Quem me conhece sabe que eu tenho uma opinião formada sobre Peugeot. Guardo sérias ressalvas quanto à manutenção desses carros, e me baseio friamente em fatos observados ao longo dos anos que me interesso pelo mercado de automóveis. No entanto, eles estão aí, sempre disponíveis nas lojas e anúncios, portanto é justo que eu pontue minhas observações e faça meus apontamentos a este modelo, que independente dos detalhes, trouxe a Peugeot de volta ao mercado brasileiro. O 206!
O desenho quase revolucionário do novo Peugeot foi conhecido pelo público em 1998 e cerca de um ano depois aqui no Brasil. Em versões 1.6 e logo depois 1.0, o carrinho chegou causando alvoroço no mercado de populares, pois naquela época não era nada comum um carro pequeno ser tão bem equipado. Seu concorrente direto sempre foi o Clio, que muitos já sabem é um dos meus preferidos, mas o preconceito e desconfiança nunca ameaçaram as vendas de Gol, Celta, Uno e cia.
Um dos destaques do modelo era o motor 1.6 16v de 110cv, um verdadeiro canhão pelo tamanho e peso do carro, outra característica, como já citado, era o pacote de equipamentos muito bem recheado. Os carros costumavam vir com vidros e travas elétricas, além da presença de direção hidráulica e ar condicionado, hoje em dia equipamentos básicos, naquela época considerados grandes luxos, ainda mais em veículos de entrada.
O motor 1.0 deixou de ser oferecido em 2004, passando o mais fraco a ser o 1.4, o que serviu para desgruda-lo do mercado de populares, já que nunca foi um concorrente de peso ali. Pouco antes disso, em 2002, foi oferecida uma charmosa versão cabriolet. Em 2005 veio a SW, uma perua pequena apoiada no tradicional pacote de equipamentos. Em 2007 a Escapade, inspirada nos Adventures da vida, ainda sob a tutela 206. Encerrou suas atividades em 2010, um ano após a chegada do seu substituto, o 207, que trouxe de quebra as versões sedan (Passion) e pick-up (Hoggar).
O porém da Peugeot sempre ficou por conta dos custos de manutenção. São carros temperamentais, que dependendo da sorte do dono podem dar problemas simples com alta frequência. E os custos não são dos mais baratos. Ainda que a linha 206 seja a mais confiável pelo que sempre escuto. Se formos nos sofisticar um pouco mais, os 307 são duros de encarar. O que dificulta a vida de um postulante à dono de Peugeot usado, é que o fator sorte pesa muito mais do o normal na compra do veículo.
Só para não passar em branco, acho legal relembrar a trajetória Peugeot no Brasil. Além dos 504 que já comentei no passado, nos anos 1990 nós tivemos os modelos 105 e 205, quadradinhos e feios até o osso. Depois tivemos o 306, que de certa forma é um clássico, até com versões Cabriolet, era um hatch pequeno e muito estiloso para fazer frente à Escort RS, Golf GTi, Kadett Sport e etc. E o pequeno 106 que foi quem deu abertura à nova fase da marca. Um desenho limpo e atraente, num carro que não vingou, mas abriu as portas para o 206 fazer sua história.
Os 206 padrão, os hatch, seja 1.6, 1.0 ou 1.4, são encontrados entre R$ 10 e R$ 15 mil reais. Atenção, pois há muito modelos à disposição, então é fundamental uma procura ampla. As SW variam de R$ 15 a R$ 20 mil. Eu particularmente, indico uma boa Palio Weekend ou até mesmo uma Parati, mas se a oportunidade vier de encontro e quiser arriscar, basta tomar cuidado. Há algumas raras versões Cabriolet por aí, na casa dos R$ 40 mil, mas aí é brinquedo para quem tem dinheiro e não sabe onde gastar. Não é minha primeira sugestão nessa faixa de preço, mas as opções estão aí.
Em imagens, o modelo CC 2004, um padrão ano 2002 e uma SW 2007 na versão Escapade. Então pe isso galera. Aquele abraço!