sábado, 25 de agosto de 2012

Crédito fácil, crédito podre...

Há uns dois meses que eu já avisava, essa onda de crédito fácil só pode chegar numa inadimplência absurda e num impacto no resultado semestral das instituições. O mês de agosto costuma ser o que os bancos divulgam seus resultados do primeiro semestre e os comparam com os do ano anterior. Apesar de ser apenas uma prévia e o segundo exercício costumar ter números melhores, certamente uma luz amarela está acessa em cima da mesa de muitos executivos. O fato é que a famosa provisão de devedores duvidosos cresceu assustadoramente e os bancos já apresentaram resultados ruins em decorrência disso.
Santa Matilde, o sonho da filha de um cara que fazia vagões de trem.

Por que o crédito fácil se torna podre? Maldita cultura de um povo que não sabe comprar. Não sabe pensar na forma correta de conquistar bens. Se o governo (ou os bancos) oferecem, o povo aceita mesmo que não precise. É muito comum encontrar pessoas que estejam precisando de um dinheirinho para resolver um imprevisto em sua casa, por exemplo, mas o que acontece quando esta pessoa vai ao banco pegar dois mil reais emprestado é que ela descobre que o banco lhe pré-aprovou seis mil. A reforma custa dois, nada mais do que isso, mas o banco lhe dá seis. É lógico que o burro vai pegar seis mil, usar materiais mais caros (nem sempre tão superiores assim) e ainda vai dar um churrasco pra gastar a sobra e mostrar pros amigos a nova churrasqueira! Essa é ou não a história de um imbecil? O mesmo que seis meses depois deixou de pagar o empréstimo, foi negativado no banco e está ferrado por causa da maldita cultura de um povo que não sabe comprar, que não sabe pensar.

Dica simples e rápida par qualquer pessoa que precisa de qualquer coisa e não tem qualquer dinheiro. Em primeiro lugar, pense se você precisa mesmo, e se a resposta for "hummm", já não compre. Se você precisar muito, opte pelo cartão de crédito sem juros. Se você não tem limite ou já está estourado, volte uma casa e... não compre! Mas se ainda assim você insistir em pegar um empréstimo no banco. Nunca, jamais, nunca mesmo, pegue mais do que você precisa. Cada centavo que sai do banco em forma de empréstimo será pago com juros, você lembra disso? É dívida! Não é um bônus por você ser um cliente legal.
Maverick, o top of mind quando o assunto é muscle nacional.

Isso me lembra um assunto muito interessante que já citei aqui alguma vezes. Objetivos de vida. Não estou falando sobre objetivos de início de ano do tipo "ser uma pessoa melhor", e muito menos dos compromissos do dia a dia, do tipo "ver aquele barulho estranho no motor do carro". É você que decide quais são seus reais objetivos, mas o que ajuda muito na hora de correr atrás deles é definir prazos para isso. Seu objetivo pode ser grande ou pequeno, pode ser a longo ou curto prazo, pode ser com urgência ou sem pressa. Mas é importante definir prazos para isso. Quero trocar de carro até o fim do ano. Quero comprar mais um carro até o fim do ano. Quero ter um carro antigo por hobby em até dois anos. Dê metas a si mesmo, procure fotos daquilo que você quer muito e mentalize a sua vida.

Vou contar uma história que me aconteceu há cerca de dez anos atrás. Eu era um piá, no primeiro ano de economia e vendo meus amigos com os carros dos pais, ou seus para os mais ricos, carros novos, carros legais, carros normais. E eu tinha meu chevettão socado e velho. Eu tinha um tipo de orgulho por ter comprado eu mesmo aquele carro, mas ao mesmo tempo eu tinha um certo sentimento de "cara, como meu carro é velho". Eu sabia que não podia comprar algo muito mais novo e sempre gostei de carros mais velhos. Um dia, fuçando pela net, vi a foto de um gol quadrado, prata, rebaixado. Juro, parei na foto e fiquei escutando música e olhando aquela foto, nem piscava, apenas mentalizava e curtia mentalmente aquele carro. Bom, o resto da história a maioria já sabe. Uma lenda no boa vista e região, o lugar de carro mais cool que eu já tive até hoje, o inesquecível, que só concorre em carisma com o clássico fusquinha laranja, meu gol quadrado tunado. Meu sonho era fácil? Meu sonho era barato? Meu sonho era palpável? Sim, era mesmo, mas era só o que eu queria, e quando eu estava desfilando pelas ruas e as crianças do ônibus batiam foto com o celular, era um bônus e tanto de ter tido personalidade e ter feito um bom trabalho na personalização.
Gol Chaleira, porque na arrancada você só precisa de leveza e um motor forjado!

A vida é assim, para alguns o objetivo pode até ser arranjar um namorado, uma garota, um marido, uma esposa. Mas quando você começa a se concentrar no que você precisa fazer e no que é cargo de uma força além de si, você começa a conquistar as coisas que precisa para ser feliz, e não as coisas que você acha que o farão feliz, ou pior, as coisas que dizem para você que o farão feliz.

Seja você, pense em você, foda-se o mundo à sua volta e as opiniões contrárias. Concentre-se em ser um bom você mesmo. O resto é consequência e virá. Na hora certa, naquele tempo que não é nosso, mas sim o tempo de acontecer. Enfim, quem sabe o que quer leva vantagem na hora de decidir o caminho que irá seguir.

O ensaio da semana trás fotos que eu até mentalizo, mas de um forma bem diferente daquela foto do gol quadrado, pois hoje o meu objetivo é, e só poderia ser assim, trabalhar, trabalhar e trabalhar. Para dar ao meu filho o que ele precisar para ser um bom, ele mesmo!

E para fechar com rock, sem muita frescura nas apresentações, Skid Row!!!
Essa música é um tapa na orelha daqueles que eu nem quero dizer o nome, mas que se acham donos da razão e se dizem os certinhos. Eu concordo com cada frase de Sebastian, e essa é a prova que eu queria pra poder dizer a eles... Eu não vou mudar, eu decido e sigo o que meu coração manda, do meu jeito!

Obrigado, muito obrigado!

Um comentário:

  1. Oi Ney, bom texto, como sempre. Mas acho que eu pesanria melhor na questão da burrice do consumidor. O problema não está nos consumidores, nem do Brasil, nem dos EUA (porque, acredite, em todos os lugares eles se comportam da mesma maneira). A questão é o capitalismo. Esse crédito barato, os grandes lucros, os grandes endividamentos, tudo isso faz parte da lógica do sistema econômico. E isso não vai mudar tão cedo. Agora, qual papel cabe ao Estado?

    Bjos

    Larissa

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