sábado, 15 de junho de 2013

Basta uma única má intenção...

Tem horas que paro e reflito sobre o que sei do mundo. Horas em que vejo como sou ignorante e conheço pouco. Horas que fico analisando os acontecimentos mais corriqueiros e no mais egoísta dos meus pensamentos acho soluções hipotéticas para todos os problemas do universo. Quem nunca fez isso? Quem nunca disse que se estivesse lá faria diferente? Até mesmo os milhões de "técnicos de futebol" que temos espalhados por aí, é um exemplo idiota, mas parece que no Brasil só idiotice que pega.


Quando digo do quanto ignorante eu sou, é porque, por exemplo, eu não sei como funciona no resto do mundo uma coisa que aqui no Brasil é tão revoltante. O aproveitamento do assistencialismo! Tanto se fala sobre o jeitinho brasileiro, a malandragem, tirar vantagem. O que me revolta de verdade é o quanto as pessoas não percebem o quanto isso estraga nosso país. Somos uma das nações mais abençoadas naturalmente da humanidade, em nenhum lugar no mundo se vê tanta abundância de recursos naturais, paisagens das mais belas, uma mistura de culturas que faz do nosso povo um dos mais surpreendentes do planeta.

Não sou um cara com muitas vivências internacionais, mas o pouco contato que tive com o mundo exterior me provou que há povos amistosos e gentis, mas que também há culturas fechadas. Hotéis caríssimos onde o mais humilde dono de pousada da ilha de Florianópolis poderia dar uma aula de como atender com cordialidade. Mas há um público que parece que se identifica com o mau tratamento, pessoas que já tratam por natureza as outras de forma fria, que estão acostumadas a comprar a simpatia dos que lhes convêm.

Mas de volta ao assistencialismo: tal qual sugeri no nome do post, basta uma única má intenção para transformar uma boa ideia em uma bandeira (contra ou a favor) de uma causa sem sentido. Todos sabemos que os "Bolsa" da vida surgiram na verdade com a gestão FHC nos idos dos anos 1990. A equipe do PT redesenhou, mudou o nome, ampliou (até demais) e criou o tal do "Bolsa Família". Não sou nem um pouco contra o governo dar uma ajuda a quem precisa. Quer um exemplo prático e objetivo de onde o programa funciona? No momento em que você retira do sinal uma criança que pede esmolas e arrecada centavos por dia para ajudar o sustento de uma casa (ou um vício maldito de um dos pais) e coloca essa criança na escola, dando a este pai um valor para ajudar, infelizmente não sabemos no que.


Mas no momento em que uma mãe abre mão de uma oferta de emprego, pois não irá ganhar muito mais do que já ganha para ficar em casa. Isso é o reflexo da cultura de um povo que não quer esforço. E assim retomamos a nossa herança de um país de abundantes recursos. Desde o surgimento dos povos, os índios, os portugueses, e qualquer outro povo que chegava a uma terra não utilizada do nosso belo país. Todos estavam acostumados a extrair seus recursos sem muito esforço. Durante anos e anos o Brasil foi aquela pilha interminável de areia onde os países ricos vinham buscar a matéria-prima para construir o que precisavam e depois nos vendiam de volta algo pronto.

Essa história pode até ter mudado muito nos novos tempos, hoje temos uma industria razoavelmente forte, que até exporta muito, mas ainda assim fomos apenas os escolhidos por grandes marcas para trazer suas fábricas, e junto seus resíduos, e aproveitar uma mão de obra barata. Nunca lhe ocorreu que o Brasil tem um universo de marcas infinitamente menor do que outros lugares? Levando o ritmo para um dos focos do blog, automóveis é um exemplo clássico. O que é um carro brasileiro? Opala, Fusca, Maverick? Dois americanos e um alemão. O que temos, de vez em quando, é um modelo projetado aqui, mas sob a supervisão de uma marca de fora. E não é uma questão de comparar nações muito maiores que nós. Somos a 6ª maior economia do mundo, e estamos anos luz atrás da Coréia do Sul, berço de Kia e Hyundai. O ícone da industria automotiva nacional, embora alguns nem lembrem dele, foi Gurgel! Mais recentemente nasceu nas dunas um carro que se popularizou muito, a Troller, que hoje já pertence à Ford. Mas tudo bem, nem por isso significa que estamos errados, há países europeus que também não tem uma cultura automotiva aflorada, como é o caso da Espanha, eu vejo a Seat como a única representante deles no mundo dos automóveis.


Sei que o Rápidas dá algumas voltas no assunto, às vezes começa com um tema e muda totalmente a direção, mas essa é a magia do blog, não preciso me prender. Adoro o desafio de escrever com umtema definido e ter que me focar naquilo, mas a formalidade tira um pouco do prazer de falar o que lhe der na telha. Mesmo porque alguns posts são, utilizando o parâmetro de James Hetfield, essencialmente para mim! Eu escrevo o que quero, da forma que quero e do jeito que tenho vontade naquele momento, se for de valia para alguém isso me inspira a ser cada vez mais eu mesmo. Não vou mudar por ninguém que não eu mesmo!

O Rápidas não é um blog que qualquer um entende, não é uma idiotice para a massa vir e dar umas risadinhas. O Rápidas é como algumas músicas do Metallica, é complexo, exige atenção e concentração e não deve ser acessado de qualquer lugar, com pouco tempo, só por olhar! Fiz esse comparativo comigo mesmo esses dias, estava no trabalho e coloquei um fone de ouvido pra descontrair. Alguns hits de bandinhas de rock são sempre bons de ouvir e caem bem em qualquer momento, mas uma música como The Shortest Straw deve ser apreciada em cada acorde, em cada rif. O que é mais popular, não só entre os fãs de rock, o hit pegajoso e fácil ou a produção trabalhada e muitas vezes difícil até de entender?

Quero ser chato, quero ser complexo, quero ser para poucos, mas que também são os melhores! Bem vindo ao Rápidas edição 101! E para relaxar no fim do post, curta um pouco de Emmerson Nogueira:


Espero que tenham gostado, um abraço e muito obrigado!

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