uma leve perda de rendimento, justamente porque o motor trabalhava frio. A mola do trambulador certo dia se soltou e a ré perdeu o "click" para cima antes de engatar. Duas coisas simples e baratas de consertar.

Falando em preço, um carro em excelente estado, após uma boa procura, vai custar em torno de 12 mil num modelo 2003 e perto de 18 mil nas 2006, podendo chegar aos 23/25 nas Adventures 2008. Para quem quer um carro mais novo, a geração pós 2009 dá pra encarar, mas perde no quesito custo-benefício. Sempre opte por versões completas e com menos de 100 mil km rodados. É difícil, mas dá para encontrar. Essa leva o prêmio de melhor perua pequena na minha humilde opinião.


O vídeo de hoje é para quem gosta de uns bons solos de guitarra!
Mais peruas serão assunto em breve, se gostou do texto ajude a divulgar. Abraços!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Guia do Antigo - Gol e Voyage (quadrado)

Famosos é pouco para descrever a linha de quadrados da Volks do fim dos anos 1980 até metade dos anos 1990. Sucesso de vendas, excelente desempenho e baixo custo de manutenção são as grandes características que chamam atenção até hoje. No entanto, a motorização sempre levada ao limite e o pacote de equipamentos pobre demais tem que entrar na conta de quem busca um desses ícones nacionais. Minhas impressões são maiores do Gol e Voyage, mas as dicas são gerais e valem também para Parati e Saveiro, sempre entre 1987 e 1995.


A história do Golzinho começa lá na metade dos anos 1970, quando a VW começou a projetar um substituto para o Fusca e Brasília e concorrente para Chevette, Fiat 147, entre outros populares da época. Lançado em 1980 com motor de Fusca, foi recebendo pequenas mudanças e modelos para criar a família. Os grandes blocos do quadrado foram de 1980 até 1986, de 1987 até 1990 e de 1991 até 1995. Foi em 1987, já com o motor AP 1600 e 1800 que o Gol tornou-se o carro mais vendido do país, título que manteve até 2013.

Os carros que eu tive foram um Gol e um Voyage, ambos de mesma versão, GL 1.6 AP 1988. Nos dois casos a compra foi para trocar um carro dito "pior" e não necessariamente uma procura específica. O Gol era o prata (que demorou até ficar como nas fotos) e o Voyage na cor cinza que não recebeu grandes modificações. As configurações eram iguais, apesar do nome GL não ser o basicão, os carros sempre tinham vidros manuais, sem travas. Os "acessórios" eram o ar quente e desembaçador traseiro.


Começando pelo Gol, a dirigibilidade era o ponto alto, é um carro para quem gosta mesmo de dirigir, sobretudo de pisar fundo. Com o passar do tempo ele foi recebendo atenção aos detalhes estéticos e ambiente interno. Rodas, capô preto, grade lisa, isulfilm, suspensão um pouco rebaixada, som de qualidade, foram dando a cara que depois tornou-se um carro que chamava muita atenção onde passava. Terminou sua história com um acidente que acabou comprometendo demais a parte mecânica. Foi consertado, mas como não era mais o mesmo, foi trocado por um Monza.

Já o Voyage chegou com a missão de rodar mais de 50 km por dia, e como não correspondeu a expectativa inicial, foi trocado por uma perua importada apenas seis meses depois. O bom motor precisou ser refeito, pois já estava no limite. O carro tinha muito potencial, mas necessitava de uma atenção na funilaria e interior. Rodas de liga simples, isulfilm e um som simples foram companheiros de um estilo de direção mais contido, no entanto o AP estava lá e a qualquer pisada mais forte no acelerador ele lembrava sua verdadeira vocação.


Os motores AP são feitos para correr, portanto ao procurar um usado é necessário uma boa verificação disso, normalmente eles estão em ponto de quebra. A manutenção desses carros é constante, por serem carburados eles desregulam com muita frequência. Peças e mão de obra são baratas, mas as visitas em oficina podem desanimar quem pega um carro desses para uso diário. Sobre os acessórios, é questão de gosto, mas hoje eu prefiro carros mais equipados. Ar + direção eu nunca encontrei, vidros e travas só de quem mandou instalar depois.

Para quem lê até parece que não foram dos melhores carros que eu tive (o Gol até que foi, o Voyage não mesmo), mas o relato é justamente para enfatizar o quanto um carro desses precisa ser comprado com cautela e atenção. Há modelos em excelente estado que só darão prazer, mas a maioria dos que estão por aí dará algum trabalho. Outro ponto crucial é o preço, como são muito procurados os preços não são tão atrativos. Mas no geral, após muita negociação e pesquisa, um carro em bom estado deve custar na casa de 8/9 mil reais.


Se você gostou do texto recomende este guia para outras pessoas. Críticas e sugestões são sempre bem vindas!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Guia de Compra e Venda - Feirão

Em Curitiba há um famoso lugar onde, todos os sábados, centenas de pessoas levam seus automóveis para negociar. Seja no espaço formal, aos arredores de um antigo estádio de futebol, seja nas ruas laterais que acabaram se tornando um espaço paralelo de grandes rolos, o lugar é conhecido e pode ser uma alternativa tanto para quem procura como para quem está querendo vender. Hoje falamos um pouco sobre o Feirão do Pinheirão!


Localizado às margens da Av Vitor Ferreira do Amaral, no bairro Tarumã, o Pinheirão é um antigo estádio que no momento está desativado. No seu estacionamento e entorno é que se desenrola este tal Feirão. Aos sábados bem cedo já há um grupo organizador no local, vendendo as fichas, que são o ingresso para quem quer fazer negócios. Os valores são de 20 reais para automóveis em geral e 10 reais para autos com ano de fabricação abaixo de 1990. O local possui algumas barraquinhas de comida e banheiros para seus visitantes e comerciantes.

Ao chegar você logo se depara com uma boa placa indicativa que chega em uma tenda de controle da entrada. Valor pago, ficha na mão e vamos buscar um lugar. Não há espaços reservados, ache um vaga em meio ao mar de carros e se instale tranquilamente. Saia do carro, veja se estacionou bem, dê uma volta no carro pra ver se está tudo ok e preencha os dados. Modelo, ano, acessórios, valor e opção de troca (se houver).

Na ficha há um local para marcar caso queira um anuncio no site do feirão e colocar seu e-mail. Caso você marque essa opção seu carro será fotografado e irá para o site até o fim do dia, sem custo adicional. No mais, é sentar e relaxar. Minha dica é levar um livro ou revista, abrir as janelas, arranjar uma posição confortável e esperar. Muitas pessoas transitam pelo local, muitas irão se aproximar do seu carro, algumas irão olha-lo com mais atenção e de repente alguém puxará conversa. Você não precisa agir como vendedor, aguarde a deixa para puxar papo.


A maioria das pessoas está buscando rolo, então se você está disposto é só prestar atenção, mas se sua intenção é vender, não dê muito papo, pois há muita gente do ramo que lhe tomará muito tempo, com objetivo ganhar dinheiro em cima de você. Com sorte você será abordado por pessoas realmente interessadas, que irão lhe fazer perguntas sobre documentação, sobre o estado geral do carro e por fim indagar algum desconto. Tenha margem na manga e poderá surgir uma boa oportunidade.

Outra dica é, depois de um tempo junto ao carro, tranca-lo e sair para passear e ver o que há no lugar. Talvez você encontre carros muito bacanas por preços interessantes. E para quem gosta de automóveis é uma oportunidade para ver de tudo. É um passeio de sábado pelo mundo dos carros. Carros novos, antigos, estranhos e raridades, tudo num só lugar.

Mas atenção, eu sempre fui firme na minha opinião com relação a carros que não são placa A. Não tenho nada contra os automóveis em si, que podem ser tão ou melhores em conservação do que os carros daqui, mas nas vendas eles não vão tão bem. E lá você encontrará uma infinidade de carros com placa começando com outra letra. Só para contextualizar, placa A é carro comprado na Paraná, cada estado possui os seus, M é Santa Catarina, I é Rio Grande do Sul, K Rio de Janeiro, C e D São Paulo e por aí vai. Se não for A ter que ser muito bom de preço!


Tem pessoas que não querem gastar nem os 20 reais e acabam parando o carro nas ruas em volta, o que acabou tornando-se um espaço à parte, cheio de carros à venda. Mas vá com calma, pois o Feirão é para garimpar, muitos dos carros que estão lá são negócio duvidoso (carros em mau estado, placas de fora, financiados, com passagem por leilão). Se você gostar de algum carro precisa levantar bem as informações, marcar de andar com o carro e levar em um mecânico de confiança.

Cautela é fundamental, não se empolgar, fora isso o Feirão é uma opção de lugar para vender, um canal extra, é também uma opção para comprar, desde que muito bem procurado e uma opção de passeio para um sábado de manhã qualquer em Curitiba!


Cada dia eu me convenço mais de que eu não sou uma pessoa normal, ou então me convenço de que apenas estou envelhecendo. Mas esse é o Rock n' Roll que eu estou mais escutando no momento!

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Guia do Antigo - Escort XR3

Até o ano de 2015 eu não tinha nenhuma impressão sobre a marca Ford. Tudo que eu conhecia era sobre as Belinas que eu tive o prazer de dirigir e o que lemos nas publicações especializadas. Mas além dos pequenos Kas que eu já tive este ano, um carro que eu sondava a muito tempo veio para fazer parte da minha lista. Esse carro é o Escort e o modelo é um XR3.


O Escort surgiu entre os anos de 1960 e 1970 na Europa. No Brasil ele foi apresentado em 1983 como um concorrente direto do Gol. Já em 1984/1985 foi apresentado em sua versão esportiva conhecida como XR3. Este por sua vez foi confrontado nas ruas pelo Gol GT e pelo Monza S/R. É claro que diante dos Golf GTi, e outros tantos de hoje em dia, esses carros não chamam tanta atenção. Mas em sua época eram sonhos de consumo.

O automóvel prata das fotos é um modelo 1987 com motor CHT 1.6 de 85cv. E explicarei agora o motivo dessa ter sido a minha escolha. Eu conheci o Escort através desse desenho (1987 a 1992). Portanto eu sempre procurei um modelo desse intervalo. A escolha pelo CHT é simples, ele é extremamente agradável de andar em baixas rotações e não é beberrão. As opções com motor AP da Volkswagen, além de gastarem demais, dão mais manutenção mecânica.


É lógico que não se compara em desempenho os XR3 AP e os CHT, mas aqui eu reforço que o meu carro é para o puro e simples prazer de dirigir um clássico esportivo dos anos 1980. É um carro de design agradável, suas marcas são os faróis auxiliares na grade dianteira, o aerofólio traseiro na cor preta e com certeza, o ponto alto da versão, é o belo teto solar de acionamento manual. Completam o conjunto as rodas de liga leve aro 15 exclusivas, os vidros e travas elétricos e os bancos esportivos.

As versões top do Escort ainda eram representadas pelo Ghia (ainda mais raro de encontrar e que podia trazer ar condicionado e direção hidráulica), o Guarujá com 4 portas, o XR3 Conversível e mais pra frente o RS. O Escort é um carro que mudou de categoria ao longo dos anos. Ele começou sua história como popular e ao ter sua versão renovada, a partir de 1992, virou um hatch médio. Sem contar suas variações sedan e SW, pós 1997. As versões Hobby são simpáticos sobreviventes da metade dos anos 1990, que levaram o desenho do 1987 até 1996.


Alguns pontos merecem atenção nos Escort do modelo citado. Sempre foram ruins de estabilidade e a suspensão sofria com gente que os forçava além dos limites, portanto, mesmo que não comprometa a utilização do carro, é bom usar com moderação em curvas e estradas muito esburacadas. O fato de ser carburado significa que exige uma manutenção periódica com limpeza em média a cada seis meses.

Não é um carro que tem apelo de raridade ou carro de colecionador. Na verdade é bem comum dar de cara com modelos baratos e mal conservados. Mas para quem quer um carro antigo e ainda está disposto a arriscar num carro diferente, eu digo que o prazer de dirigir vale a pena! Para modelos em bom estado seus preços variam de 7 a 9 mil, saltando para casa dos 20 mil nos conversíveis impecáveis e passando por 10 mil nos AP 2.0 da geração 1994/1995.


Este artigo é dedicado aos fãs de automóveis, mas que também precisam pensar no bolso.

E por fim, um pouco do acústico do Soul Asylum pra vocês!

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Guia do Antigo - Fusca

A lista dos automóveis de maior relevância na indústria, e na história da humanidade, não estaria completa se não incluísse o simpático e emblemático Fusca! É com certeza um dos veículos mais conhecidos do mundo, um símbolo de gerações e uma figurinha fácil de ser vista rodando até os dias de hoje. Sua história começou nos anos 1930 quando o homem que depois fundou a Porsche o projetou a pedido do ditador Adolf Hitler. No Brasil o Fusca desembarcou no início dos anos 1950 e foi comercializado ininterruptamente até 1986 e depois ressurgiu entre 1993 e 1996.


Hoje é possível comprar sua versão recriada, moderna (e cara), que virou um automóvel das categorias de luxo. Apenas uma forma de manter viva a sua história. Mas o texto de hoje se dedica ao bom e velho Fusquinha que está por aí, nas ruas e garagens de muita gente e que pode ser o primeiro passo para aqueles que gostam da cultura de um carro antigo. Os Fuscas podem ser divididos em diversos tipos de projetos. Desde o totalmente original, passando pelo carro com modificações leves para uso diário, até o totalmente equipado com acessórios e mecânica modernos.

Eu tive um Fusca 1974 e um 1981. O primeiro seguia a linha mais original, porém com algumas alterações na parte mecânica buscando melhorar o dia a dia com ele, tais como ignição eletrônica, alternador, filtro de ar seco e elevação da cilindrada de 1300 para 1500. Além de alguns detalhes estéticos como as rodas com calotas originais que foram alargadas para abrigar os belos pneus 205/50, mais largos que garantiam um visual mais agressivo. Completavam o visual a pintura laranja, os piscas e lanternas fumê e o adesivo VW personalizando o vidro traseiro.


O 1981 seguia uma linha muito parecida, mecanicamente ele era o 1300 original ainda equipado com dínamo para carregar a bateria, nesse caso era preciso manter a rotação mais alta para garantir que o pouco rodado já fosse suficiente para carregar o que o som gastava. As rodas eram de liga leve, ao estilo da época, aro 15, e os pneus 185/60. A pintura cinza dava um tom discreto, que o fazia passar quase despercebido, mas ainda assim quem gostava de Fusca sempre exibia o sorriso típico ao vê-lo passar.

Não há segredo nenhum em manter um Fusca. Lógico que eu não diria que é um carro que se pode ter como único automóvel da casa, pois eles simplesmente tem personalidade própria. Podem apresentar defeito a qualquer momento e sem avisar. O diferencial é que tudo num Fusca é simples de consertar. É o típico carro que se faz ao gosto do dono. Você pode usa-lo todos os dias para ir ao trabalho (como eu fazia com o cinza) ou apenas para passeios esporádicos. Dirigir um Fusca é uma experiência diferente, não é como dirigir um carro normal, Fusca é Fusca!


No mercado ele sempre terá seu lugar cativo, tanto para quem vende como para quem compra. Você não será valorizado por alguém que procura um carro "normal", mas certamente ele será mais valorizado do que muitos carros mais novos. Depende do estado de conservação e da forma como se negocia. Um veículo rodando, mas que não esteja impecável, pode custar de 5 a 7 mil reais. Há modelos mais baratos mas eu não aconselho, pois podem ter problemas de estrutura ou de motor cujos gastos não valerão a pena.

Carros em estado excepcional não tem um valor exato. Podem custar de 10 a 30 mil reais, dependendo do nível do carro, do ano, e principalmente, da necessidade do dono em vender o carro. Se você estiver no lugar certo e na hora certa pode comprar um carro por um valor extremamente interessante. Mas no caso do Fusca, como há muitos (muitos mesmo) disponíveis, a pesquisa e dedicação de um tempo para testar mais de um é fundamental. Cada carro é um carro, pois praticamente tudo pode ter sido alterado e você precisa conhecer o que irá comprar.


É o primeiro que me atrevo a colocar como Antigo no nome do guia. Espero que possa ser mais um artigo de leitura para fãs de carro e fãs do Fusca!

E sobre o vídeo, com um vocal que lembra muito os Bee Gees, pelos menos essa música, Eagles é uma das maiores bandas dos anos 1970! Aquele abraço!!!

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Guia do Usado - Fiat Uno

Vou ser sincero, conhecer mesmo eu só conheço bem os Unos mais velhos (1991 e 1997), mas como o carro foi praticamente o mesmo de 1984 até 2014 não destoa muito do que vou dizer. Atenção, eu estou falando do Fiat Uno original, não estou envolvendo o modelo lançado em 2011 como Novo Uno que na verdade é o Fiat Panda italiano adaptado ao mercado brasileiro. Hoje falamos do carro que só tem um defeito... ser um Uno!


É uma brincadeira que eu faço de toda vez que tive um, porque o Uno sempre teve fama de carro feio, pequeno, estranho, mas no fundo ele não tinha defeitos! Sempre foi um carro robusto, simples, econômico e que cumpre como poucos (talvez tão bem quanto o Fusca) o papel de ser um Carro! Manutenção barata, espaço interno justo, desempenho acima do esperado e agradável de dirigir. Sim, o bom e velho Uno é muito bom de conduzir!

Tendo praticamente o mesmo desenho básico nos seus 30 anos de produção, o famoso Mille (em algumas versões) nasceu como o substituto de outro sucesso de sua época. Quem não se lembra do Fiat 147? Pois é, eu nunca tive um, mas sei que ele carrega uma legião de fãs, e um número ainda maior de críticos, hehe. O pequeno Uno tivemos em duas ocasiões. Um 2 portas básicão 1991 e um SX 4 portas, com ótimos opcionais, 1997. E aí está um dos grandes destaques do Uno. Por um preço muito acessível você encontra ótimos 4 portas com vidros e travas elétricas.


Não adianta, se você costuma dar carona para mais de uma pessoa ou já tem um filho, carros com 4 portas fazem toda a diferença. Tornam a experiência de ir e vir muito mais prática e confortável. Quase que igual ao Ka, eu não indicaria o Uno como um carro para viagens, embora eu tenha feito algumas com o meu, inclusive da ordem de milhares de quilômetros. Mas, era o que tinha para o momento, eu não aconselho como um carro para a família, mas sim um carro para casais sem filhos, e acima de tudo, um carro para quem preza pelo valor do dinheiro.

Um ponto de destaque do Uno, pelo menos era muito no meu tempo, era o mercado. Vender um Uno sempre foi tarefa fácil. Mas hoje em dia com a enxurrada de modelos na sua categoria e com a busca crescente das pessoas pelos acessórios de conforto, os básicos já se tornam meio problemáticos. Portanto, já pensando no momento da venda, sempre escolha carros com 4 portas e no mínimo vidros e travas elétricas. Além de serem melhor no uso diário, isso lhe garante mais agilidade na hora de trocar. Mesmo que não seja mais moeda líquida, é melhor de vender do que um Clio.


É sério, não tenho nenhum defeito específico de Uno. Claro que já tive problemas com caixa, embreagem e injeção eletrônica (principalmente nos motores de um bico só), mas foram todos simples de resolver. Os carros com motor Fire (acima de 2000) são simplesmente fantásticos quando o assunto é mecânica. Nada de problemas mesmo! Na verdade as pessoas compram Uno quando precisam de um carro, e os vendem quando já podem comprar status.

Preços? Todos. Você vai encontrar Uno (falando apenas dos que estão em bom estado) 1990 por 4 mil e 2013 por 17 mil. O quadradinho encerrou suas atividades em 2014 devido a impossibilidade de instalar air bag e ABS, obrigatoriedade a partir de 2015. Se eu tenho que dar um conselho de primeiro carro para quem só procura um carro, sim, eu diria que o Uno é uma grande opção.


E pra fechar, um pouco dos clássicos de uma época em que o mundo parecia bem diferente! Aquele abraço!

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Guia do Usado - Ford Ka

Não vou chegar a chamar de sucesso, mas o guia da semana passada despertou bastante interesse, e como eu havia citado, pretendo continuar nessa linha por um tempo. Para hoje eu trago um automóvel que foi lançado no Brasil em 1997 e continua até hoje, três gerações depois, fazendo a cabeça de muita gente quando se trata de popular.


Lançado sob olhares muito curiosos, o Ford Ka chamou muita atenção na segunda metade dos anos 1990. Tanto que seu desenho básico em nada mudou por dez anos, até a chegada da reestilização mais complexa realizada em 2009. A minha história com o Ka começa justamente nesse modelo, o primeiro redesenhado. Adquiri um no início deste ano e vinha usando até algum tempo atrás.

Carro pequeno, é claro, mas ágil no trânsito e bem econômico. Na configuração flex do 1.0 8v fazia seus 12 ou 13 km/l na gasolina, número que diminuía um pouco no álcool, mas continuava interessante. Os pontos de destaque dessa versão, na minha opinião, eram o design e a abertura interna do porta malas, muito prático quando se chega em casa com as compras do supermercado.


Mas esse modelo tinha alguns problemas que só percebi quando conheci bem o antigo. O modelo novo (2009 a 2013) era maior e mais pesado que o antigo, o que me faz dizer que a direção hidráulica nesse caso faz bastante falta. O ar condicionado nem tanto, pois com metade das janelas abertas a ventilação interna é muito boa, e na essência o Ka não é indicado para viagens longas (embora o branco da foto abaixo tenha ido até Buenos Aires nas mãos de um amigo meio pirado).

A minha grande surpresa foi quando caiu na minha mão um modelo 2007. Mesma configuração e mesma cor do 2009, vidros e travas, limpador e desembaçador traseiro e nada mais! O carrinho na sua versão quase inicial, pois o desenho é basicamente o mesmo do primeiro, surpreende com a desenvoltura no transito, a maciez ao volante (mesmo não tendo DH) e a potência do motorzinho, que não faz feio no trânsito. Claro que todo carro depende mais do estilo de direção do motorista do que tanto do motor, mas o Kazinho original merece destaque sim.


Um problema a se considerar é o sistema de ar quente. As mangueiras que levam a água quente para os dutos internos costumam apodrecer com certa facilidade, e muitos proprietários apenas isolam o sistema, deixando o carro sem ar quente. Portanto ao comprar um usado questione esse detalhe e barganhe um desconto caso esteja sem o sistema.

De 1997 a 2002 é fácil achar um Ka por menos de 10 mil. Entre 2003 e 2008 na casa dos 12 mil (melhor custo-benefício na minha opinião) e acima de 2009 já salta pra cerca de 15 mil os mais simples, chegando a 20 num modelo 2012 completo. A vantagem dos últimos modelos está no status de carro mais novo, e a dica é procurar um carro com direção hidráulica. Mas pra quem procura um simples carro para ir e vir ou ainda um segundo carro para uso esporádico, o 2003 a 2007/8 é uma opção a ser considerada.


Ainda estou pensando sobre qual modelo continuar o guia, mas críticas e sugestões serão sempre bem vindas. Abraços!

E o vídeo, apenas mais uma das minhas...

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Guia do Usado - Renault Clio

Não chega a ser uma mudança radical de foco, mas o texto de hoje é dedicado e direcionado a auxiliar pessoas que buscam informações sobre determinados automóveis. Pretendo fazer algo no estilo "impressões ao dirigir", mas voltado aqueles dados que podem ser úteis para quem busca um carro usado. Meu ramo de atuação sempre foi o de automóveis abaixo de R$ 20.000,00. E por isso falo hoje de um dos meus modelos preferidos. O Renault Clio.


Já tive três desses franceses em casa, o primeiro veio meio que por acaso e acabou rapidamente ocupando o lugar carro oficial da família. Era um hatch authentique vermelho. Carro simples, modelo 1.0, mas bem equipado, só não tinha direção hidráulica (que depois acabou fazendo falta). Depois comprei um sedan expression preto, esse não tinha o ar condicionado (que também fez falta), e por último, mas não menos importante, o atual que é um sedan privilege prata.

Vamos falar sobre o que todos tinham em comum. O motor 1.0 16v Flex. Até hoje reconhecido como o motor mais econômico do mercado nacional (com exceção dos híbridos), chega a fazer médias superiores à 14 km/l na cidade (não são dados momentâneos e nem história de dono, é média mesmo!). Manutenção extremamente barata e raramente dão problemas, desde que as condições de uso sejam normais e as trocas de óleo feitas no prazo. Os meus sempre tiveram o péssimo hábito de virem com a embreagem meio desgastada, mas nada que prejudique o uso. Se for ficar com o carro vale a pena a troca.


O que me chama atenção nesses carrinhos que custam em torno de 15/16 mil reais na geração que vai de 2006 até 2009 é o nível de equipamentos. O prata, por exemplo, é um top de linha, tem ar condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, rodas de liga leve, farol de neblina e som com comando no volante. Coisa que muito carro novo não têm. São extremamente confortáveis e ótimos na cidade. Já na estrada é bom tomar certo cuidado em ultrapassagens, como em qualquer 1.0.

Outras características que chamam atenção na minha opinião são o design, que embora esteja quase saindo de linha, é um projeto bem moderno e agradável. No caso do sedan, o porta malas, com capacidade de 500 litros, divide com o Logan o posto de maior da categoria. Fora o acabamento (que nas versões expression e acima) são bem requintados se comparados aos demais.


Comparando com as opções mais próximas do mercado, nós temos dois grupos muito distintos. De um lado Gol e Palio, projetos bem mais pobres nessa faixa de preço, que são ótimos carros para o dia a dia e tem um mercado muito mais consolidado, mas raramente vem tão bem equipados, ou quando o são, são caros demais. De outro lado os famosos 206 da peugeot. Eu particularmente nunca tive um, mas a manutenção é mais cara e têm fama de quebrarem mais. Além de ter uma desvalorização ainda maior que o Clio.

Por fim, não posso dizer se é totalmente melhor ou pior que outro modelo, mas na opinião de dono, o Renault Clio merece o posto de melhor carro 1.0 que já tive e também o melhor custo-benefício para um carro até R$ 17.000,00, cujo quesito economia pese bastante na escolha do consumidor.

Lembrando que é um texto voltado à pessoas que pensam em comprar um carro na faixa dos 15 mil reais. Com certeza pelo dobro desse valor qualquer carro tem que ser melhor que um Clio!

Dúvidas ou sugestões de modelos, deixe um comentário! No próximo texto eu pretendo falar um pouco sobre as diferenças entre os modelos Ford Ka de 2007 e 2009.


E pra fechar, Gov't Mule!

terça-feira, 22 de setembro de 2015

O que é Padrão de Vida?

Na definição mais simples para um economista, o padrão de vida é o conjunto de hábitos de consumo e manutenção do lar, no qual você consegue suprir as necessidades básicas de alimentação, vestuário, lazer e ainda conta com um extra para investir ou poupar. O padrão é viver bem, independente de sua faixa salarial, e conseguir constituir uma reserva. Se os conceitos apresentados parecem meio absurdos para quem lê é porque em algum momento essa pessoa passou a viver fora do seu padrão.


Já o conceito de viver bem é muito mais relativo. Mas vamos falar, de maneiras gerais, o que faz com que uma pessoa possa ter prazer ao estar vivo. Ter um emprego, um lugar para morar, alimentar-se de maneira adequada, gozar de boa saúde e ainda poder relaxar programando momentos de lazer com a família. Com algum esforço e decisões acertadas, poder economizar onde se deve, e guardar dinheiro para realização de pequenos sonhos como a reforma da casa, trocar de carro, uma viagem.

Ao analisar assim pontualmente parece até fácil. E é! O problema da maioria das famílias é teimar em viver fora do seu padrão de vida. Com impulsos de consumo, dívidas e financiamentos que começaram muito antes da economia entrar em situação difícil, o que se vê por aí é uma série de pessoas fazendo contas e mais contas de como organizar sua vida financeira. O prazer momentâneo dura muito pouco e o que sobra depois é a conta para pagar, normalmente em parcelas longas e suadas.


Vou dar um exemplo bem pontual. Todos sabem que eu gosto de comprar e vender carros, e uma situação das que mais tem aparecido é a de pessoas tentando se livrar de seus pesados financiamentos para assumir um automóvel mais barato e antigo. Ou seja, sem nenhuma dúvida, o padrão dessas pessoas seria estar andando de 1.0 assim como eu. Mas no momento em que a "oportunidade" apareceu, 900 reais de parcela parecia caber tranquilamente no bolso.

Hoje uma massa de pessoas com a corda no pescoço tenta vender carros que um dia valeram mais de 40 mil, por 25 mil ou menos, só para se livrar de uma dívida que agora ficou pesada demais. Planejar um financiamento de mais de 5 anos é um tanto quanto arriscado. Uma dica que poderia fazer muita gente pensar duas vezes é pegar o valor da parcela e multiplicar pelo número de meses. Normalmente a conta é tão absurda que assusta. Mas infelizmente a nossa sociedade é formada por consumidores que não tem medo de nada...


Viver acima do padrão é fácil em tempos de abundância. Mas são os mesmos que sentirão mais forte os tempos difíceis. Eu ainda acredito na justiça das negociações, não é preciso tirar o sangue dos outros pra sentir que fez um bom negócio. As oportunidades estão aí para serem pensadas e aproveitadas. Mas não todas de uma única vez!

No ensaio, minha homenagem particular às Ford F1000! E no vídeo, um clássico do INXS!


É isso aí galera!

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Quanto mais perdido, maior o tombo.

Ainda que a insatisfação ronde os lares dos cidadão brasileiros, das mais diversas classes sociais, estamos vivendo um momento de colocar os pés no chão e esfriar a cabeça. Já sabemos que uma parte da crise atual (só não temos clara percepção do tamanho), foi sim causada por uma negligência do governo em saber lidar com algumas situações. E dentre elas pode-se colocar o tamanho do custo-corrupção. Sim, talvez essa doença do mundo financeiro deva mesmo constar nos modelos econômicos. O problema é que todos sabem que ela existe, mas ninguém quer admitir.


Mas ainda assim, há setores da sociedade e grupos políticos que estão rindo à toa. E não falo só da turma do "quanto pior, melhor", mas falo de corporações que estão lucrando como nunca e interesses maiores que nunca se abalam. Nós, meros cidadãos, precisamos entender que vivemos num mundo onde as pessoas se importam consigo e com as suas coisas. Ninguém está disposto a perder por um bem maior. Nem o governo, nem a oposição, nem os empresários e nem o povo. Mas qual você acha que é o mais fraco de todos?

A crise econômica, dentre muitas outras definições, é o momento em que o povo deixa de consumir por não estar seguro dos recursos que tem, e isso acarreta em excesso de oferta, que por teoria deveria derrubar preços. Mas o engraçado é que as crises modernas não são mais assim. Agora a moda é demitir empregados, aumentar os preços e minimizar os impactos no seu padrão de vida.


Um olhar mais atento nas ruas vai mostrar que há algo errado quando nos referimos a padrão de vida. Quantas Mercedes ou BMWs você já viu hoje? Quantos SUVs que custam centenas de milhares de reais? E não precisamos ir tão longe. Na sua rua mesmo, não há alguns carros novos que custam mais de 50 mil? Se as pessoas ainda podem comprar esses carros, porque então estão reclamando? Sim, as vendas de automóveis 0 km caíram nos últimos tempos, mas os dados do setor mostram que o mercado de carros de luxo vai muito bem.

Será que não há empresários que fizeram uma boa riqueza nos tempos de alto consumo, que agora tiveram que demitir algumas pessoas, mas que no fundo não estão sentindo absolutamente nada dessa tal crise? Infelizmente o saldo atual é muito claro. A classe alta mal sofre efeitos de alta nos preços, pois tudo que eles consomem já custa caro. Enquanto a classe baixa continua preocupada em se manter viva, portanto os efeitos são sempre num universo controlado.


E a classe média? Aquela tão injustiçada? O problema dessa classe é não saber qual é o seu lugar no mundo. Se o salário aumentou hoje, eu já fui me endividar e comprar um carro novo. Quando o salário caiu de novo, eu deixei de pagar e o banco tomou meu carro. Mas eu andava de Golf, não posso deixar o mundo saber que perdi o carro. Então eu fui à uma loja de usados, com uma taxa de juros muito mais absurda, e agora ando de Focus seminovo. E seguindo essa linha, a classe média vai para um buraco mais fundo a cada soluço da economia.

No ensaio da semana, alguns sedas bem legais dos anos 1990 (Volvo 850, Alfa 164 e Mitsu Galant).
E no vídeo, uma clássica dos anos 1980!


Aquele abraço!!!

sábado, 15 de agosto de 2015

O otário é você!

Hoje eu quero falar pra todas as pessoas que compraram, trocaram ou ganharam um carro em algum momento na vida! A verdade é que vivemos no país do benefício, do jeitinho, das condições especiais. E quem paga por isso não é nada menos do que todo mundo que não foi o premiado daquele momento.


Você já deve ter ouvido falar naquele desconto especial para CNPJ, ou no desconto para produtor rural, fora aqueles descontos que você nem imagina que existam. Sim, toda loja de automóveis zero km tem uma "cota" de carros que podem ser vendidos com desconto que pode ultrapassar até 30% do preço do automóvel. E não pense que essa diferença sai do lucro do lojista ou da marca. Essa diferença sai mesmo é do governo, um imposto a menos aqui, uma alíquota zerada ali, e lá está um carro de 40 mil saindo por 30.

Mas e como fazer para conseguir essas mamatas? Basta ter um CNPJ ou ser produtor rural? Muito menos do que isso! Vai me dizer que você não conhece ninguém que tenha aquele CNPJ esperto para te emprestar? Ou que você não tem um parente que mora em Campo Largo, Magro ou qualquer campo que você possa dizer que o cara planta uns tomates?


E não é de hoje essas táticas rondam a nossa sociedade. Mas não estou contra as pessoas que o fazem de maneira correta, e sim contra os oportunistas e "bem" intencionados que existem por aí. Portanto, da próxima vez que você for comprar um carro de 40 mil e pagar 60 com os juros do financiamento, não se sinta nada menos do que um verdadeiro otário!

O pior de tudo é que se você for uma pessoa honesta e cair a oportunidade na mão, você simplesmente não irá sentir-se bem com o que está fazendo e isso irá lhe incomodar. Já disse que não gosto de ser chamado de picareta. Pois quando eu compro um carro eu sou totalmente transparente quanto ao valor máximo que posso pagar, considerando que muitas vezes estou comprando para ajudar o dono e não porque meu sonho era comprar um Ford Ka!


A regra básica do mercado de automóveis é nunca pagar mais do que o mínimo que o desesperado vai aceitar e nunca vender com um lucro que não te agrade, mas agrade muito. Como eu não faço isso sou obrigado muitas vezes a amargar alguns prejuízos em nome da diversão e da amizade.

Mas eu não me importo, enquanto for possível ser honesto e transparente eu vou continuar tentando!

No ensaio da semana, algumas versões VW: a nova perua Golf Variant, e outros menos conhecidos, como o Passat Alemão na carroceria notchback e um Golf conversível dos anos 2000. E no vídeo, um pouco do mestre Eric Clapton pra vocês.


Muito obrigado!

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Apenas mais uma sobre a crise...

Das milhares de teorias que cercam o momento atual da economia brasileira, uma das minhas preferidas é que o desespero das pessoas é inverso às suas ações. É lógico que vivemos um momento difícil, na política as coisas vão de mal a pior, a inflação supera a casa dos 10%, a taxa de juros já está alta o suficiente sem refletir o efeito esperado, desemprego, baixo investimento, tudo isso é muito real. Mas será que a crise afeta a todos de forma igual? Será que alguns setores não estão comemorando?


Já disse isso algumas vezes e repito, crise é um efeito cíclico, ela vem de décadas em décadas, normalmente depois de um período de muito consumo ou muito investimento. Basta lembrar o que aconteceu com a economia depois do regime militar, período em que o Brasil passou por grandes mudanças em sua infra-estrutura e industria. No final dos anos 1990 também houve uma leva de novas fábricas de automóveis se instalando no Brasil, e as vendas de carros novos disparou no início dos anos 2000 a nível nunca vistos. Mas a política de financiamentos a perder de vista definitivamente não combina com uma população que troca de carro a cada dois anos. É uma grande torneira que nunca se fecha no orçamento das famílias.

Mas eu posso ser sincero? Não os pequenos empreendedores, os micro-empresários, esses estão sentindo crise pois também dependem de quem está acima. Mas as grandes corporações, grandes organizações e sobretudo os políticos, esses estão rindo à toa toda vez que pagamos 3,40 pelo litro da gasolina e toda vez que vamos a um supermercado e vemos a mesma marquinha que termina em boi no açougue todo. Como se não bastasse, uma parcela significativa da população subiu na vida sim e não aceita descer do salto. Se há produtos "gourmet" no mercado é porque há quem pague por eles!


E agora eu falo também do pequeno empreendedor. No momento em que a economia ia bem e o consumo era alto, o empresário trocou seu Vectra por uma BMW, e agora que a situação está feia ele demite dez funcionários pra não vender o carro. Há muitos setores que trabalham com uma margem de lucro absurda pelo simples fato de que não sabem mais viver com menos. É lógico que há casos e casos, mas a realidade que descrevi existe. Mesmo que tantos outros trabalhem no aperto e estejam vivendo a crise.

Um dos problemas do brasileiro não é a crise, mas é não saber lidar com ela. Pequenas atitudes no dia a dia podem representar pequenas economias, pequenas que valem muito. Mas o problema é que as pessoas não parecem dispostas a se planejar, não parecem dispostas a pensar no futuro. Aliás, como eu dizia nos meus primeiros textos, a reserva de emergência é um grande aliado para momentos de crise. Eu falava isso muito antes da tormenta. E não porque eu queria que ela viesse, mas porque eu sabia que existia essa possibilidade.


Pois bem, estamos vivendo a crise, estamos no meio dela, e agora, o que fazer? Minha dica é: se você está empregado, agradeça e comece a pensar em formas de economizar um pouco, seja para quitar dívidas ou para investir na reserva; se você é empreendedor, o momento é de ideias inovadoras, por que não oferecer algo que as pessoas estão deixando de lado a um custo que as atraia novamente? O luxo e o gourmet cobram seu preço, se você não está disposto a abrir mão de algumas coisas é porque você não está sendo impactado pelo momento.

No ensaio, a BMW X5 que o empresário comprou e o Vectra que ele tinha antes, além de uma forma bem divertida de gastar algo entre 10 e 15 mil reais e ter um carro exclusivo e prazeroso de dirigr, um Passat TS 1977. E no vídeo, apenas mais uma de rock n' roll...


Muito obrigado e até a próxima!

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Não adianta dar dinheiro a quem não sabe gastar.

A notícia econômica do momento é a medida provisória que autoriza o aumento da margem consignável dos trabalhadores, de 30 para 35%. Ok, e o que significa isso? Até o momento atual, se uma pessoa ganhasse 1000 reais ela poderia comprometer até 300 numa parcela de consignado (modalidade de empréstimo de baixo risco, pois as parcelas são descontadas na folha de pagamento), a mudança faz com que agora a mesma pessoa possa aumentar isso para 350 reais. É mais crédito pré-aprovado a juros mais baixos.


O que para alguns pode significar uma boa oportunidade de liquidar outras dívidas (cartão de crédito, por exemplo) de juro maior por uma de juro mais aliviado, e assim poder se organizar para que no médio ou longo prazo as dívidas acabem; para outros é totalmente o inverso. Há pessoas que possuem a cultura de emprestar todo o dinheiro que lhe oferecem. Um movimento que será percebido nas agências bancárias em breve é a leva de pessoas querendo renovar seus empréstimos atuais com o troco referente à nova margem.

Por que isso está errado? A cultura consumista e da propaganda tendem a impor à sociedade que, se você não tem você está abaixo dos outros. O ego de possuir o telefone mais moderno, a roupa de marca, o carro do ano, é o grande motivador para contrair empréstimos desnecessários. A inversão do modo de consumo é uma das grandes características dos últimos 10 ou 15 anos. Antigamente as pessoas tinham dinheiro e compravam coisas, hoje em dia as pessoas compram e depois vão avaliar se poderão pagar.


A oportunidade imperdível que antes era algo que pouca gente conhecia, exigia muita pesquisa e uma dose de sorte; hoje em dia está estampada na cara de todos, inclusive quando você não procura. Você sabia que o Facebook possui uma base com as pessoas que usaram o aplicativo de colorir a foto do perfil, com o claro objetivo de cruzar com opções de busca e em breve começar a vender espaço publicitário nas linhas do tempo das pessoas? Para quem acha que algo não é movido pelo dinheiro, vale a pena repensar e analisar.

E para não dizer que eu não avalio outras variáveis, há uma justificativa de pessoas que se endividam que está voltada para o conceito de qualidade de vida, pessoas compram hoje e pagam amanhã (ou depois), pelo simples fato de acharem que amanhã o mundo pode acabar e eu não aproveitei tudo. Qual é o erro desse pensamento? A economia é cíclica, a crise que vivemos hoje estava anunciada desde a última era de prosperidade, e sempre vai ser assim. Portanto, ter controle e reservas é fundamental.


E ainda digo mais, o conceito de aproveitar é muito relativo. Com esforço, dedicação, empenho e inteligência, todas as pessoas podem comprar e consumir sem se enfiar em dívidas. A diferença é que quanto mais inteligente, menos você cai nas armadilhas da publicidade e de menos você precisa para considerar que está aproveitando...

No ensaio da semana, um Lexus ES300, um Chrysler 300M e uma Mercedes Classe C, uma pequena amostra de importados luxuosos dos anos 1990. E no vídeo, nada menos que um bom clássico do Whitesnake!


Economia, Carros e Rock N' Roll!!!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Popularidade não é termômetro de felicidade.

Eis que a vida vêm e te enche de compromissos, coisas que você assume com o maior amor do mundo, coisas que você assume com boa vontade e coisas que você assume porque caíram no seu colo ou vieram de brinde nas tuas decisões. Porque cada ação gera uma reação. Dia após dia, mesmo que o sol não esteja brilhando, lá está ele, o motivo pelo qual você levanta todos os dias e se prepara para mais um dia.


Às vezes só é difícil fazer alguém entender que você não controla os fatores externos, que a sua mente não é capaz de fazer o carro vir te buscar quando começa a chover, ou que talvez você não seja a única pessoa que se irrita com facilidade. Quais são as regras da vida? Aquelas que você define na sua mente para deixar o seu dia perfeito são aquelas que só você respeita. E talvez o outro não perceba, não entenda, ou não colabore, pelo simples fato de não saber.

Os hábitos de consumo mudaram, os hábitos de comunicação também, por incrível que pareça já teve gente me sugerindo migrar para a plataforma de vídeo. Mas até que ponto deixaremos de exercitar nosso ato de ler em prol da comodidade? Eu penso que tirar uns minutos para leitura (ainda que seja na tela do computador) te obriga a ter foco e concentração. Eu sei que me acompanhar não é para qualquer um, mas o reconhecimento de ter lhe feito pensar uma única vez já me faz ter força suficiente para seguir em frente.


Ao mesmo tempo que eu olho para os lados e não vejo ninguém, eu sei que nunca estarei sozinho. Se sinto saudades do reggae da beira do mar? Talvez, mas a saudade não é da situação, mas sim da sensação. Sensação que se manifestava algumas vezes até ao volante do velho Voyage, aquela que só eu saberia explicar e com certeza ninguém entenderia. Mas se ninguém entenderia para que ela serve? Justamente para provar que popularidade não é termômetro de felicidade.

Às vezes o que você precisa é estar sentado na mesa de rua daquele boteco da fronteira; é estar naquele deck de frente para o mar com a cerveja gelada e a areia quente. Às vezes você precisa sentir na pele o poder do V8 turbinado, mesmo que você não tenha condições de tê-lo para você. E acima de tudo aprender, aprender coisas novas todos os dias, aprender o valor dos sorrisos e abraços de uma criança.


Eis que a vida vêm e te enche de compromissos, coisas sem as quais você talvez não desse valor ao simples fato de cumprir com todos eles...


Muito obrigado, seja você quem for...

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Por um mundo com menos intolerância e mais amor!

O período pré-eleitoral de 2014 foi um marco para a história do Brasil, dos brasileiros e das redes sociais no país. Mas engana-se quem pensa que foi por causa do resultado das eleições. Foi na segunda metade de 2014 que as pessoas começaram a perceber (ou esquecer) que liberdade de expressão não pode ser confundida com guerra declarada de ideologias. Da noite para o dia as pessoas passaram a disseminar mensagens de apoio às suas ideias, mas sempre acompanhadas de repúdio, ódio e ofensa direta a qualquer um que não concorde com o que elas estavam dizendo.


Começou então a onda de briga de curtidas e compartilhamentos, todo mundo virou "formador" de opinião, e todos acharam que poderiam dizer qualquer coisa sem levar em consideração o público que vai ler. Nessa época também as pessoas perceberam o quanto a internet pode ser ruim. Se você não ofendeu ninguém, você pode ter perdido amigos (virtuais) pelo simples fato de que ficou quieto. Confesso que eu também errei nessa época, e fiz questão de tentar me redimir num post que ficou bem popular. Acredito ter feito a coisa certa.

Pois bem, a eleição passou, o Brasil vai bem mal, obrigado, e a ira das pessoas não se acalmou. Pelo contrário, a percepção de que o mundo precisa saber o que penso só se agrava a cada dia. Numa mesma semana nós assistimos pessoas se ofendendo porque alguém lamentou a morte de um cantor sertanejo, pessoas coloriram suas fotos em apoio a uma causa (alguns infelizmente fizeram só para aparecer, e isso é um fato), e outras pessoas começaram a criticar com apelo divino (não, não religioso, apelaram a Deus mesmo) ou então a causas diferentes! Sim, diferentes. O que a fome tem a ver com a homofobia? Nada.


Sei que posso estar, sem querer, apenas colaborando para um dos lados da história, mas de uma coisa eu tenho certeza. Deus é para todos, então a religião não pode ser usada como desculpa para criticar ninguém. Se você acredita fielmente que o outro está errado e que ele não se salvará. Paciência, você sempre fez a sua parte ao fazer o bem ao próximo, seja ele quem for. Quer dizer, você faz o bem ao próximo, não faz?

Ao disseminarmos a nossa opinião de forma ácida e ofensiva, estamos apenas nos tornando aquilo que não queremos, estamos transformando o mundo naquele que não queremos deixar para nossos filhos. Lembro dos documentários que assisti há anos atrás, que salientavam como o Brasil era um país acolhedor, onde todas as diferenças conviviam em paz. O que aconteceu com o país da tolerância? Do bom senso? Por que nos deixamos virar esse mar de provocações, ofensas e ódio?


Será que alguém vai ler este texto? Será que alguém vai entender ou só receberei criticas mentais de corações cheios de amargor? Será que é tão difícil viver a vida sem ter a necessidade de mostrar que está certo?

Se você pensou um pouco e encontrou algo para refletir, eu agradeço, mas ainda assim sei que muitos só vão voltar para a rede social e pensar na próxima forma de ofender outras pessoas...

E para quem gosta de uma legenda eu vou explicar as fotos: Um símbolo religioso não significa que estamos adorando uma estátua; uma ponte pode ser muito mais do que a ligação entre dois lados; e o diferente, o estrangeiro, aquele que muitas vezes você ofende (também) com suas postagens, pode lhe atender todos os dias e estar bem mais próximo do que você imagina.