quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Guia do Antigo - Jeep

Já contamos por aqui a história em que Adolf Hitler queria um carro para motorizar o povo alemão e acabou se tornando um instrumento de apoio importante na 2ª Guerra Mundial. O que ainda não havíamos falado é que o lado americano também teve o seu. Talvez a raiz de sua fama incondicional pelo mundo, o fora de estrada dos EUA, que começou como um combatente, hoje é um dos grandes símbolos de liberdade. Um pouco sobre a Jeep.


Fundada em 1941, a marca Jeep foi registrada em nome da Willys Overland, uma conhecida fabricante de automóveis da época, mas produção para o confronto dependia também da Ford e de outros fabricantes para atender a demanda. Não muito após o fim da guerra, o Jeep já chegou ao Brasil, onde foi fabricado entre 1950 e o início dos anos 1980. Primeiro pela Willys e posteriormente pela Ford que adquiriu a primeira ao longo dos anos 1960.

Trazidos via importação independente, é possível encontrar um raro modelo militar dos anos 1940, ou ainda algum que tenha pertencido ao exército brasileiro. Dos modelos da fase clássica, por fora as versões variam pouco de uma para outra, o estilo inconfundível permanece intacto ao longo dos anos. Há quem goste de ter um modelo em perfeito estado e os usa só para passeios, mas o forte dessa turma é o investimento em novas tecnologias e melhorias para os deixar apto para trilhas cada vez mais desafiadoras.


Basta encontrar um clube de Off Road que você verá, desde modelos japoneses e os agora febre Troller, mas certamente encontrará uma legião de Jeep com as mais diversas preparações. Um sonho, um estilo de vida, uma parte da história. Um Jeep é daqueles veículos que não são só mais um no meio da multidão. Tanto que são base de inspiração para quase todos os fora de estrada que vieram depois dele. Vide o próprio Troller, que hoje pertence à mesma Ford que ajudou a desenvolver o Jeep originalmente. O mundo dos carros dá voltas.

Lá nos EUA, o mundo deu essas voltas e a marca Jeep acabou nas mãos da Chrysler, e nos anos 1980 foi lançado o carro que mudaria a história da marca para sempre, um SUV estiloso, grande e familiar que traria novos rumos. Foi lançado o Cherokee, que é o grande carro chefe da Jeep até hoje e fez um estrondoso sucesso nos anos 1990. Mas a marca fez questão de manter o pequeno ágil em ação. De forma repaginada, hoje em dia o Jeep Wrangler, é o parente mais próximo ao DNA do original.


Vendido no Brasil até hoje, o Wrangler conserva sua história e seu estilo, mas trata-se de um automóvel de outro nível (e preço) se comparado ao bom e velho. Aliás, infelizmente, esse tipo de carro se tornou um símbolo de status diferenciado, que no fim das contas quem quer acaba tendo que pagar um preço alto demais. Entre os seus principais concorrentes nas trilhas de fim de semana, os japoneses da Suzuki conquistaram grande público.

Da fase clássica, entre os anos 1950 e 1980, um bom exemplar do Jeep é como um bom exemplar de Opala, custa tranquilamente na faixa dos R$ 30 mil reais. Há modelos mais baratos, com certeza, mas haverão motivos para isso, pois sua valorização é alta. Já os Wrangler, além de raríssimos, estão com seus valores ainda inflacionados, podendo ser encontrados acima de R$ 100 mil facilmente. Para quem pode pagar, há opções muito mais interessantes no mercado. Mas um Jeep Willys/Ford é um caso de charme e estilo emblemático, um verdadeiro clássico!


Nas versões 1966, 1980 (Ford) e 1998 (Wrangler). Fechando o ano com uma versão inusitada de Thin Lizzy na voz de uma musa romântica como Sade. Só digo uma coisa para todos vocês, 2018 promete! Aquele abraço!

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Guia do Antigo - C10 / D20

Existem basicamente três marcas que dominaram a cena de automóveis (e caminhonetes) nos EUA ao longo do século XX. Hoje em dia a Dodge (que pertence à Chrysler) ainda mantém sua lembrança através da Ram, mas no Brasil ela não tinha representante nos anos 1970/80/90. Por aqui era Ford ou Chevrolet, e é da marca da gravata que vêm as pick-ups e suv que falamos hoje. O grande diferencial da GM é que as versões fechadas, além de serem de fábrica, são tão famosas quanto as de quem derivam. GM D20 / C10 / Veraneio / Bonanza.


A linha clássica da C10 foi lançada no Brasil lá por 1960, e desde então é uma das caminhonetes que fez a história do trabalho e posteriormente do lazer do brasileiros. Mas talvez a sua versão fechada tenha sido ainda mais famosa, a insuperável Veraneio era o ápice de luxo e conforto para viagens, coisa que sempre foi forte da Chevrolet, com carros como Opala e posteriormente Omega sendo referência nesses quesitos. De carro de polícia à tema de música, a Veraneio é um dos grandes clássicos nacionais.

Foi em 1985 que a GM começou a concorrer frente à frente com a Ford quando o assunto era pick up grande, com o lançamento da D20 a briga com a F1000 ficou intensa e durou até o fim de produção das duas entre 1997 e 1998, deixando lugar às novas gerações, no caso F250 e Silverado. Mas, na época o mercado já havia mudado e a fase era das menores, S10 e Ranger. Não me ocorreu falar antes, mas vale a citação, a Ford não possuía versão fechada porque era dona da Rural, que também tinha versão Pick Up, a F75, mas é outra história.


Ainda nas versões fechadas, a Veraneio migrou de geração quando do lançamento da D20, era um monstro quadrado de chassi longo e botava banca onde passava. Talvez tenha ficado tão grande que no mesmo período foi lançada a Bonanza, chassi curto e 2 portas para agradar quem precisava de algo mais dinâmico e ágil, mas ainda assim muito espaçoso e confortável. As pick ups da Chevrolet possuem um tom de classe e atenção aos detalhes mais aperfeiçoado do que as da Ford, que são mais brutas.

Ainda que do início dos anos 1990 em diante, até a virada dos SUV, essas caminhonetes sejam mais comuns como frotistas de grandes empresas, ainda é possível encontrar uma ou outra que tenham pertencido ao consumidor comum e tenham sido bem cuidadas. O problema é que essas valem muito mais dinheiro. Há ainda versões que saíram de fábrica com a caçamba de madeira, mais indicada ao trabalho pesado, o que baixa a estatística de preço, mas devem ser consideradas como outro carro.


As pick ups grandes, embora estivessem sempre presente nas estradas brasileiras, são veículos incomuns e por isso muito valorizados. Não importa o ano, sejam da década de 1960 ou do fim dos anos 1990, o que conta é a conservação e originalidade desses grandes. São frutos de uma época em que caminhonetes se assemelhavam mais a caminhões do que carros de passeio. Estigma quebrado pela Hilux e L200 no início dos anos 2000.

Os valores da linha Chevrolet não são diferentes da Ford, uma D20, independente se é 1985 ou 1995 vai custar próximo dos R$ 30 mil. Já as C10 mais antigas em bom estado, algumas hoje em dia fruto de customizações muito bem executadas, por passar fácil dos R$ 50 mil. Falando em personalização, há dois modos básicos, o embelezamento pró cidade, que serve para exposição e a feita para trilhas, que infelizmente descaracteriza e detona os clássicos. Mas, para quem é do Off Road, aí já é outra história.


Entre a Veraneio 1970, uma D20 simples 1995 e uma Tropical 1985, fica aí um pouquinho da histórias dessa pick-up de respeito.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Guia do Antigo - Ford F1000

Muito antes dessa onda SUV dos anos 2000, lá pela metade dos anos 1980, houve uma investida de grandalhões pelas ruas das cidades. Pick Ups hoje assumidamente grandes saíram do trabalho pesado e das fazendas para desfilar sua imponência nos centros urbanos. Numa época em que eram proibidas as importações de automóveis, essas mesmas caminhonetes foram base para transformações complexas, virando os Jipões da época. Ainda arrisco dizer que dois representantes eram de longe a maioria, entre eles, a de hoje é a F1000.


Uma das dominantes do mercado de caminhonetes desde os primórdios da humanidade automotiva, a Ford sempre se destacou aqui no Brasil. O modelo que evoluiu para F1000 era na verdade a F100 que já fazia sucesso desde 1957. Lançada em 1979, a diferença do 100 para 1000 era o motor à diesel desta mais atual. Foram algumas reestilizações ao longo dos anos, que a mantiveram atual até 1998, quando foi substituída por outra peso pesado, a F250.

O modelo lançado em 1979 era idêntica à F100 da época, que havia sido lançado no início dos anos 1970, o padrão da carroceria sempre se manteve o mesmo, tendo alterações significativas na grade, capô e mais simples na traseira ao longo dos anos. Teve uma pequena mudança em 1986, mas foi em 1992 que realmente deu diferença. A última mudança ocorreu em 1996 só para os três últimos anos da bruta. Nesse período final já sofria concorrência interna com a Ranger, que apesar de menor, se adaptava mais à demanda.


Outra grande característica das pick ups grandes do período é que elas eram base para adaptações para jipes com extrema inspiração nas primeiras Cherokke da Jeep. Uma das mais famosas talvez seja a empresa Tropical que fazia das F1000 cabine simples versões cabine dupla, caçamba fechada e até umas raras cabine tripla com uma pequena caçamba. Esses modelos são encontrados no mercado de usados com certa facilidade, no entanto, o estado pode variar muito e o mais comum é de mal à péssimo.

Motores diesel necessitam de uma manutenção mais especializada e confesso que é difícil de achar, mas em contrapartida, são carros que são bem menos suscetíveis à quebra e pelo tamanho de suas usinas podem até ser considerados econômicos. Outra particularidade é que modelos assim são fortes, com um torque normalmente invejável, mas não possuem grande velocidade final. O que é seguro, dado o tamanho dessas jamantas, é até melhor que não se movam tão rápido.


Hoje em dia quanto mais originais, as F1000 são mais valorizadas, cabine simples sem nenhum adereço exagerado é o que casa bem com o status de clássico, independente do ano/modelo. Vale uma pequena menção aos F4000, caminhão leve que possui a mesma frente das F1000 e que depois da F250 continuou como uma nova geração. Se dirigir uma caminhonete dessas já é divertido, imagine na versão caminhão, é muito mais, e eu já tive essa chance.

Atenção ao estado dos prospectos, como sua essência era de veículos de trabalho, a grande maioria foi usada assim e depois trocada por um modelo mais novo, nunca foram alvo de cuidados excessivos. Mas há possibilidade de encontrar modelos que valem o investimento de cerca de R$ 30 mil reais, que é a média do mercado. Infelizmente, tratam-se de veículos que exigem uma manutenção de alto custo, por um valor de carro seminovo. Fora a exigência de um amplo espaço na garagem. Mas vale a admiração.


Clássica em qualquer ano, uma Tropical 1994, simples 1980 e 1998. Aquele abraço!