domingo, 10 de novembro de 2013

O conceito de emergência.

O conceito de emergência. Em inglês, emergency. Em latim, Subitis... Enfim...


Emergência é uma situação inesperada que demanda ações rápidas e nem sempre pautadas pela razão e disciplina. No entanto, emergência também é algo relativo, abstrato, cujo estado real depende quase que unicamente da percepção pessoal de cada um. O que é uma emergência para você pode não ser para mim. E é justamente sobre essas "emergências" do dia a dia que o rápidas fala hoje.

O cheque especial. Acho que a grande maioria das pessoas conhece ou pelo menos já ouviu falar nesse tal de cheque especial. Hoje em dia pouco a ver com a folhinha assinada, esse produto bancário de grande sucesso é um limite extra na sua conta corrente que, em caso de emergência, você pode simplesmente utilizar sem pedir à ninguém. Pois é, um grande amigo, a simbologia perfeita de como o banco é o seu porto seguro. Perfeito se não fosse o empréstimo mais caro do mercado. Empréstimo sim, pois é isso que ele é, e é assim que que você o paga. A uma taxa média de 6 ou 7% ao mês. E para você que acha isso pouco, é só lembrar que se você deixar seu dinheiro guardado numa poupança, o banco não lhe pagará isso em um ano.

Mas e como fazer em uma emergência? Se você acha que só estava em situação de emergência quando percebeu que não tinha dinheiro e precisou usar o limite, eu sinto lhe informar, mas a essa altura você já estava em completo e total desespero. Vamos voltar alguns posts e lembrar das mínimas regras para um equilíbrio financeiro. Em primeiro lugar, não gaste mais do que ganha. Por mais difícil que isso pareça, é apenas a constatação do óbvio. Eu trabalho para me sustentar e não para pagar dívidas.

Ao primeiro sinal de que gastou-se mais em um mês, o que até é normal, deve-se fazer uso da reserva de segurança. Um valor que vai se constituindo mês a mês das sobras da relação salário x gastos. E se não há mês em que sobre usa-se o 13º e parte das férias para começar a montar essa reserva. Ou ainda um pouco da rescisão de um antigo emprego, uma participação nos lucros, um bônus de natal. Hoje em dia não há como dizer que não ganhamos algum extra em algum momento de nosso ano profissional. O que infelizmente acontece mais é que costumamos gastar um extra em quase todas as ocasiões possíveis.

E ainda nos damos o luxo de falar que era uma emergência. Pois bem, se todas as pessoas parassem pra pensar em cada momento que usaram o cartão de crédito, o limite, ou até mesmo contraíram um empréstimo em nome de alguma emergência, a maioria dessas pessoas veria que não passava de um impulso. Mais um gasto desnecessário, ou ainda o reflexo de uma dívida mal planejada. Eu tenho medo de empréstimos. Eu tenho medo de financiamentos. Tenho medo que uma emergência de verdade possa abalar um sensível equilíbrio construído sobre a sólida base da nossa economia. Que não é nenhuma rocha firme e 100% segura.


Sempre gosto de pensar que eu poderia estar dirigindo um carro de 30 mil reais, honestamente financiado e pago em suadas prestações ao longo de 5 anos. Mas eu sei o que pode acontecer em 5 anos? Nos últimos 5 anos eu me casei, me formei na universidade, viajei para outro país, e ainda tive um filho. Será que tudo isso poderia acontecer tão naturalmente enquanto eu ainda estivesse pagando aquele mesmo carro de 30 mil? E o pior, depois de tudo isso eu teria pago quase 40 por um carro que hoje nem valeria 20? Chega a ser engraçado. Mas a verdade é que essas coisas acontecem com muita gente. Pessoas que acostumam-se a engessar 30% ou mais de seu salário por uma parcela vitalícia, porque por mais que eu não espere terminar de pagar e troque de carro por um sempre mais novo e mais caro, a parcela está sempre lá, e nesse ritmo, sempre estará lá.

Eu prefiro, com toda sinceridade, abdicar de um carro novo, abrir mão desse status, para poder montar uma reserva de emergências de verdade. Investir no futuro do meu filho ao pagar uma boa escola para ele, investir no meu próprio futuro, tomando o gancho da semana passada, e pagar um bom plano de previdência privada. Constituir uma poupança paralela para ir trocando meu carrinho velho de tempos em tempos.

As emergências não dependem só dos fatores externos. Muitas vezes somos nós mesmos que as criamos, ou apenas preparamos o terreno com todas as nossas más decisões de consumo. Sou radicalmente contra todos os empréstimos e financiamentos? Não, cada um faz o que quiser com seu próprio dinheiro. Talvez a coisa mais importante seja sim realizar tudo no ato, no agora, e apenas pagar depois. É uma filosofia de vida. Mas eu sou um pouco mais conservador, só isso. O que eu realmente acho errado é gastar sabendo que não se pode pagar. E aí sim, usar o cheque especial é ter a certeza de que não podia pagar. E isso é só o começo do abismo.


E eu continuo com as homenagens aos carros baratinhos que são capazes de te levar tranquilo sem gastar muito. Nessa semana o ensaio trás como dicas o bom e velho Gol Quadrado, o Fiesta Street e, para aqueles que acham que 1.0 não é carro, um bom Escort Zetec. E fechando com música, sem muita demora, mais um vídeo para animar este final de texto.

Relembrando um dos grandes clássicos do início dos anos 1990. Essa é para qualquer gosto.


Obrigado galera, forte abraço!

Nenhum comentário:

Postar um comentário