A velha senhora, esse é um dos codinomes que eu mais gosto para ela. Tal qual o Fusca, ela é dona de uma categoria exclusiva, visto que não se encaixa em nenhum outro padrão de automóvel. Podem chamar de van, furgão, perua, mas na verdade ela não é nada disso. Eu resolvi me arriscar a escrever porque vivi grandes histórias a bordo do veículo nacional que permaneceu mais tempo ininterrupto em produção. Não chega a ser um guia sobre modelo, mas um relato sobre a história. Todo mundo tem uma boa história com a Kombi!
Ela nasceu nos anos 1930/40, derivada (é claro) do Fusca, e inaugurou a indústria de automóveis no Brasil em 1957. Tendo sua linha de montagem operado até 2013, ano em que se aposentou devido a inviabilidade de se adequar à obrigatoriedade de ABS e Air Bag nos veículos 0 km. O clássico modelo corujinha foi produzido até 1975, passou por um modelo exclusivamente nacional até 1996, tendo uma terceira "geração" em 1997 com teto mais alto e porta traseira de correr, até a última mudança em 2005 ao adotar o motor 1.4 flex no lugar do lendário a ar.
A minha história com a Kombi começa lá no meio dos anos 1980, quando com um modelo corujinha branca e bordô nós íamos visitar os parentes no sítio da família do meu pai. Cruzar riachos, passar porteiras, eventualmente atolar a Kombi, tudo isso fazia parte das aventuras. Eu lembro que a Kombi era uma casa móvel, não tenho ideia de quantas pessoas cabiam lá dentro, só sei que parecia uma grande festa. Eu nem imaginava que minha vida adulta também seria marcada por ela.
Em 2002/2003 eu havia acabado de entrar na faculdade e não estava trabalhando. Eis que um amigo da família, dono de uma estofaria, me deu uma chance que mudou a minha vida e minha relação com os carros. Passei a trabalhar como motorista, fazendo entregas, compra de materiais e serviços de banco. Até aí tudo bem, não fossem os carros com que trabalhei. Sim, lá estava ela, nesse caso uma Pick Up carroceria de madeira 1982. Entre muitos sustos, foi com ela que aprendi de verdade a dirigir. Nessa época também andava com o Opala amarelo que escrevi um tempo atrás.
Nas andanças da vida acabei dirigindo modelos standard e até mesmo uma rara versão com motor à diesel, e só tenho a dizer que é uma experiência maravilhosa. Simpatia é a palavra para definir os Volkswagen a ar, todos eles, seja Fusca, Kombi, Karmann Ghia, Brasilia, TL, Variant. Todos são inconfundíveis. O que mais gosto na Kombi é a versatilidade. Ela serve para o trabalho, para passeios, como carro antigo e carro de emergências, da pra fazer mudança e quem sabe até morar em uma Safari. No novo mundo do Food Truck ela é figurinha fácil de achar!
Não há stress quando se fala em manutenção, basta encontrar uma em dia que os custos serão baixíssimos, só o que pode custar caro são as adaptações do dono. Há anos eu sonho em comprar uma para colocar um sofá de canto, uma mesa de centro e transformar numa sala móvel. Piadas a parte, eu acredito que elas tenham para o brasileiro o mesmo apelo daqueles furgões de filmes americanos. São carros para curtir a vida sempre em boas e numerosas companhias.
Não é um sonho tão caro, uma geração de 1976 a 1996 pode ser encontrada facilmente por menos de 10 mil, é só procurar bem, porque a melhor nem sempre será a mais nova. Nas acima de 1997 temos vantagens estéticas e de mobilidade, assim como as pós 2005 já tem a mecânica muito moderna. A Last Edition de 2013 tinha preço de tabela 85 mil reais. Enquanto uma pré 1975 em bom estado custa na casa de 25 a 30 mil. Eu sei que foram poucas palavras, mas me sinto feliz em deixar bem claro meu apresso por mais esse ícone da história dos carros no Brasil.
Uma fuçada na net e encontrei esse vídeo oficial do Guns N' Roses na sua fase Chinese Democracy. Acho que vale como fã. Lembrando que a banda tem 3 shows marcados agora em abril marcando o retorno da formação clássica! Aquele abraço!
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