quinta-feira, 23 de março de 2017

Guia do Usado - Peugeot 206

Quem me conhece sabe que eu tenho uma opinião formada sobre Peugeot. Guardo sérias ressalvas quanto à manutenção desses carros, e me baseio friamente em fatos observados ao longo dos anos que me interesso pelo mercado de automóveis. No entanto, eles estão aí, sempre disponíveis nas lojas e anúncios, portanto é justo que eu pontue minhas observações e faça meus apontamentos a este modelo, que independente dos detalhes, trouxe a Peugeot de volta ao mercado brasileiro. O 206!


O desenho quase revolucionário do novo Peugeot foi conhecido pelo público em 1998 e cerca de um ano depois aqui no Brasil. Em versões 1.6 e logo depois 1.0, o carrinho chegou causando alvoroço no mercado de populares, pois naquela época não era nada comum um carro pequeno ser tão bem equipado. Seu concorrente direto sempre foi o Clio, que muitos já sabem é um dos meus preferidos, mas o preconceito e desconfiança nunca ameaçaram as vendas de Gol, Celta, Uno e cia.

Um dos destaques do modelo era o motor 1.6 16v de 110cv, um verdadeiro canhão pelo tamanho e peso do carro, outra característica, como já citado, era o pacote de equipamentos muito bem recheado. Os carros costumavam vir com vidros e travas elétricas, além da presença de direção hidráulica e ar condicionado, hoje em dia equipamentos básicos, naquela época considerados grandes luxos, ainda mais em veículos de entrada.


O motor 1.0 deixou de ser oferecido em 2004, passando o mais fraco a ser o 1.4, o que serviu para desgruda-lo do mercado de populares, já que nunca foi um concorrente de peso ali. Pouco antes disso, em 2002, foi oferecida uma charmosa versão cabriolet. Em 2005 veio a SW, uma perua pequena apoiada no tradicional pacote de equipamentos. Em 2007 a Escapade, inspirada nos Adventures da vida, ainda sob a tutela 206. Encerrou suas atividades em 2010, um ano após a chegada do seu substituto, o 207, que trouxe de quebra as versões sedan (Passion) e pick-up (Hoggar).

O porém da Peugeot sempre ficou por conta dos custos de manutenção. São carros temperamentais, que dependendo da sorte do dono podem dar problemas simples com alta frequência. E os custos não são dos mais baratos. Ainda que a linha 206 seja a mais confiável pelo que sempre escuto. Se formos nos sofisticar um pouco mais, os 307 são duros de encarar. O que dificulta a vida de um postulante à dono de Peugeot usado, é que o fator sorte pesa muito mais do o normal na compra do veículo.


Só para não passar em branco, acho legal relembrar a trajetória Peugeot no Brasil. Além dos 504 que já comentei no passado, nos anos 1990 nós tivemos os modelos 105 e 205, quadradinhos e feios até o osso. Depois tivemos o 306, que de certa forma é um clássico, até com versões Cabriolet, era um hatch pequeno e muito estiloso para fazer frente à Escort RS, Golf GTi, Kadett Sport e etc. E o pequeno 106 que foi quem deu abertura à nova fase da marca. Um desenho limpo e atraente, num carro que não vingou, mas abriu as portas para o 206 fazer sua história.

Os 206 padrão, os hatch, seja 1.6, 1.0 ou 1.4, são encontrados entre R$ 10 e R$ 15 mil reais. Atenção, pois há muito modelos à disposição, então é fundamental uma procura ampla. As SW variam de R$ 15 a R$ 20 mil. Eu particularmente, indico uma boa Palio Weekend ou até mesmo uma Parati, mas se a oportunidade vier de encontro e quiser arriscar, basta tomar cuidado. Há algumas raras versões Cabriolet por aí, na casa dos R$ 40 mil, mas aí é brinquedo para quem tem dinheiro e não sabe onde gastar. Não é minha primeira sugestão nessa faixa de preço, mas as opções estão aí.


Em imagens, o modelo CC 2004, um padrão ano 2002 e uma SW 2007 na versão Escapade. Então pe isso galera. Aquele abraço!

quinta-feira, 16 de março de 2017

Guia do Usado - Nissan Livina

O modelo de hoje é um automóvel extremamente discreto, de uma categoria que fez um razoável sucesso no início dos anos 2000, mas que hoje em dia já não é mais tão valorizada. A marca é uma das grandes japonesas, mas não pode-se dizer que ela é um sucesso no Brasil. O que sabemos é que este modelo em questão, agrada em cheio seus consumidores e é famoso pela motorização confiável, alto nível de equipamentos e conforto para seus ocupantes. Ele é o Nissan Livina!


Vou fazer um paralelo que poucos entenderão, mas mesmo assim vai lá, eu acho o Livina a cara do Sportage 1997 (inclusive pela presença de versão Grand), não que os carros tenham algo assim tão em comum, mas é pela harmonia do desenho, por ser uma minivan (àquele era um suv) mas com cara de automóvel pequeno. São práticos para o dia a dia, fáceis de estacionar, ótima visibilidade, mas oferecem um grande conforto em viagens e um espaço interno generoso.

Este simpático Nissan foi lançado em 2009 como modelo 2010, disponível nas versões S e SL, com motorização 1.6 e 1.8. Após alguns meses foi lançada a versão X-Gear, na levada dos aventureiros urbanos. No fim das contas eram uns apliques externos, mas de bom gosto, que dão um ar de personalização de fábrica mesmo. Em 2010, como modelo 2011, a Nissan apresentou a Grand Livina, que difere da primeira pelo tamanho na janela traseira e pelos 7 lugares.


As dicas primordiais para a caça à um bom Livina é atenção à revisões e ficar de olho na quilometragem. As versões dos primeiros anos são bem comuns de se encontrar beirando ou até um pouco acima dos 100 mil km, já que são bons automóveis para viagens, essa característica é comum. É bom ficar atento às de km muito baixa, pois isso pode caracterizar adulteração pela loja. O mais comum é encontra-la em versões automáticas, mas as manuais não chegam a sofrer desvalorização acentuada por causa disso.

Como toda a família Nissan, esses automóveis nunca foram top de vendas, eles são mais uma opção alternativa de conforto e exclusividade, para quem precisa de um bom carro para a família, mas não simpatiza com Meriva, Idea, e outros mais comuns. Talvez a Livina só seja mais comum do que o Tiida sedan, versão do hatch homônimo que é tão rara quanto a mesma configuração para o Peugeot 307. Mas as semelhanças com os franceses da PSA param por aí, visto que Nissan é uma marca confiável.


Mas já que estamos falando de França, o que nem todos sabem é que essas Livina foram fabricadas aqui no Brasil, na mesma fábrica da Renault em São José dos Pinhais. Sim, pois a Renault - Nissan é uma aliança já conhecida do mundo automotivo. Tanto que há planos de que a nova geração da Pick-Up Frontier acabe derivando uma Pick-Up Renault para entrar nesse mercado. E uma coisa que nem eu havia reparado, a Livina não consta mais nos catálogos da Nissan, pois ela deixou de ser fabricada em 2014. Foram 5 anos e não muitas unidades, portanto, a caça pode ser grande.

Enfim chegamos aos preços, e como é um automóvel de curta duração no mercado, ficou bem simples de pesquisar. Entre 2009/10 e 2014, tirando alguns pontos fora da curva, elas custam entre R$ 25 a R$ 40 mil reais. Ficando as mais baratas as versões S 1.6 e as mais caras as X-Gear ou Grand 1.8. Algumas opções são bem recheadas, com banco de couro e sensores de estacionamento. Só o que sei é que ouvi falar muito bem e considero esta uma excelente opção entre carros para família, nessa faixa de preço.


Nas versões S 2010, Grand 2014 e X-Gear 2012, para vocês! Aquele abraço!

sexta-feira, 3 de março de 2017

Guia do Usado - Mitsubishi Pajero

É lógico que quando se fala de Fora de Estrada, muitas pessoas lembram do Jeep, alguns mais excêntricos talvez lembrem até dos Land Rover, mas se há uma lenda nesse terreno, ela se chama Mitsubishi Pajero. Consagrado nos Rallis desse mundo afora, trata-se de um Off Road na essência, claro que com muitas versões cheias de itens de conforto para serem usados na cidade, mas a marca sempre preservou o espírito de aventura que o ajudou a chegar onde ele é visto.


O Clássico Pajero data de 1992 aqui no Brasil, com alguma sorte pode-se achar alguns de importação independente de algum período dos anos 1980. Nas versões 2 e 4 portas, o jipão era um só até 1997. Junto com outros modelos da Mitsu, o Pajero era para poucos e até hoje eu considero aquela versão como uma das mais emblemáticas. Eis que em 1998 a marca resolveu comandar uma revolução no modelo, pegou o nome Pajero e o dividiu em três modelos de segmentos e públicos diferentes.

Foi em 1998 que chegaram ao Brasil o Pajero Sport, um utilitário esportivo mais urbano, para agradar a um público cada vez mais crescente; o Pajero io, que nada mais é do que o predecessor do nosso TR4 de 2002, para o qual só muda o nome mesmo, e o velho Pajero seguiu com o sobrenome de Full. E foi subdividindo sua lenda em três maquinas novas que a Mitsubishi abocanhou mais fatias do mercado. Desde de 2002 o pequeno TR4 é o sucesso da marca no país.


Fama comum à praticamente todas as marcas japonesas, há duas formas de se encarar os gastos de manutenção desses automóveis. Os motores são ditos inquebráveis, mas se estiverem com problema os custos podem ser relativamente altos. Mas se um Corolla já é difícil de estragar, imagine um carro feito para disputar o Paris x Dakar?! Lógico que há um exagero nessa frase, mas uma boa revisão num local especializado já lhe dirá se vale a pena pagar o valor de um popular zero por um Pajero com mais de 20 anos de uso.

Entre 1998 e 2002 o nosso pequeno TR4 era chamado de Pajero IO (que nada mais significa do que EU em italiano). Eu particularmente também acho que TR4 é mais a cara do modelo, mas o que nem todo mundo sabe, é que o nome foi trocado devido à justificativa da marca de que o nome IO poderia ser confundido com 1.0 na traseira do carro. Parece engraçado, mas os departamentos de marketing das empresas são pagos para prestar atenção à esses detalhes. Fato que o TR4 vende bem, pode ter a ver com isso ou não.


Para terminar as linhas evolutivas do modelo, ao longo dos anos 2000 a Mitsubishi foi fazendo seus tradicionais upgrades de design, a Sport passou a ter a mesma cara da L200 Triton, e em 2009 foi lançada a versão Dakar da Pajero, de certa forma substituindo a própria Sport. A Full e a TR4 continuam firmes na luta, cada uma em sua categoria. Percebe-se que com os recentes lançamentos do mercado e até da própria marca, como ASX e Airtrak, a linha Pajero perdeu um pouco de força ultimamente.

Como grandes carros e grandes clássicos, não é o ano que define o preço, mas sim o estado e a versão. A Pajero mais barata que se pode comprar é da dupla IO/TR4 entre 1998 e 2005/6, em torno de R$ 25 mil reais por um bom exemplar. As clássicas de 1992 a 1997 chegam perto de R$ 30 mil, mas devido ao seu tamanho e seus motores à diesel. Uma Sport ano 2000 e acima vai custar a partir de R$ 40 mil, enquanto que uma Full acima de 2007 não sai por menos de R$ 60 mil. É um clássico, é para poucos, é Pajero!


E nos modelos, um clássico 1994, um Sport 2000 e um TR4 2007. Atenção ao vídeo dessa semana com uma versão ao vivo de Dream On... Assista até o fim! Aquele abraço!