terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Guia do Antigo - Santana

Talvez tenha sido um dos sedans de médio/grande porte que figurou por mais tempo nos catálogos das concessionárias nacionais. Mais uma vez trata-se de um carro que eu não tive, mas a sua história é bem relevante para o mercado brasileiro e merece destaque. Desde as versões CG de 1984 até suas últimas unidades em 2006 seu símbolo era o motor forte aliado à confiabilidade da marca VW, embora sofisticação não fosse o seu forte. Santana, Quantum, e aqui também falaremos sobre o quanto a história do Passat tem a ver com isso tudo.


No Brasil o Santana foi apresentado em 1984, e já vamos às curiosidades, na Alemanha esse mesmo carro é uma geração do Passat. Ou seja, se a Volks tivesse seguido a mesma linha da matriz nós teríamos somente o Passat de 1974 até hoje. No entanto, o nacional ganhou um tapa no visual e a Volks resolveu lançar o alemão como Santana. Com duas ou quatro portas e mal de acessórios, eu particularmente passo a gostar dele em 1987 com a adoção de para-choques mais envolventes e visual mais robusto. Destaque para o raro Sport de 1989.

O quadrado deu lugar ao redondo em 1991, com um desenho totalmente novo, bem inovador para a época, para encarar o novo Monza tubarão. Nos anos 1990 aí sim as versões Exclusiv com motor 2000cc eram considerados carros luxuosos e com ótimo padrão. Mas eis que a Volks resolve trazer o Passat (extinto em 1989) de volta ao Brasil. Em 1994/1995 uma nova geração do carro chefe da marca desembarca trazendo muito mais luxo e sofisticação que nossa versão Santana.


O Alemão segue a vida até hoje como o sedan Top de Linha da marca, enquanto que o Santana virou automóvel de frotista, taxista, sedan meio termo, mas não por isso perdeu seu encanto. Sua última atualização foi em 1999 com alguns contornos modernizados que o levaram até 2006. No mercado ele têm três tipos de selo, desde o clássico quadrado, passando pelos ótimos sedan da década de 1990 até as apostas em conforto a baixo custo e dificuldade de revenda dos últimos modelos.

O motor foi basicamente o mesmo, apenas passando pela atualização para injeção eletrônica, disponível em 1.8 e 2.0 litro. Atenção ao nível de equipamentos, existem carros sem os opcionais necessários para um sedan de classe e estes devem ser evitados. Um carro desse nível precisa ter ar, direção, vidros e travas de fábrica. Duas portas vai bem só nos quadrados, se optar pelos pós-1991 escolha com quatro. É um carro e tanto para quem aprecia potencia e conforto.


Falando um pouco da perua, a Quantum é a versão wagon do Santana, muito bem vista no mercado em sua versão quadrada, lembra muito as clássicas peruas americanas dos filmes de sessão da tarde, são bem valorizadas. As posteriores são muito usadas como carro de trabalho, então são difíceis de achar em bom estado. As mais novas são quase micos, pois venderam pouco, mas mantém o mesmo nível de conforto do sedan para quem não se preocupa com modinha.

Por fim, os valores praticados para um automóvel desse variam de 8 a 10 mil nas versões de 1984 a 1998, por esse valor se encontram carros em ótimo estado. Já os mais novos, pela tecnologia embarcada, podem chegar aos 15 mil. Não vale a pena pagar mais do que isso por um Santana. O Passat de 1974 a 1977 não tem valor certo pela dificuldade de se encontrar (estimo uns 12 mil numa joia rara), os 1978 a 1989 são encontrados na casa dos 6 mil. Os Santana (e o Passat também) são carrões em todos os sentidos, fique atento e boas compras!


Grande abraço!!!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Guia do Usado - Celta

Este é um grande concorrente de muitos automóveis já tratados aqui. Mesmo eu nunca tendo tido um, já os avaliei, já os dirigi, e conheço um pouco da sua história e dos seus benefícios. Sua base é a do Corsa de 1994, há quem diga que ele deveria ter sido apenas uma geração do Corsa, mas a possibilidade de uma boa jogada de marketing e a instalação de uma nova fábrica no RS acabaram fazendo a GM repensar e lançar um dos carros mais queridos dos anos 2000. Hoje falamos sobre o Celta.

O desenho arrojado e a promessa de custar pouco foram fundamentais para o sucesso deste popular. Lançado em 2000, oriundo de um projeto brasileiro, desenvolvido a partir da plataforma do conhecido Corsa, foi uma revolução no mercado. Além da sua fonte de inspiração, brigava com velhos de guerra como Gol, Palio e Uno. Foi apresentado na versão 2 portas e somente no fim de 2002 foi lançada a versão com portas traseiras. Não chegou a constituir família, tendo apenas a primeira geração do Prisma como um derivado distante.

Bom de dirigir! Esta provavelmente será uma frase corriqueira de quem tem ou já teve um Celta. De fato ele possui uma agilidade no transito que merece destaque, parte por seu tamanho e parte pelos seus motores considerados potentes para o pequeno hatch. Mas atenção, há um porém quando se fala em motor de Celta que muitos donos desconhecem. A GM atrasou, para não dizer retirou, o limitador de giro dos motores 1.4, ou seja, se você pisar o carro vai muito, mas se você pisar demais o motor quebra antes dos 150.000 km.


Vamos à sua evolução. Do seu lançamento até 2005/2006 só motorização, acessórios e a adição das portas em 2002. Disponível nas versões 1.0 e 1.4, este último virou ícone de desempenho entre os pequenos, mas atenção ao detalhe do limitador. Em 2007 ele estreou um novo desenho de frente e traseira, visual que leva até hoje. É um carro que fez e faz muito sucesso entre o pessoal que gosta de adereços. É muito comum encontrar carros com saias laterais, spoilers e rodas esportivas. A GM sempre disponibilizou boa lista de opcionais, ou seja, ar e direção são possíveis de achar.

Eu conheci alguns perfis de donos de Celta. Desde primeiro carro para meninas solteiras até carro de família pequena, uma coisa é certa, foi a opção pelo custo-benefício. Um carro que atende bem no dia a dia, pode-se encontrar bem equipado e em excelente estado. Em paralelo, se há um carro que atrai um ex-dono de Celta é o tal do Onix. Evolução de categoria é a fórmula que tornou o irmão sofisticado o campeão de vendas de 2015. Mas mesmo assim, quem ainda não está com essa bola toda pode aproveitar muito bem o pequeno popular.


Vamos falar um pouco sobre o Prisma, sedan de pequeno porte lançado em 2008/2009 com a base do Celta. Seu estrelato tardio acabou lhe trazendo sérios problemas, no mercado apenas até 2012 como sedan do Celta, o seu nome acabou migrando justamente para o três volumes do Onix. É um carro com todos os pontos fortes do Celta, mas hoje em dia é tratado com preconceito similar ao que atinge o Fiesta sedan street, uma versão do pequeno Ford disponível até 2003. Se você não tem preconceitos pode ser uma boa opção de Celta com amplo porta malas.

Por fim, falando de valores, os primeiros modelos duas portas de para-choque preto podem ser encontrados em bom estado entre 9 e 10 mil reais, já um automóvel da geração acima de 2006 já com 4 portas e completinho vai custar em torno de 16 a 17 mil, dependendo do ano. Há modelos com quilometragem muito baixa, acima de 2010, em torno de 20 mil, mas aí entramos em valores que já compram Fox, Sandero e o próprio Corsa de segunda geração. Vai de cada um, mas eu iria nos maiores e mais sofisticados. No geral, até uns 16 mil o Celtinha é uma ótima opção!


Forte abraço!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Guia do Usado - Logan

O modelo de hoje é uma alternativa de sedan popular, discreto, mas muito funcional. Foi lançado no Brasil com a promessa de entregar mais por menos. Esse menos acabou ficando na média de preço do que havia no mercado, por incrível que pareça devido a uma pesquisa que apontou que o brasileiro pagaria mais do que a Renault queria cobrar. Justiça seja feita, seu design sempre foi meio estranho, mas com as mudanças pontuais hoje ele é um grande carro. Vamos de Logan.


Sua história nasce na Romênia, onde existe a Dacia, uma subsidiária da Renault que fabrica carros para o Leste da Europa. No geral são automóveis dedicados a um público emergente, mercados que ainda tem entre os populares uma fatia grande de interessados. Assim ele veio ao Brasil, junto com seu irmão Sandero, para trazer um novo conceito. Carros baratos, mas que tinham um aproveitamento de espaço interno diferenciado e no caso do Logan um porta-malas de fazer inveja a sedans muito maiores.

O desenho do Logan de estreia foi todo projetado pensando no custo. As linhas retas, cantos quadrados (que quase lembram um Fiat Tempra), bem como as lanternas e faróis sem muita expressividade são todos propositais. Talvez a mais famosa técnica, que já foi abandonada uns anos depois, foi fazer retrovisores externos num formato que se encaixam em qualquer lado do carro, via de regra o desenho do retrovisor é exclusivo para direita ou esquerda, no Logan ele era universal.


Mas isso foi só entre 2008 e 2010, já em 2011 foi lançado um modelo reestilizado, com pequenas mudanças no contorno da traseira, na grade dianteira e outros poucos detalhes, mas que para este carro fizeram toda a diferença. O modelo 2011 até 2013 continua com as linhas quadradas, continua discreto, mas é muito mais harmônico. A vida a bordo, essa é a mesma, e muito boa por sinal. Aqui cabem os mesmos elogios proferidos ao Sandero. E o que ele perde em visual ele ganha em porta-malas.

Só fechando a história do modelo, em 2014 foi apresentado o Novo Logan, agora um sedan acima dos populares, com design contemporâneo e um pouco mais agressivo. Com relação aos motores, aí voltando a falar dos modelos anteriores, são os clássicos 1.0 16v e 1.6 com 8 e 16. Mesma história do Sandero, existem os Authentique de entrada, mas vale a busca pelos Expression e Privilège. No caso do Logan, eu recomendo fortemente a opção pelos motores 1.6, pois como ele é ainda mais pesado que o irmão, o motor fraco aqui sofre.


Como um razoável defensor dessa marca francesa, eu continuo no mesmo discurso de que os modelos adquiridos acima de 2005/2006 são automóveis absolutamente normais. Hoje em dia não é difícil achar bons mecânicos que mexam neles, as peças e a manutenção estão bem dentro da média dos seus concorrentes. Sei que o preconceito ainda paira no ar sobre certas marcas, eu mesmo nunca tive e tenho muito receio sobre Peugeot e Citroen, mas se um dia aparecer eu irei usar antes pra dar meu parecer depois.

E pra fechar, como de costume, falemos do bolso. Um Logan básico ano 2008 em bom estado geral vai custar uns 16 mil. Isso sobe para até 18 mil nas versões mais completas, sobretudo nas com ar condicionado e motor 1.6. Modelos completinhos, com baixa km e ótimo estado, em torno de 2012 custam uns 22 mil em média. A nova geração acima de 2014 ainda não se acha abaixo de 35 mil. No geral, se você não se importa de andar com um carro simples e discreto, você certamente vai se surpreender com o conforto e nível de equipamentos de mais um Renault.


Aquele abraço!!!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Guia do Usado - Sandero

Populares de categoria superior, é assim que eu gosto de chamar certos carros que não são simplesmente os carros de entrada das montadoras, mas ainda assim não chegam a ser hatch premium. O mercado mudou muito desde os tempos de Uno Mille, Gol 1000 e Escort Hobby, hoje um carro precisa ser compacto e econômico, mas também grande por dentro e cheio de itens de conforto. Depois do Fox e do Sandero ainda vieram os sofisticados HB20 e Onix. Mas hoje falo mesmo é do Renault Sandero.


Se tem um projeto que eu acompanhei de "perto" na imprensa especializada, foi o lançamento do Logan e do Sandero no Brasil em 2008. A Renault já havia consagrado o pequeno Clio e já se destacava no mercado nacional, os anos de desconfiança do consumidor estavam ficando para trás. Tanto hatch como sedan tem a mesma plataforma, mas por que um é muito mais bonito que o outro? Foi justamente o fato do brasileiro topar gastar mais por um carro que fez com que o Sandero tivesse um trato visual bem maior que o irmão.

Por dentro eles são iguais, mas por fora mal da pra comparar. O Sandero é um hatch, mas suas medidas externas se aproximam da versão sedan do Clio. Um design muito agradável, um teto alto e um espaço interno digno de categoria superior fazem dele um dos melhores "populares" dessa linha na minha opinião. Apesar de existir na versão Authentique (básica), estão aos montes no mercado as versões completas Expression e Privilège, sendo a diferença entre elas apenas a adoção de retrovisores elétricos, faróis de neblina e air bag duplo. Destaque ainda aos esportivos Stepway e GT Line.


Os motores disponíveis são os mesmos sucessos do Clio, 1.0 de 16v e 1.6 de 8 e 16v. Uma pequena observação, por ser um carro consideravelmente maior, não adianta esperar do motor de um litro a mesma potência e a mesma economia que ele desenvolve no Clio. O Sandero é um pouco mais amarrado e bebe um pouco mais nessa configuração. Se você preza muito pela potência escolha os 1.6. Mas para trajetos urbanos e viagens ocasionais a versão mais fraca atende tranquilamente.

É lógico que eu tenho tendência a defender o Sandero, afinal de contas eu tenho um e sempre quis ter um. Mas tirando a "voz de dono", é um carro de mecânica confiável, manutenção relativamente barata, muito confortável e mesmo nos primeiros modelos se destaca no trânsito muito mais do que um Gol ou Palio.  Seu estilo é basicamente o mesmo entre 2008 e 2014, teve apenas uma reestilização na em 2012 eliminando a grade do radiador e deixando apenas a entrada de ar mais abaixo do emblema, além de centralizar o nome do modelo na traseira e ganhar novas lanternas.


Em 2014/2015 foi lançado o novo Sandero e novo Logan, agora sim sedan e hatch de uma mesma família com as frentes iguais. Estes já bem mais modernos, mais robustos, já saem totalmente do mercado de entrada. Mas o legado do anterior é um leque muito grande de boas opções para quem quer um carro para se sentir bem. Sobre o preconceito ainda presente na cabeça de algumas pessoas, só o que posso dizer é que qualquer Renault acima de 2006 é certeza de bom negócio. Até mesmo o Megane sedan. Aqui vale lembrar da ótima Scenic, boa opção desde 2001.

Um pouco mais barato do que os Fox, os Sandero entre 2008 e 2011 são facilmente encontrados na casa dos 20 mil, passando a 25 mil nos 2012 a 2014. Não contabilizo os novos, pois já saem do mercado de usado para um nicho de quase 0km. Talvez a diferença entre o Vw e o Renault é que o primeiro você possa vender mais rápido, mas isso é relativo, o mercado hoje em dia não está tão fácil. Em termos de carro para uso e família, na hora da decisão final eu fiquei com o francês.


Aquele abraço!!!