terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Guia do Antigo - Chevette

Foi meu primeiro carro e mal tenho registros fotográficos dele, pois nem todos os celulares tiravam foto naquela época. Foi comprado por 2 mil reais, num tempo em que se encontrava um carro andando por esse valor. Ano de fabricação 1983, tração traseira, não estava em excelente estado, mas serviu bravamente aos anseios de um jovem que estava começando a vida. Durou 10 meses, tempo suficiente para mostrar boas qualidades e muitos defeitos, mas é um clássico, é um Chevette! As imagens são meramente ilustrativas, sendo a primeira foto um carro idêntico ao meu, o segundo um original de mesmo ano e o terceiro um exemplar 1975 dos mais cultuados.


Lançado no Brasil em 1974, talvez o mais curioso da sua história é que lá na Europa ele era o Kadett, que evoluiu até chegar ao ponto em que foi lançado aqui como outro carro em 1989. Teve duas gerações bem distintas, cada uma delas com duas reestilizações. O famoso tubarão do lançamento até 1977, uma frente nova até 1982, uma reformulação em 1983 (ano do meu) e uns ajustes em 1987 que duraram até 1994. Chegou a constituir uma família de clássicos, desde o estranho hatch, passando pela admirável Marajó e chegando à valente Chevy. Com sorte de acha até versão 4 portas.

Como clássico acessível ele é uma verdadeira opção, tem aos montes por aí, encontra-se nos mais diversos estados e é um carro que se adapta bem às mais diversas transformações. Pode servir como original de passeio até "carro de piazão". Não é difícil de imaginar como era o meu, rebaixado, vidros escuros, alguns adesivos berrantes, às vezes tinha spoiler dianteiro (às vezes quebrava e ficava sem), grade adaptada de modelo mais novo, enfim, o foco não era a originalidade.


Dois pontos merecem destaque, o interior muito confortável para um carro popular dos anos 1980 e a tração traseira. Apesar do Fusca também tê-la, os VW não contam com o quesito diversão porque os motores originais não eram fortes o suficiente. Mas com um Chevetão na mão, com certeza você vai poder experimentar a sensação do zerinho (arte de fazer o carro girar em seu próprio eixo ao patinar as rodas traseiras). A essência do Chevette é essa!

No quesito manutenção, prepare a paciência, você vai fazer amizade com os mais diversos mecânicos. O meu começou a quebrar já no dia seguinte a compra, em 10 meses ele deve ter ido umas 15 vezes para a oficina. Por sorte tinha uma na esquina da minha casa e eu tinha mobilidade de horário para organizar a agenda de consertos. Sem brincadeira, é um carrinho que dá bastante manutenção (pelo menos foi comigo), mas era tudo coisa simples, típica de um carro com mais de 20 anos que era de uso diário. Gastos bem dentro do orçamento.


Ele não é tão simpático quanto o Fusca e também não é um Bad Boy dos antigos como o Opala, mas é um carro que tem sua legião de fãs, talvez muito maior dos que os de Escort e Corcel juntos. Na sua época os concorrentes diretos foram Corcel I, Passat, depois Voyage, Premio até os Verona nos seus últimos anos. Sempre teve o diferencial da tração e a marca Chevrolet sempre foi sinônimo de conforto.

Falando de mercado, como dito anteriormente, há muitas opções por aí. Nisso ele se parece com o Fusca, cada carro precisa ser minuciosamente avaliado. Um carro bem negociado em bom estado deve custar em torno de 6 mil. Haverá modelos de mais de 10 mil em estado excelente, mas aí vai da vontade em se comprar um quando se pode investir em algo melhor. O Chevette não é um destaque em uma faixa de preço como seriam o Fusca (entre os antigos) e o Uno (entre os mais novos), mas é uma boa opção quando bem pesquisado.


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