terça-feira, 31 de maio de 2016

Guia do Usado - Honda Civic

Sonho de consumo de adolescentes à pais de família, os sedans médios são dos modelos mais cobiçados no mundo dos automóveis. Seja pelo porte de carro grande, seja pelo status embarcado, a categoria coleciona muitos admiradores e cada marca briga com o que tem de melhor pelo seu lugar ao sol. O modelo de hoje (e possivelmente o da próxima semana) é um carro muito famoso que costuma estar sempre entre os líderes desse segmento. Ele é o japonês Honda Civic.


Sua primeira aparição no Brasil foi entre 1992 e 1993, na época importado do Japão, era parte de uma linhagem de automóveis que tentava buscar algum espaço no mercado brasileiro recém aberto. Frente baixa, design invocado e manutenção absurdamente cara eram suas características. Eis que em 1997/1998 a Honda decidiu por bem nacionalizar o seu produto mais rentável, já em sua nova geração, um automóvel que cumpria o que prometia, mas não fazia frente ao Vectra, o preferido na época.

Foi assim até 2000 e ainda continuou assim entre 2001 e 2006 com o modelo reestilizado, que deu ganhou pitada de requinte, atraiu novos consumidores, mas ainda assim não tinha tanto apelo. Sua vida ficou ainda mais difícil em 2003 quando a Toyota lançou o Corolla que mudou o mundo. A conterrânea acertou a mão naquele modelo, que mudou o mercado e deu um novo padrão à categoria. Tanto que o Vectra também sentiu o golpe e começou a ter concorrentes de verdade.


A vida do Civic mudou da água para o vinho em 2007, quando foi a vez da Honda revolucionar o mercado. O New Civic abocanhou tudo que via pela frente, desde os tradicionais compradores de sedans até aqueles que nunca pensaram em ter um. Tanto que o porta-malas com tamanho de hatch nunca foi um problema para o modelo, que era o preferido por executivos e outros engravatados que costumam dirigir esse tipo de carro. Um carro grande com design futurista ao qual era impossível ser indiferente.

Com exceção dos modelos de 1992 a 1996, que já passaram por muitas mãos e se desvalorizaram demais, qualquer Civic no mercado pode ser um bom negócio. Quanto mais novo, menor precisa ser a preocupação com manutenção. Carros japoneses possuem os melhores motores do mundo no quesito durabilidade, sendo extremamente confiáveis e raramente apresentando problemas. Lógico que uma boa revisão de compra é fundamental, mas quando não há nenhum problema eminente é difícil ter surpresas desagradáveis.


Como são muitos anos e modelos bem diferentes no mercado, o mesmo se divide em públicos bem distintos. Enquanto os sedans de 1997 a 2006 são procurados por pessoas de poder aquisitivo mais limitado, mas que ainda assim possuem um gosto mais apurado por requinte, os modelos acima de 2007, mesmo com quase 10 anos nas costas, disputam vaga na garagem de pessoas que tem recursos para comprar um carro zero km, mas que acabam refletindo melhor e apostando no status diferenciado que esse carro oferece.

Começando pelos mais novos, os da linha New Civic não são encontrados por menos de 30 mil reais, na faixa dos 35 a 37 mil se encontram bons modelos com manutenção em dia e em ótimo estado. Já para os pré-2006 os preços costumam parar na casa dos 25 mil, com uma boa dose de sorte da pra encontrar um 2003 perto de 20 mil. Atenção aos baratos demais, mas pelos primeiros nacionais da pra pagar entre 14 e 15 mil por um bom carro. Eu só não recomendo mesmo os importados, anteriores à 1996 possuem mercado muito restrito e manutenção cara.


No ensaio, modelos 2007, 2002 e 1998. No vídeo, a clássica Steppenwolf. Aquele abraço!

terça-feira, 24 de maio de 2016

Guia do Usado - Fiat Tipo / Tempra

Falar desses carros hoje em dia pode soar engraçado, mas depois que o guia do Pointer e Logus deu resultado eu já não duvido de mais nada. A Fiat sempre soube fazer populares, mesmo que o 147 não seja considerado nenhum Fusca, suas vendas foram bem expressivas e com o lançamento do Uno e depois do Palio a marca se consolidou nessa área. Mas quando a categoria subia acho que até hoje a empresa italiana ainda sofre. Hoje falo de dois ícones dos anos 1990, que mesmo não sendo clássicos, marcaram época. Tempra e Tipo.


Em 1992 a Fiat apresentou um sedan médio para brigar com Santana e Monza e em 1993 foi a vez do hatch médio. Como passou a ser comum naquele tempo, os carros da marca vinham recheados de tecnologia e conforto para bater de frente com os modelos já consolidados. Tanto o Tempra quanto o Tipo chamaram muita atenção pelo nível de requinte e prometiam ser automóveis superiores ao que havia no mercado. No entanto, a instabilidade nas categorias superiores pode ser considerada um carma até hoje.

Não passou muito tempo os carros começaram a apresentar manutenção frequente e cara, fora o escândalo dos Tipo que pegavam fogo sozinhos devido a um defeito no posicionamento de uma mangueira de combustível que passava muito próximo do sistema de exaustão do carro. Hoje em dia o que eu digo é que se o Tipo ainda não pegou fogo é porque não veio com aquele defeito e o Tempra se ainda está andando dá pra encarar.


Mas o grande fator não está nos problemas de fábrica, isso muitos carros bons têm, a questão é que uma vez manchada a reputação de um carro no mercado é muito difícil resolver. Esses modelos sofrem com grande preconceito entre os usados, tanto que um carro com ótimo motor e completo de acessórios pode custar menos e ser bem mais difícil de vender do que um Gol ou Corsa pelados. Comprar um é trabalho de muita procura, paciência e avaliação. Mas garanto que prazer ao dirigir não faltará.

O Tipo é um hatch invocado, anda muito bem, e roda macio. Já o Tempra é um sedan espaçoso e muito confortável, que também conta com um motor forte. A vantagem aqui está em ser diferente, uma vez que um carro desses em bom estado chama mais atenção do que um Santana ou Kadett. E convenhamos, hoje em dia não há carro liquido no mercado, até mesmo o Gol não vai vender de uma hora pra outra se você não baixar o preço.


Se eu compraria? Existem alguns modelos tão bem cuidados por aí que eu compraria com certeza. O problema é que alguns donos acham que esses carros são clássicos, então pedem valores irreais. Um Tempra não pode nem chegar perto do preço de um Ômega, pois vale lembrar que assim como Brava e Marea, a manutenção desses carros é mais cara e eles sempre darão algum tipo de problema. Não dá pra comprar um como único carro. Mesmo que seja lindo, se você procura um carro para ser seu único carro compre um Uno e seja feliz.

10 mil reais é muito para um carro desse? Normalmente eu diria que sim, mas nesse caso vou defender como preço máximo para um modelo impecável quase em estado de novo. Se você achar essa jóia por até esse preço e não se importar em comprar um carro sem pressa de vender, esse é um bom negócio. Carro velho precisa de dono que não negligencie manutenção. Tudo que acontecer precisa ser reparado e é preciso estar atento. Uma boa revisão de compra e um olhar carinhoso fazem desses carros ótimos parceiros para bons momentos ao volante.


Aquele abraço!

terça-feira, 17 de maio de 2016

Guia do Usado - Renault Megane

Até a metade dos anos 1990, para as pessoas comuns, automóvel era só Fiat, Ford, Volks ou Chevrolet. Deixando de lado os importados de destaque, como Mercedes e BMW, normalmente os carros vindos de fora não agradavam. O que dizer dos Renault 19, Peugeot 205 e 306 e do Citroen ZX, isso só para falar dos franceses, não são carros muito bons. Houve um Renault no entanto, uma família, que conseguiu dar um start na mudança de percepção do consumidor, esse carro era o Renault Megane.


Lançado no Brasil em 1998 nas versões hatch e sedan e ainda com a opção minivan Scenic, foram automóveis que obtiveram certo nível de sucesso e se destacavam pelo nível de equipamentos e conforto aliados a uma manutenção dentro dos limites da realidade. Não que outros importados não fossem bons, mas quando era bons carros a manutenção era cara demais. O destaque da primeira versão entre 1998 e 2000 era a grade formada por um vinco que se estendia do capô.

Em 2001 foi lançada uma versão com um visual um pouco mais conservador, que continuou tendo um bom comportamento no mercado, mas o destaque dessa nova leva foi a Scenic, que ganhou vida própria e passou a levar as vendas nas costas e se manteve quase inalterada até 2011. No caso do Megane, ambos até podem ser encontrados na versão antiga até 2006, porém é raro. O boom daquele modelo foi entre 2001 e 2003.


O renascimento do Megane se deu em 2007 quando a nova geração foi apresentada por aqui. Um carro totalmente novo, famoso pela chave em formato de cartão, que teve um novo momento de destaque no mercado, aí concorrendo já com o novo Vectra, Corolla e quem sabe até com o New Civic. Mas o grande destaque da linha era mesmo a excelente perua Grand Tour. Depois da saída da Fielder ela reinou absoluta no mercado de perua médias, sua saída deixou muito mais saudades que o sedan, que foi substituído pelo Fluence.

Mas enfim, o primeiro Megane (1998 a 2006) hoje é um carro barato e competente se encontrado em bom estado. É um carro completo, motor potente, que corresponde bem às expectativas de quem não quer somente um popular mas que não tem dinheiro nem para comprar esse popular. Basta ter atenção ao estado geral, e aqui vale a dica geral dos importados, não confie apenas no que você vê. Esse tipo de carro tem que passar por um mecânico para avaliação.


Já a versão de 2006 em diante é um carro com apelo um pouco diferente, já é um bom sedan para quem quer mais classe a uma preço justo. Valor de manutenção em linha com o que há no mercado, como qualquer carro mais sofisticado, gasta mais do que um Uno ou Gol, é normal. A perua tem uma aceitação incrível no mercado de usados, tanto que custa mais que o sedan em quase todas as ocasiões. São carros grandes, confortáveis, espaçosos e que esbanjam um nível de status a um valor muito convidativo.

Um carro, dois mercados, assim é mais fácil definir a vida do Megane entre os usados. Enquanto se acha 1998 2.0 por 7 mil, 2003 por 12 mil, um bom carro nas versões acima de 2007 não custam menos de 18 mil. Chegando a mais de 30 mil ainda nas peruas 2010. O truque com a Renault é não cair nas versões básicas. O que diferenciam desses carros está nos equipamentos, é o que os torna bons. Então vá nas versões Dynamic ou Privilege. Versões Expression só se tiverem ar condicionado. Ta aí um carro que vale a pena.


Aquele abraço!

terça-feira, 3 de maio de 2016

Guia do Usado - Gol Bolinha + G3/G4

O texto de hoje é um complemento a esta família tão popular no mercado de usados. Já falei sobre os quadrados (de 1981 a 1995), já falei sobre a perua, e hoje é o dia de falar um pouco sobre a geração de 1995 a 2013 do carro mais vendido da história da indústria nacional. Tive um bom contato com a versão Bolinha e tive muitos amigos e familiares que tiveram os G3 e G4. Alguns pontos positivos e negativos devem ser citados e exaltados. É o Gol mesmo.


Já tenho que começar dizendo o que toda revista de carro diz, o Gol está hoje na realidade em sua 3ª geração. Sendo a primeira a quadrada, a segunda dos bola até o G4 e a terceira o Novo Gol de 2009 em diante. Explica-se isso o fato de que geração se conhece pela mudança de plataforma, o que só aconteceu nos momentos citados, os demais tratam-se de reestilizações. Portanto, o texto que segue fala sobre a 2ª geração do Gol.

Lançado com um verdadeiro estardalhaço no mercado em 1994, o Gol bolinha veio para brigar com a novidade da GM na época, um tal de Corsa. Continuou no mesmo ritmo de mercado que já tinha antes, ou seja, campeão de vendas. Nem o Palio, lançado em 1996 chegou a intimida-lo. Em 1999 o lançamento do (nome comercial) G3 deu outra virada na sua carreira. Naquela época, além de ser um carro barato e popular, suas versões mais potentes brigavam com categorias superiores. Reestilizado novamente em 2006, essa plataforma deu adeus em 2013.


O Gol perdeu o posto de mais vendido (no ano) em 2014 para o Palio, mas a questão é que o Palio somava vendas da versão Fire com as versões mais caras, coisa que o Gol deixou de fazer em 2013. Vê-se que era só um jogo de palavras, tanto que em 2015 o Onix já assumia o trono. A era do Gol para frotas chegou ao fim e seu apelo de vendas também, ainda mais depois do lançamento do UP como carro mais barato da marca e cheio de pequenas tecnologias.

Mas voltando a questão do usado. O Gol sempre será um carro bom de mercado, tanto que hoje ele é o campeão de vendas entre os "não-novos". Mesmo que seja uma versão pelada, as pessoas prestarão atenção pois ele tem boa fama. Manutenção barata, robustez e confiabilidade são conhecidas dos brasileiros há mais de 30 anos. Os únicos cuidados que eu recomendo fortemente é manter sempre um padrão de revisão mecânica.


Os motores 1.0 16v, na minha opinião, não prestam. Alguns podem até defender, mas eu mexo muito com mercado de usados, e por experiência digo que esses motores não são bons. Já os 1.0 8v e qualquer outra cilindrada, principalmente nos motores AP, pode ir com fé! Eu sempre digo que o Gol não é um carro que não dá manutenção, ele até visita bastante a oficina depois de certa km nas costas, mas é tudo muito simples e barato.

Já faz tempo que eu digo que o mercado mudou, que ninguém mais quer carro básico e que ar e direção já deixaram de ser luxo. No caso do Gol, é difícil achar bons acessórios nos bolinha, salvo nas versões GLS e GTi, mas aí é difícil achar o carro inteiro. Você achará Gol em boas condições a partir de 7 mil reais (1995 a 2005 special), cerca de 10 mil nos 1999 a 2005 e os 2006 encontram-se partindo de 15 mil. Pense sempre em quatro portas e pesquise que dá pra achar Gol completo.


Respeitando cada padrão, a galeria traz três versões especiais para fãs do pequeno Vw. O Gol GTi 1995 (sim, aquele com o calombo no capô), o 1.0 Turbo de 112cv e o 1.6 Rallye (Top de Linha dessa última leva). E no vídeo, uma da nova fase de Slash, a lenda incansável!