sábado, 24 de setembro de 2011

Produtos Globais, Mercados Regionais.

Você já parou para se perguntar por que algo parece tão bom e tão indicado para algum lugar, mas quando chega simplesmente não decola? Alguns produtos como cerveja, carros ou até mesmo bandas (sim, muitas bandas são apenas produtos) fazem um tremendo sucesso em determinados lugares, mas quando são lançados em outros mercados, alguns acabam sendo um tremendo fracasso. Ou então não chegam a ir e você fica se perguntando como não pensaram nisso.

O fato é que cada mercado é formado por um perfil muito específico de consumidores e os lançamentos são sempre baseados em pesquisas, muitas das quais você já deve ter participado sem saber. E isso vale para tudo, desde o lançamento de um carro, o lugar mais estratégico para a implantação de uma fábrica, ou um novo saber de refrigerante e que marca usar nele. A indústria da pesquisa de mercado é algo muito interessante. As pessoas dizem sem saber, o que esperam, pelo que pagariam mais ou até mesmo revelam que pagariam mais ainda.

Mas só assim não tem muita graça né? Vamos aos exemplos:
Entre 2004 e 2005 eu participei ativamente de um grupo de pesquisas que avaliava a viabilidade de pedagiar algumas estradas brasileiras e qual a melhor forma de fazê-lo. Se você costumava trafegar entre São Paulo, Curitiba e Lages (SC) pela BR116; ou ainda fazia o percurso da capital paranaense até Florianópolis pela BR101, com alguma frequência, há uma possibilidade grande que você tenha sido abordado pela nosa equipe. Conclusão, hoje você paga pedágio (barato, mas paga) para ir a praticamente qualquer lugar fora do estado.

O que isso tem a ver com produtos e mercados? O fato de que os custos com logística incluem pedágio, bem como a manutenção dos meios de transporte no caso de estradas mal pavimentadas.

Como acabo de passar por Foz do Iguaçu e Rio de Janeiro ficou fácil achar alguns exemplos envolvendo esses mercados, vamos lá.

Na região de fronteira, entre o Paraguai e Argentina, vende-se muita Budweiser, marca americana muito famosa que atualmente pertence ao portifólio da nossa Ambev e é fabricada na Argentina. É o cúmulo o quanto essa cerveja é popular por lá, chegando a garrafa de 1 litro (vendida em Curitiba à 7 reais) a custar apenas 3 reais, 18 reais uma caixa com 6 unidades! Aliás, descobri que Curitiba é uma das poucas cidades onde ela é vendida no Brasil, talvez pela proximidade com o país onde é fabricada. Recentemente foi noticiado que a Ambev irá lançar "oficialmente" a Bud no Brasil. Enquanto estava no Rio pude ver alguns anúncios contendo apenas a logo e uma frase em inglês que dizia "os bons tempos estão voltando".
Vamos generalizar, uma Skol custa em torno de 1 real a lata, é a cerveja mais pop do Brasil. Uma Bohemia custa algo em torno de 1,50, na minha opinião é a melhor cerveja de produção em larga escala do Brasil. Uma Heineken, uns 2 reais, é minha cerveja preferia por causa do sabor forte, marcante e inconfundível. A Budweiser deve custar no resto do Brasil o mesmo que custa em Curitiba, cerca de 2,50 a lata, o objetivo é simples, torná-la um produto de nicho, cerveja de balada.

Mudando um pouco de assunto, outra percepção que tive é que o carro do carioca precisa ter o que? Ar condicionado. Mas lá, assim como em todos os lugares, quem está consumindo muito carro é a classe C. A que conclusão chegamos? Cherry QQ, um a cada esquina, para quem está acostumado a ver alguns perdidos em Curitiba (cidade onde as pessoas se preocupam muito com a imagem) iria se surpreender com a quantidade de QQ's de lá. E é aí que você vê a diferença dos mercados, aqui o Smart é figura carimbada.
Enfim, produtos globais como Budweiser e Cherry QQ estão extremamente sujeitos aos gostos e opiniões dos mercados regionais onde irão se inserir, e estes são apenas dois pequenos exemplos, mas com diversos produtos é assim que funciona.

Um post simples, falando sobre um assunto simples, sem muitas novidades mas de leitura fácil e trazendo cases bem dia a dia. Pelo menos a intenção era essa.

Música? Estou ouvindo Best Ballads do Nazareth, depois de ter largado o que estava escrevendo no meio para levar a cachorrinha da minha mãe no veterinário. Ela ainda precisa de mais uma injeção, mas ficará bem. Abraços!

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