segunda-feira, 3 de julho de 2017

Guia do Antigo - Lada

A Alemanha teve o Fusca, nos Estados Unidos foi o Ford T, na Italia o Fiat 500 e na França o Citroen 2CV. Muitos países tiveram o seu carro popular que mudou a história e ajudou a motorizar a população. Aqui no Brasil esse papel também foi creditado ao pequeno Volkswagen, mas quase 40 anos depois do Fusca motorizar o povo, com a liberação das importações aos automóveis, começamos a receber muitas opções de peso e algumas bem originais. Entre elas o veículo mais popular da Russia. Sim, os Lada estavam entre nós.


Apresentados ao público nacional em 1990, os russos tinham uma estratégia muito bem definida, pautada na resistência, baixo custo e funcionalidade. Resistentes pelo simples fato de sobreviverem na Russia, funcionais porque eram pensados para serem práticos, e baixo custo porque eram baratos. Bom, digamos que tradição e beleza não eram os argumentos de venda adequados, então eles precisavam de algo. Arrisco dizer que sua presença nas ruas foi mais significativa do que alguns chineses de hoje em dia.

Enfim, já vamos deixar claro que o texto de hoje não fala sobre o Niva, disparado o Lada mais popular por aqui, e justamente por isso ele merece um texto só dele. Tentaremos nos concentrar nos outros modelos da linha, como o Laika sedan, o Laika SW e o pequeno Samara. Ambos são muito raros de ver hoje em dia, mas são justamente os automóveis que deram a cara da marca no início dos anos 1990. Os Niva fizeram e fazem até hoje a alegria dos jipeiros mais descolados.


Dotados de um motor 1.5, os velhos Lada tem fama de não serem de difícil manutenção, por mais incrível que pareça falar isso. Talvez porque a Lada sempre foi uma fábrica acostumada a parcerias com grandes montadores ocidentais, muitas peças podem ser encontrados no mercado paralelo sem nenhum problema. O bicho pega mesmo na questão funilaria, que é sempre mais específica. Começando pelo hatch Samara, é um dos mais difíceis de achar e era a opção hatch que queria competir com os clássicos Uno e Gol quadrado.

Já a família composta por sedan e perua, os Laika, eram funcionais e bons concorrentes à Chevette, Ipanema e outras tantas duplas dessa configuração. Hoje em dia é tido com um carro extremamente simpático, e apesar de não ser um clássico, ele consegue juntar admiradores e com certeza desperta a atenção de qualquer fã de carros. De linhas quadradas e retas, sua frente lembra, com algum exercício de imaginação, os antigos Volvo.


A Lada é um símbolo da histórica liberação das importações, promovida por Fernando Collor. Para muitos é a primeira lembrança do que seria um "carro importado". Termo que hoje em dia já está tão difuso, uma vez que tem Land Rover e BMW fabricados aqui e muitas vezes compramos Clio "nacional" que fora montado na Argentina. Os Lada com certeza são hoje peça da história de um jeito que é muito improvável que os primeiros Chery QQ sejam tratados daqui há alguns anos.

Em oferta, naquelas lojas de periferia, da periferia, de alguma cidade da região metropolitana, é possível encontrar um Lada (que ligue, porque andar já é querer demais) por R$ 3.500 reais. O problema é que hoje em dia não existe mais o velho, só o antigo e clássico. Então você vai encontrar carro em bom estado acima de R$ 10 mil. Isso acaba sufocando o mercado, pois o carro não vale isso, por esse valor é mais interessante comprar um Fiat 147 impecável. Mas, acho que vale o texto e principalmente a história.


E nos modelos, os três citados, Laika sedan, SW e Samara. Aquele abraço!

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