Quando eu comecei a mentalizar as primeiras linhas desse modelo eu não tinha nenhuma real possibilidade de ter um. Sempre foi um grande sonho, mas o planejamento sempre deixava claro que o momento ainda não era o ideal. Mas nas negociações automotivas, algumas oportunidades vêm sem que tenham sido previstas. Eu que tive experiências como motorista profissional e praticamente aprendi a dirigir em Kombi, Gol quadrado e Opala, recebo de braços abertos o astro de hoje. Que venha o Opalão.
Esse clássico dos clássicos, essa máquina de quase cinco metros de comprimento, foi lançado no Brasil em 1968 como um derivado do Opel Rekord. As versões 68/69 são extremamente raras, normalmente na carroceria sedan de 4 portas. Em 1970 foram lançados os cupê de 2 portas que tinham ar de muscle cars. Lógico que o mercado valoriza os raríssimos Dodge e Maverick, mas o Opala é sem dúvida o grande carro brasileiro de toda a década de 1970 e 1980, sendo substituído em importância somente a partir do Ômega 1992, mesmo ano das últimas versões do clássico.
Algumas mudanças ocorreram ao longo da vida do Opala, há uma frente anos 1960 e a partir de 70 até 74 ele tem alguns detalhes diferentes. Nesse período havia uma versão muito especial, um dos carros que marcaram meu início de carteira, o 4cc 1974 3 marchas com câmbio na coluna, é um experiência quase indescritível de direção. Eu sei que os famosos 6cc são ainda mais emblemáticos, mas até hoje só dirigi um Comodoro 1988 e em distância curta, meu conhecimento é mais nos "fracos" 2.5 litros. Sim, 2.5 é o menor motor do Opala.
Seguindo a história, em 1975 foi lançada uma nova frente e traseira, a famosa com 4 lanternas redondas, e junto foi lançada a Caravan, perua gigantesca que fez par até o fim dos dias do sedan. Uma versão de faróis quadrados e mais encorpada ganhou as ruas em 1980 e pequenas alterações em 1986, 1988 e 1991 fecharam a conta. Seus motores eram, além do 2.5 de 4 cilindros, os 6 cilindros de 3.8 litros lá no início e depois o astro da linha, o 4.1. Há versões 250-S (referência à sua medida em polegadas) que são bem raras de achar.
Dirigir um Opala é diferente de tudo, é um nível de conforto ao rodar que está acima de qualquer padrão. Talvez andar em um Galaxie ou em algum clássico americano dos anos 1960 seja ainda mais marcante, mas não tive esse tipo de experiência ainda. O modelo que estampa a primeira foto é uma versão SL 1990, básica ao extremo, pense num carro desse tamanho sem direção hidráulica. Eu normalmente não indicaria um automóvel assim, mas isso é um pedaço da história, no caso do Opala, eu não me importei. A foto abaixo é uma projeção do carro que eu andava 14 anos atrás.
Como qualquer carro extremamente potente e com mais de 20 anos (alguns 30, outros 40), prepare um pouco do bolso para as eventualidades, mas em termos de manutenção, são peças muito baratas. É bem mais barato manter um Opala do que um Ford Fusion se eles resolverem dar problema. Só digo isso porque já achei Fusion usado por 25 mil (você arriscaria?). Um Opala pode até custar caro, mas além do prazer de dirigir é uma das mecânicas mais conhecidas e consagradas da história.
Agora, falar de valor é complicado, afinal de contas são 24 anos de fabricação à disposição. Mas sejamos sinceros, Opala de menos de 10 mil é carro para restaurar. Um exemplar simples como o SL custa no mínimo isso. Agora se o pretendente for um Diplomata Cupê 1988 ou um Comodoro 1992 prepare entre 25 e 30 mil. Um cupê 250-S dos anos 1970 passa fácil dessa máxima. Com caçadas minuciosas e uma boa dose de sorte se acham modelos em dia na casa dos 15 mil. Assim como o Fusca, o Opala é um carro que nunca passa despercebido nas ruas.
Aquele abraço!
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