quarta-feira, 20 de abril de 2016

Guia do Usado - GM Vectra

Aí vai um carro que eu tenho certeza que tem muitos admiradores. Eleito por diversas vezes como um dos carros mais emblemáticos dos anos 1990/2000, ocupava lugar nas garagens dos empresários e figurões da época. Reinou soberano diante de seus primeiros concorrentes e sua versão Collection de 2005 costuma ser mais cara que os 2006/2007 da geração posterior. Potência bruta, design arrojado, conforto e acessórios do que havia de melhor na época. O Chevrolet Vectra foi, e ainda é, sonho de muita gente!


Lançado no Brasil, vindo da Europa, nos idos de 1992/93, o destaque da primeira geração do Vectra é a versão GSi. Naquele tempo seu desenho era muito próximo ao do Astra que passou por aqui entre 1995 e 1998. Eu diria que o Vectra já chamava atenção, mas aquela geração perdia para o Monza em beleza exterior. Foi em 1997 que chegou o carro que viraria o mercado. Disponível desde os pobres GL até os top CD, alí que o sedan caiu no gosto do público de verdade.

O desenho clássico do Vectra vai de 1997 até 2005, com uma reestilização que o tornou mais contemporâneo e agressivo em 2000. Os motores dessa geração eram os clássicos 2.0 e 2.2, ambos eram originados dos 1.8 dos anos 1980 que a GM lançou com os Monza. Aliás, até o 2.4 da geração de 2006 e acima era proveniente daqueles. Algumas versões merecem destaque. O CD 1998 era um deles. Na versão com motor 2.2, os mais completos vinham com banco de couro e teto solar elétrico, além do painel digital. Era uma verdadeira nave.


Nas versões pós-2000 dá pra destacar os Challenge e Millenium, esses modelos são muito respeitados entre os sedan ainda hoje em dia, mesmo com mais de 10 anos nas costas. E claro, a versão Collection, a que aposentou a carroceria clássica, datada de 2005. Essa última versão é tão rara que numa busca pelos anúncios da internet, se você encontrar dois ou três na sua cidade vai ser muito. Lógico, depois disso ainda veio a última geração, que para os puristas não vale tanto assim, pois era na verdade a nacionalização do Astra europeu. Mas era um ótimo carro, com certeza.

Mas deve ser caro manter um Vectra, você se pergunta. Bom, se formos comparar com a manutenção de um Corsa, Uno, ou qualquer outro popular é claro que há uma diferença. Mas para andar com tal classe é necessário investimento. Aqui a grande questão é que vale a pena investir mais na hora da compra, por um carro que esteja realmente bom, do que arriscar levar um "preço de ocasião", porque motor Chevrolet quando começa a dar problema tem que preparar o bolso.


Eu o conduzi em uma ocasião apenas, era justamente o tal CD 1998. Foi na CCV próxima do ginásio do tarumã. Um rápido teste drive, disfarçando que eu teria alguma condição de trocar meu velho Chevette por uma maquina daquelas. Foi o suficiente para saber que aquele modelo era fantástico. Da pra dizer que a sensação de dirigir, aquele prazer que se sente ao volante, é um pouco parecida com a do Monza (seu antecessor oficial). Mas o Vectra guarda um quê a mais que o ícone dos anos 1980.

Esses guias são curtos e objetivos, são mais como uma opinião do dono (ou nesses casos, do fã) que servem para colocar a pulga atrás da orelha de quem tem vontade de comprar uma das joias descritas. E falando em comprar, vamos aos preços. Primeira geração, até 10 mil reais por um modelo impecável. Segunda (1997 a 1999) até 13 mil se acha um muito bom com km coerente com seu ano. De 2000 a 2004 já saltam pra mais de 15 mil, alguns quase 20. E a clássica versão 2005 pode preparar uns 25 mil. Na geração pós 2006 os carros ainda custam mais de 25 mil, pois já são quase seminovos já que estamos falando de uma categoria superior.


Para os mais atentos, as imagens em ordem são do CD 1998, Collection 2005 e Elite 2008. E no vídeo, o mestre do Blues, o lendário BB King! Aquele abraço!

terça-feira, 12 de abril de 2016

Guia do Antigo - Toyota Bandeirante

Admito que com essa eu estou apelando para um carro bem incomum, mas eu gosto de falar daqueles modelos que eu conheço pelo menos alguma coisa. Não sei nem se da pra chamar de carro. As versões fechadas são Jipe (Jipe de verdade, não SUV) e as versões com carroceria tem mais semelhanças com caminhão do que qualquer outra coisa. Eu tive a oportunidade de dirigir uma raridade de 1964 e uma de 1980, ambas pertenciam a um primo meu, grande fã do modelo. Ele é o Toyota Bandeirante.


Fabricado no Brasil entre 1962 e 2001, praticamente sem grandes alterações no seu desenho, o Bandeirante é irmão do japonês Land Cruiser. Ele possui uma legião de fãs tanto no universo aventureiro dos 4x4 como entre aqueles que os usam para o trabalho. Disponível nas versões com chassi curto e longo, carroceria fechada, cabine simples, cabine dupla e caçamba de metal ou madeira. A robustez e confiança da marca só tem a avalizar seus admiradores.

Os motores à Diesel são os mesmos usados nos caminhões 608 da Mercedes-Benz, o que deixa bem claro seu parentesco com a categoria dos brutos. Não posso opinar muito sobre a manutenção, mas garanto que não é nada em níveis monetários absurdos. Só sei que são motores que precisam de profissionais bem capacitados, não é qualquer mecânico que consegue um bom acerto neles. Aprendi isso com as Kombi à Diesel. Não é um carro que tem potência de velocidade final, mas sobem até montanha.


Minha experiência com o Azul 1964 foi justamente em um trecho de estrada de terra próximo a cidade de Rio Branco do Sul, nos entornos de Curitiba. Ladeiras de terra com aquelas valas no meio da pista não são nada para a capacidade desses carros de passar por cima de quase tudo. Já com a marrom de 1980 foi um trecho urbano de poucas quadras, aquele ronco de caminhão deixa bem claro que você não está dirigindo um carro normal. Eu não sei o termo técnico, mas a embreagem necessita de várias pisadas para conseguir trocar de marcha, coisa que descobri a muito custo.

Força. Essa palavra descreve bem esse modelo, que foi muito utilizado em frotas de empresas nos anos 1980 e 1990, que só depois acabaram adotando Ranger, L200 e Hilux cabine duplas. No final dos anos 1990 ele já não fazia tanto sentido, visto que o mercado já queria algo mais confortável e com contornos mais modernos, mas houve um tempo que ele não sabia o que eram concorrentes. Hoje em dia vemos algumas unidades bem surradas, típicas de quem trabalha muito, e algumas versões fechadas com adaptações extremas para o uso fora de estrada.


Não é um veículo tão comum no mundo dos antigos, mas com certeza uma versão bem cuidada chama muita atenção. Entre as versões Jipe da pra encontrar até umas com teto de lona famosas no meio Off Road. Meu estilo é mais de observar e aguardar os carros virem até mim, e se aparecer em desses, olharei com bastante atenção. No geral todos os carros do Guia de Antigos não são 100% eficientes como único carro da família, mas são diversão garantida como opção adicional na garagem!

Para fechar, é claro, temos que falar um pouco do mercado. Como todo carro de nicho, a negociação nem sempre é simples ou rápida, mas o comprador certo sempre pode estar atrás do seu anúncio. Eu já vi unidades de caçamba de madeira, as menos valorizadas, na casa de 15 mil reais. Enquanto que um Jipe bem cuidado acima de 1990 pode chegar a mais de 50 mil! Lógico que o estado de conservação é o que irá determinar, mas pela dificuldade em acha-los, até carros não tão impecáveis devem ser levados em conta.


Aqui cabe um comentário extra. A banda de hoje era uma total desconhecida para mim até uma semana atrás. Achei muito boa e aqui está! Styx!

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Guia do Usado - Volvo 850

Ele pertence a onda de veículos que chegou ao Brasil, com a liberação das importações, no início dos anos 1990 e originalmente foi comprado por alguém com muito dinheiro. Ano passado eu tive a chance de fazer uma avaliação nesse carro, que de currículo assusta até os top de linha mais novos. Mas atenção, esse é um modelo que exige muita cautela, na verdade eu arrisco dizer que hoje em dia não exista quase nenhum à venda em condições realmente boas. O Volvo 850!


Fabricado entre 1992 e 1997, o O Volvo 850 é um sedan de luxo (também disponível na versão SW) nos moldes de qualquer bom BMW, Mercedes e Audi. A unidade em questão era uma 2.0 aspirada com 170cv de potência, contava todos os equipamentos possíveis num carro dessa categoria, incluindo bancos de couro e teto solar elétrico. Com câmbio automático a sensação é que não se aproveita tão bem toda a cavalaria, mas um carro desse nível só se encontra nessa configuração.

Há uma ressalva das grandes quando se fala em automáticos no mercado de usados. Carros até o início dos anos 2000 não são tão recomendados a não ser que uma avaliação técnica aponte que estão em perfeitas condições, porque além da manutenção muito cara, as caixas dos anos 1980 e 1990 não tem os avanços tecnológicos que os carros mais novos têm. No geral eu tenho um grande receio com automáticos. Mas mesmo assim eu estava disposto a assumir alguns riscos depois de andar com esse Volvo.


Só há dois problemas sérios quando se avalia um carro dessa categoria e idade, aliás, problemas bem característicos desse modelo. Suspensão e (justamente) Câmbio, são as duas partes do carro que precisam ser minuciosamente avaliadas para garantir que não estão com problemas, pois o conserto supera facilmente o custo do carro no mercado. E para minha "surpresa", apesar de estar andando aparentemente bem, uma pisada mais forte no acelerador e uma passagem por rua esburacada revelavam a verdade por baixo da carroceria bem cuidada.

Os típicos barulhinhos ao passar por buracos não podem ser ignorados num carro desse, bem como a sensação de se estar dirigindo um biarticulado ao pisar fundo no acelerador. Eu nunca havia dirigido esse modelo, mas achei estranho. Em uma oficina especializada veio o veredito, o carro estava com a caixa em ponto e quebra e a suspensão já havia passado dessa para uma pior a muito tempo. Conclusão, para deixar esse carro em dia seriam necessários cerca de 7 mil reais, para um custo de negócio próximo de 10 mil a proposta era inviável.


Além do tamanho, motor e nível de equipamentos, outra coisa que chama a minha atenção nesse carro é o desenho. Esse estilo quadrado e imponente combina com um sedan dos anos 1990. Com belas rodas e um ronco bacana (esse carro aliás era equipado com escape esportivo, chegava a ser exagerado) é uma combinação e tanto para chamar atenção nas ruas. Outros modelos com esse mesmo espírito são os Famosos Accord de 1994 a 1997 e com muita sorte se encontra um Nissan Maxima por aí. Fora os famosos, porém outro nível, 325, C180 e A4.

Falar em preço é bem complicado, mas um 850 sedan deve custar em torno de 10 a 12 mil reais, a versão perua pode ser um pouco mais cara. Mas não adianta, um carro desse precisa ser virado do avesso antes de comprar e só fechar negócio se você se apaixonar perdidamente por ele, porque é pra casar! A tarefa de tentar vender um desses é tão ou mais complicada do que achar um que preste. Mas no meu caso, valeu e muito a experiência de avalia-lo!


Sobre as fotos, a primeira é de um modelo impecável como da época de novo, enquanto a segunda é do veículo efetivamente em negociação na ocasião.