Ele pertence a onda de veículos que chegou ao Brasil, com a liberação das importações, no início dos anos 1990 e originalmente foi comprado por alguém com muito dinheiro. Ano passado eu tive a chance de fazer uma avaliação nesse carro, que de currículo assusta até os top de linha mais novos. Mas atenção, esse é um modelo que exige muita cautela, na verdade eu arrisco dizer que hoje em dia não exista quase nenhum à venda em condições realmente boas. O Volvo 850!
Fabricado entre 1992 e 1997, o O Volvo 850 é um sedan de luxo (também disponível na versão SW) nos moldes de qualquer bom BMW, Mercedes e Audi. A unidade em questão era uma 2.0 aspirada com 170cv de potência, contava todos os equipamentos possíveis num carro dessa categoria, incluindo bancos de couro e teto solar elétrico. Com câmbio automático a sensação é que não se aproveita tão bem toda a cavalaria, mas um carro desse nível só se encontra nessa configuração.
Há uma ressalva das grandes quando se fala em automáticos no mercado de usados. Carros até o início dos anos 2000 não são tão recomendados a não ser que uma avaliação técnica aponte que estão em perfeitas condições, porque além da manutenção muito cara, as caixas dos anos 1980 e 1990 não tem os avanços tecnológicos que os carros mais novos têm. No geral eu tenho um grande receio com automáticos. Mas mesmo assim eu estava disposto a assumir alguns riscos depois de andar com esse Volvo.
Só há dois problemas sérios quando se avalia um carro dessa categoria e idade, aliás, problemas bem característicos desse modelo. Suspensão e (justamente) Câmbio, são as duas partes do carro que precisam ser minuciosamente avaliadas para garantir que não estão com problemas, pois o conserto supera facilmente o custo do carro no mercado. E para minha "surpresa", apesar de estar andando aparentemente bem, uma pisada mais forte no acelerador e uma passagem por rua esburacada revelavam a verdade por baixo da carroceria bem cuidada.
Os típicos barulhinhos ao passar por buracos não podem ser ignorados num carro desse, bem como a sensação de se estar dirigindo um biarticulado ao pisar fundo no acelerador. Eu nunca havia dirigido esse modelo, mas achei estranho. Em uma oficina especializada veio o veredito, o carro estava com a caixa em ponto e quebra e a suspensão já havia passado dessa para uma pior a muito tempo. Conclusão, para deixar esse carro em dia seriam necessários cerca de 7 mil reais, para um custo de negócio próximo de 10 mil a proposta era inviável.
Além do tamanho, motor e nível de equipamentos, outra coisa que chama a minha atenção nesse carro é o desenho. Esse estilo quadrado e imponente combina com um sedan dos anos 1990. Com belas rodas e um ronco bacana (esse carro aliás era equipado com escape esportivo, chegava a ser exagerado) é uma combinação e tanto para chamar atenção nas ruas. Outros modelos com esse mesmo espírito são os Famosos Accord de 1994 a 1997 e com muita sorte se encontra um Nissan Maxima por aí. Fora os famosos, porém outro nível, 325, C180 e A4.
Falar em preço é bem complicado, mas um 850 sedan deve custar em torno de 10 a 12 mil reais, a versão perua pode ser um pouco mais cara. Mas não adianta, um carro desse precisa ser virado do avesso antes de comprar e só fechar negócio se você se apaixonar perdidamente por ele, porque é pra casar! A tarefa de tentar vender um desses é tão ou mais complicada do que achar um que preste. Mas no meu caso, valeu e muito a experiência de avalia-lo!
Sobre as fotos, a primeira é de um modelo impecável como da época de novo, enquanto a segunda é do veículo efetivamente em negociação na ocasião.
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