sábado, 30 de março de 2013

O esforço que ninguém vê.

Como seres humanos, somos movidos não só pelo que entendemos, mas também pelo que supomos. Que atire a primeira pedra quem nunca sentiu inveja, quem nunca fez um julgamento precipitado, ou ainda um simples comentário maldoso. A questão é que quando se trata se bens, status e convívio social nem sempre somos boas pessoas. Eu gostaria muito de dizer que é a hora de mudar, de parar de errar quando tratamos o próximo, mas como sei que não é nada fácil, me limito a dizer que é hora de refletir.


Desde criança somos moldados a pensar assim, quando um amigo tinha carrinhos melhores que os seus, quando você via a bicicleta mais cara, que muitas vezes nem era tão melhor assim. E no fim das contas não há uma forma ideal de educar para que seus filhos não sintam nada disso. Claro que não deve ser bom uma criança ouvir da boca dos próprios pais que o outro tem coisas melhores porque fez algo de errado ou ilícito. Mas também não há como explicar a uma criança as injustiças do mundo, não há como explicar o que é falsidade ou puxa-saquismo tão cedo assim. Eu que descobri muita coisa sozinho sou grato aos meus pais por terem me ensinado que uma série de coisas são simplesmente erradas. E por um grande respeito nem sequer questionei, apenas sei que são erradas. Por isso nunca ensine alguém a tirar vantagem, ensine os valores da honestidade e do respeito.

Quando falamos de inveja eu sinto um profundo desânimo. Tudo bem que há situações em que todos devemos concordar que a sorte sorri forte para alguns lados, mas duas coisas devem ser levadas em conta, uma é que a sorte está para todos e eu não conheço ninguém que já não tenha sido o premiado, a outra é que mesmo com uma sorte grande há sempre uma outra parte a se fazer. Aquela história de vêm fácil vai fácil é a desculpa perfeita dos grandes invejosos, tanto dos que tiveram sorte e não tiveram a sabedoria de fazer do limão uma limonada como daqueles que não tem o limão e também não enxergam as oportunidades a sua volta. Ou pior ainda, sentir inveja é admitir o quanto você é fraco e não é capaz de construir sua própria vida. Ninguém está blindado contra esse sentimento, às vezes você é automaticamente atingido por um tipo de inveja ao ver seu amigo chegando naquele carro novo. É normal! Só não deve ser destrutivo, nunca! Quando sentir algo assim pense nas escolhas que você tomou, nas suas próprias conquistas e, se for tão forte assim, no que você precisa fazer para ter um carro igual. Mas o grande mal não pára por aí, no fundo você não quer um carro igual, quer um melhor...


E o esforço invisível? Tudo que cada pessoa fez no íntimo de sua alma, ou nas ações que desempenhou na vida, buscando chegar onde está. Eu sempre penso que ao entrarmos numa faculdade ou universidade somos um pedaço de argila que apenas estava parado, sujeito a ação do tempo. Nessa fase, tão importante da vida de uma pessoa, é que serão desenvolvidos e aperfeiçoados muitos dos valores que essa pessoa tem consigo mas nem sabe. Se você veio de família rica há uma boa possibilidade de continuar no mesmo mundo, mas se sua família, mesmo rica, tinha problemas de relacionamento, é a hora de tentar melhorar o que você vê no seu futuro. Se a situação não era tão boa talvez você desenvolva um apetite pelo dinheiro, mas se as dificuldades sempre foram superadas com esforço e aconchego de um bom ambiente familiar, talvez você queira apenas ter uma vida feliz, e não necessariamente ter tudo o que não teve. Sei lá, já estou pirando um pouco, mas o que quero dizer realmente é que nós não sabemos quais foram os esforços do outro para chegar onde está, por isso não podemos julgar.

Cada um determina o que é importante para si mesmo. Já disse isso muitas vezes, e pode parecer que é só uma deixa para puxar a sardinha para o lado dos carros velhos de novo, mas é verdade, há quem se importe em dizer que o seu carro é zero km, outras pessoas não. Há muitas pessoas que abrem mão de um grande potencial poupador, um grande potencial de investimentos, porque estão sempre comprometidas com a parcela de um automóvel. Estão errados? Talvez não, talvez o bem estar esteja justamente em pagar o ipva mais caro, mas ao mesmo tempo ter aquele carrinho que a cada três ou seis meses pára na concessionária para fazer uma revisão e é mais difícil que essa pessoa fique na mão mesmo. Há pessoas que não se importam em entender de carro, só estão mesmo interessadas em ir e vir, sem graça, sem estilo, bom enfim, já estou criticando, viram como é fácil?


Mas um coisa que eu nunca esquecerei é do esforço da minha mãe em manter uma casa em pé, com meu pai doente (que depois viria a falecer). Lógico que eu tenho grandes lembranças do meu pai, de como ele me levava caminhando para a escola todos os dias, de como passeávamos no parque, eu de bicicleta e ele caminhando, sempre com aquele ar sereno, tranquilo, gostava de fazer brincadeiras, fazia piadas, adorava uma carne assada e uma maionese no domingo. Mas de fato não esquecerei dos problemas e dificuldades que passamos, dos tombos que levei da vida, do assalto que limpou nossa casa quando eu tinha quinze anos, e aquilo realmente me marcou muito, pois no dia seguinte eu acordei e não havia mais som, não havia mais video game, não havia sequer a lamborghini de brinquedo que eu sei que minha mãe comprou com muita economia, até isso não havia mais. Os dias, semanas e meses que seguiram foram extremamente difíceis.

O que eu sei é que todas as pessoas tem uma história, todos tem uma bagagem que ajuda a nos moldar para o futuro. E a forma como agimos, a forma como vamos ver a vida pela janela todas as manhãs é a forma como nosso legado nos ensina. Portanto, eu não acho que inveja e falsidade sejam coisas boas e tento não deixar essas coisas entrarem na minha vida. Mas sabemos que do nosso lado sempre haverão pessoas movidas pela imagem, cujas armas para se manterem "acima" serão nada além de mentiras e uma poderosa habilidade de desejar o mal para os que tentarem aparecer mais que ela.


É, talvez o post como um todo tenha ficado meio pesado, mas é assim, eu acabo escrevendo o que penso e da forma como sinto. E não, não é porque algo de ruim aconteceu, mas sim porque realmente eu acho que é a hora de refletir sobre isso.

E para fechar, o ensaio da semana é uma homenagem a Autolatina (não sabe o que é procure no google). No topo, o Santana da Ford, Versailles. Na sequência, o Verona na versão primo rico, Apollo. E por fim, nada mais a ver com o tema da semana, os carros que foram responsáveis pelo fim da união, os desentendimentos começaram porque a Ford nunca teve o Poiter ou o Logus, que no fim das contas foram as grandes estrelas desse casamento.

E no vídeo da semana, mantendo a minha linha de colocar clássicos do rock para o meu filho desde cedo, escutem, e assistam, o que embalou o sono do meu pequeno enquanto eu escrevia.


Uma das grandes versões de um clássico! Obrigado galera, até mais!

domingo, 24 de março de 2013

Classe social e o modo de agir.

Apesar de vivermos numa sociedade livre e, em teoria, qualquer um tem o direito de ir e vir, é inevitável perceber que certos lugares são feitos para ricos e outros são os famosos lugares de pobre. Mas até que ponto o salário e bens de uma pessoa determinam se ela é rica ou pobre? Esse status não estaria muito mais ligado às atitudes do que o limite do cartão de crédito? É sobre isso que falamos hoje!


Os lugares VIPs, os camarotes, e tudo mais que é reservado àqueles que pagam mais por alguma coisa, são discriminações claras entre pessoas que tem o mesmo interesse. Um show é exemplo claro, no entanto, do quanto o evento pode ser distintamente aproveitado. Enquanto o povo da pista pula e sente a vibração de uma multidão que está lá para ouvir e sentir um show, nas arquibancadas há cadeiras para quem quer ouvir, ver e curtir de uma forma diferente. Mas, há sempre o camarote vip, cheio de gente que muitas vezes nem sabe de quem é o show, e está apenas preocupado em dizer que foi, gastou muito em bebida, e nem sabe onde era o palco. Todos tem a sua opinião, e assim como há um meio termo nos shows de rock que é a arquibancada, há também um meio termo na sociedade, que faz com que pessoas comuns tenham a sofisticação de apreciar o melhor da culinária mais exótica e mesmo assim ser simples a ponto de dizer que não tem dinheiro às vezes e precisa economizar.

Quando você viaja a alguma cidade que nunca foi, você é daqueles que apenas escolhe o pacote mais caro,  no qual só é levado onde acreditam estar as melhores coisas; ou você é daqueles que escolhe o pacote mais barato, que coube no orçamento, mesmo que limitado ao mais básico? Não importa o que você tenha respondido, se a sua opção foi o pacote você já começou em desvantagem. Nunca deixe que os outros escolham aquilo que você irá fazer. Pegue sugestões, compre um ou outro passeio, mas fique livre para ir onde nem todo mundo vai. Pesquise, explore, arrisque-se um pouco se preciso, e às vezes volte com uma visão diferente de tudo que já ouviu. Não há nada melhor do que a sensação de ter aproveitado de verdade um lugar.

Ricos são esnobe, pobres são mau educados. Será mesmo que essa não é só mais uma questão de atitude? Pessoas que hoje desfrutam de uma confortável situação financeira podem muito bem ter ter aprendido ao longo dos anos que a simplicidade é uma das armas para se manter bem num mundo que não sabemos do dia de amanhã. Assim como pessoas que passam por muitas dificuldades financeiras podem, ainda mais hoje em dia, ter acesso fácil e rápido a informação. E acreditem, quanto mais informada for uma pessoa, menos ela tratará mal os outros. Mas qual é essa relação? A pessoa informada sabe que não se consegue nada sozinho, a pessoa informada entende melhor diferentes pontos de vista, a pessoa informada é capaz de tomar decisões baseadas na inteligencia e não mais na força. Informação é a chave para entrar de cabeça erguida e sair vivo, de um evento da mais alta sociedade até uma vila mal vista do subúrbio.


Então há uma comparação entre a nata da sociedade e o submundo? Claro! E o grande elo de ligação está no crime organizado. Megaempresários mandam matar autoridades para não perderem sua fatia do mercado, enquanto os bandidos que vendem sua alma por qualquer quantia topam puxar o gatilho em nome de ninguém. E onde ficamos? Bom, ficamos nas arquibancadas, mas infelizmente nesse show nós somos o pior lugar.

Se você se julga um pobre, saiba que a sua mente é seu pior inimigo. Sempre limitando você às opções mais básicas da vida. Sempre iludindo que se você andar na moda ninguém suspeitará que há uma dívida imensa por trás desse sorriso amarelo! Pare de se achar o rejeitado da sociedade e planeje um futuro melhor. Com estudo, com vontade, com ideias. Ao economizar 50 reais em um mês você terá o começo de uma poupança, que pode virar uma boa reserva, que pode começar a lhe dar retornos. Só depende de você e de ninguém mais. Avalie suas finanças e diga à você mesmo como economizar e começar a colher bons frutos. Se sua mente mudar, se der importância ao que vale a pena, logo sua vida vai mudar.

Agora você, que se acha o maioral, que vai nas baladas caras e anda por aí com uma placa dizendo que é rico. Só lhe desejo sorte para continuar assim. Uma coisa que percebi nos últimos tempos é que pessoas que ganham mais do que um determinado salário não precisam de nenhum conselho financeiro, porque por mais burras que elas sejam, elas não conseguem gastar errado. Sabe qual é esse salário? Muito mais do que você pode imaginar. Porque a grande verdade é que não importa o quanto você ganha, um salário de 20 mil pode ser inútil se o seu custo de vida for maior que isso. E como os ricos são burros, como tomam dinheiro emprestado, como compram coisas que não precisam, como se endividam e passam a viver num circuito de preciso do meu alto salário se não não pago minhas dívidas.


Se alguém ganha mil reais por mês e acha que é pouco, é porque claramente não está conseguindo abrir mão de alguns luxos que devem invariavelmente ser deixados de lado. Se alguém ganha dez mil reais e acha pouco é porque lhe subiu a cabeça uma sensação de poder que ele acha que será para sempre. Mas se alguém ganha mil, dois mil, três mil e acha que o que importa não é o ganho, mas sim o gasto, esse alguém sabe que uma crise pode vir, como uma promoção, mas sua mente não mudará, pois a sabedoria é capaz de transformar o pouco, não em muito, mas no suficiente.

No ensaio da semana, os carros velhos que talvez não sejam clássicos, mas que valem muito mais do que um financiamento pra dizer que anda de carro novo. Belina, Monza e Chevette!

Por fim, vídeo da semana, sem muita enrrolação, apenas curtam.


Tido oficialmente como a continuação de November Rain, um clássico do Guns N' Roses!

Obrigado!

sábado, 16 de março de 2013

Quantas vezes ficamos pelo caminho...

Era uma frase simples, a vi num filme, era mais ou menos assim: os covardes nunca tentam, os fracos ficam pelo caminho, só os fortes conseguem chegar ao seu destino. Pensar em quantas vezes ficamos pelo caminho é também refletir em quantas vezes não tivemos a coragem de tentar e, é claro, nas vezes em que conquistamos aquilo que queríamos. Ninguém é 100% forte, ninguém é 100% covarde, mas está nas suas mãos fazer a melhor combinação desses resultados e nunca se arrepender.


Seja na hora de tomar decisões econômicas ou não, todos os dias ao acordar já somos obrigados a tomar decisões que podem manter tudo como está ou mudar de formas que não poderão voltar atrás. Quantas vezes ficamos insatisfeitos com algo? Com atitudes de pessoas que cruzamos no nosso caminho, com pequenas injustiças que nos fazem ver o quanto somos frágeis, com situações que não podemos mudar, ou talvez tenhamos medo de mudar. Viver é 50% tudo que quero fazer, 30% tudo que devo fazer e 20% tudo que tenho medo de fazer. Para alguns é 90% medo e 10% obrigação. Não fique parado achando que o vento lhe trará a solução para seus problemas. Mas acredite, a estrada é tão longa que quando você resolver tudo que lhe afligia nem sequer lembrará como decidiu dar o primeiro passo. Às vezes um empurrãozinho formal, às vezes uma inspiração daquela que está ao seu lado, às vezes um simples acordar que certas coisas não precisam ser eternamente as mesmas coisas.

Um covarde pode ser aquele que nunca teve a coragem de se arriscar num determinado negócio. É covardia não investir na bolsa de valores? Não. Mas é covardia ter vontade e não tentar. É fraqueza não aumentar suas apostas quando se enxerga claramente a chance de ganhar mais? Sim, mas também é prova de pé no chão e pouca ganância. Não importa se ganhei 50 reais ou 50 mil reais. O que importa é que tomei decisões certas e na proporção do risco que eu poderia correr. É sinal de força resistir à derrubada dos juros enquanto o mundo me manda comprar? Bom, aí eu acredito que é sim um sinal de força. Mas não de uma força que irá me promover ao cara mais sábio do universo, mas sim aquela força que eu preciso para dar a minha família o que ela precisa, sem correr o risco de enfrentar as pequenas cordas no pescoço que vão enforcando aos poucos os prazeres da vida.


Já disse várias vezes e repito agora, não defendo nada, apenas dou meu ponto de vista, digo aquilo que eu acho que serve sim de solução para pessoas que tem problemas com dinheiro. É possível conviver com as dívidas? Sim, desde que você ganhe mais que elas. Porque assim não serão dívidas, mas sim contas. É inteligente pagar mais caro para dizer que tem sempre o "melhor"? Nem sempre, mas é aí que eu não julgo. Se eu bato o pé e compro sempre a cerveja e o azeite de oliva mais caros, por que os outros não podem pagar os juros do financiamento, empréstimos e parcelamentos? Cada um vive a sua vida da forma que acha mais agradável. O que eu sempre prego é que as pessoas vivam essa vida da melhor forma para si mesmas, e não para os outros. É a minha velha revolta contra a pose, a imagem, o parecer ser. Enfim, creio que mais uma vez é o tipo de recado para aqueles que não vão ler, mas de qualquer forma está marcado.

Ninguém é obrigado a gostar de carros, na verdade a grande maioria apenas os usa para ir e vir. E mesmo que diga que gosta, mesmo que "idolatre" o seu, ainda assim vai sempre olhar para o lado e julgar, vai olhar e pensar que o seu é melhor, vai pensar porque não financia e compra um carro de verdade, quando na verdade para ir de A a B basta estar disposto a sair da inércia. Seja a pé, de bicicleta, de ônibus, de Fusca ou de Novo Fusca. O que importa é se sentir bem. Talvez seja esse sentimento que muitos acham que tem mas não tem. Esses tempos eu cheguei ao trabalho e comentei com alguns amigos que o mais legal do meu velho Fusca é que eu tinha, muitas vezes, que conversar com ele enquanto dirigia. Não conversar como se conversa com uma planta, ou com um bebê na barriga da mãe, mas um conversar de tempo de troca de marchas, de dosar a força exata de pressionar a embreagem, de saber o quanto você pode virar sem que o pneu raspe no pára-lama (essa é para os que gostam de carro rebaixado). Que me desculpem os pobres mortais, mas gostar de carro de verdade é conversar com o seu enquanto dirige. É saber os seus limites e também os seus pontos fortes. E não adianta, cada um tem seu perfil, há os que gostam de carro pequeno, há os que gostam de carro grande, há os que gostam de carros fáceis, há os que gostam de desafios.


Todos os dias somos um pouco covardes para algumas questões, somos fracos para outras, mas somos certamente fortes em sermos nós mesmos. Seja forte naquilo que lhe interessa, não naquilo que interessa aos outros. Trace seu plano hoje, vá executando um a um os passos que você definiu na sua própria estratégia, mas não conte a ninguém o que você está fazendo. Espere até o momento certo de dizer que esse problema não é mais seu. Apenas as pessoas de confiança vão saber em que ponto você está, até porque ninguém ganha uma guerra sozinho. Às vezes não me resta mais nada do que disparar uma mensagem de texto para aquela que vai me dizer para me acalmar antes de levantar e chutar tudo. Mas ela está certa, porque ainda não é a hora. E essa hora chega? Sim, pode ter certeza.

O ensaio da semana não tem nada a ver com covardia ou fraqueza, as imagens são de carros que dirigi, que definitivamente não eram para qualquer um. Um Toyota Bandeirante 1964, Uma Kombi diesel 1984 e um F4000 1974.

Por fim, o vídeo da semana repete uma sugestão que já dei antes, mas é sempre interessante escutar o Rock além dos mega hits.


E só para constar, esse é o lendário guitarrista do Thin Lizzy, Gary Moore, em carreira solo.

Abraços e muito obrigado!

segunda-feira, 11 de março de 2013

Bolsa de Valores III - Agora a coisa vai!

Olá galera, ao longo da pequena história de 88 posts do Rápidas, tive a audácia de escrever exclusivamente sobre Bolsa de Valores em duas oportunidades. E volto agora, pela terceira vez, um pouco mais maduro, um pouco mais calejado no assunto, para mandar de novo aquele conjunto de dicas para quem quiser entrar nesse mundo. Mas dessa vez a coisa vai ser um pouco diferente. Não vou falar sobre a conta na corretora que você precisa abrir, porque essa fase já passou, hoje vamos falar em proporções, e estratégia.


Venho falando em algumas ocasiões, que devido aos atuais níveis dos juros no Brasil, a bolsa pode ser encarada como uma forma muito sensata de ir em busca de ganhos adicionais de capital. Do jeito que as aplicações ditas sem risco estão, mal fazendo jus à inflação, não faria mal um ganho adicional sobre o seu capital, conquistado com muito suor e trabalho. Mas a velha atenção de sempre, e isso não posso deixar de frisar, dinheiro da bolsa é a sobra da sobra. É aquele saldo que sobrou além das obrigações do mês, além da cota de reserva, além da provisão de dívidas à vencer. Por favor, não façam como o louco aqui que pegou o dinheiro da parcela do consórcio, que estava parado na conta corrente, e decidiu comprar ações da OGX num momento de baixa. Bom, o resultado é que no dia seguinte eu vendi as ações com 15% de lucro e consegui tirar um troco extra antes do vencimento do consórcio. Mas a questão é que isso foi um momento de insanidade da minha parte, isso não se faz! É loucura usar de um recurso que tem destino certo para arriscar dessa forma. Do mesmo jeito que ganhei poderia ter perdido os 15%, ou até mais. Mas uma coisa eu garanto, foi emocionante e eu dei tanta risada quando vendi que as pessoas a minha volta me acharam meio louco. Mas vamos a proporção e estratégia.

A primeira coisa que você deve ter em mente antes de entrar na bolsa é definir uma estratégia de ataque. Essa estratégia será baseada nos recursos que você dispõe, na paciência e no tempo que você terá para acompanhar o pregão. Eu vou começar com um exemplo bem baixo que é para ilustrar como não é tão distante esse mundo. Digamos que você tenha 1000 reais para investir e tempo de entrar no seu home broker só uma vez ao dia. A dica fica em escolher uma única empresa com a ação de preço na casa dos 10 reais, comprar um lote de 100 ações dessa empresa e... esperar. Sim, pois bolsa é para os sábios, os pacientes, os sangue frio, os desapegados. Mas atenção, não vá feito um louco e escolha a primeira ação que vir na frente. Faça uma lista de papéis na casa do seu preço alvo e pesquise um pouco, a internet está cheia de sites com análises completas das empresas para lhe ajudar nessa hora.


Quando falo em estratégia é impossível não falar em proporção. E vocês notaram que eu disse para comprar um lote de 100 ações? Eu acho que essa é a quantidade ideal por empresa, ou por operação, para quem está começando a brincadeira. O que muita gente desconhece é que abaixo disso você estará comprando ações no fracionado, e é muito mais difícil executar ordens dessa maneira. Ou seja, até agora temos duas regras bem definidas. Não é a empresa que você quer comprar que pauta o quanto você vai gastar e sim o quanto você tem disponível que irá dizer que empresa comprar. E a outra é que lotes de 100 ações, ou múltiplos disso, são a forma mais segura e acertiva de ver suas ordens executarem sem stress adicional ou taxas extras.

Minhas dicas adicionais são, escolha empresas sólidas, com boa reputação no mercado e que apresentaram resultados consistentes do últimos períodos. Você não está sequer injetando dinheiro na companhia, você está apenas brincando de comprar e vender como se fossem figurinhas, não se esqueça que se trata do mercado secundário. Acompanhe as suas cotações ao menos uma vez por dia, nunca esqueça dos seus papéis pois você pode perder uma boa oportunidade em questão de minutos. Por mais maluco que pareça, seja racional, saiba que a regra básica é comprar na baixa e vender na alta, não erre nesse ponto se desesperando por qualquer perda e pulando fora como alguns que se afundam por aí. Esses são o mesmo tipo que empresta dinheiro para entrar, perde, não consegue pagar e se desespera.

Bolsa de valores não é como um investimento em empreendimento. Você não pode emprestar dinheiro de outros para apostar na bolsa. O risco tem que ser todo seu, assim como os eventuais lucros do negócio. Enfim, bolsa é diversão, é paixão, é vício, é tensão. É uma forma inteligente e emocionante de ver seu dinheiro crescer um pouco mais, ou de faze-lo desaparecer caso dê algo errado. Mas o que é a vida sem um pouco de emoção e suspense?


E para fechar, como não poderia deixar de ser, vamos explicar as imagens da semana. O ensaio é uma homenagem a dois dos melhores carros que existem no mundo e a um custo benefício imperdível para quem quer um pouco mais. Bom, minha teoria é simples, se o sujeito não tem quase nada de dinheiro e precisa de um carro, o carro ideal para ele é um Fusca, por ser barato, simples, valente e ter muita disponibilidade. Na segunda posição eu indico o Uno, que é um carro mais equilibrado, tem cara de carro mais normal, e é igualmente barato e confiável. Por fim, a perua mais racional do mercado de usados, Escort SW é um carro barato e completo, que exige apenas uma atenção na hora da compra pois sua manutenção pode dar dor de cabeça se não estiver em dia. Percebam que eu falo de carros acessíveis a qualquer um, pois eu não ligo para ano ou status, o que vale é que se você quer um carro você pode ter.

Chega de papo, vídeo da semana na sequencia, forte abraço e muito obrigado!


domingo, 3 de março de 2013

E o PIB cresceu 0,9%

Dica para a conversa de bar dessa semana, se alguém lhe perguntar "quanto cresceu o PIB do Brasil no último ano?" Você responde: "ridículos 0,9%!" Sou obrigado a admitir que é um resultado nada empolgante, mas que sem contexto também não quer dizer nada.


De quem é culpa pelo crescimento baixo? Há diversas justificativas, das quais farão uso a situação e a oposição. Enquanto um lado dirá que a culpa é da crise internacional, o outro lado culpará o governo. Mas querem saber a minha opinião? A culpa é do próprio Brasil. Ou para ser mais específico, dos brasileiros!

A estratégia de juros baixos adotada pelo governos nos últimos tempos possui um objetivos muito claro, com o crédito facilitado há estímulo para consumo, com o estímulo para consumo há demanda para produzir, e a demanda para produzir inspira novos investimentos na industria e no setor de serviços, esses novos investimentos irão gerar empregos que trazem mais assalariados ao mercado consumidor. Pois bem, com o plano todo traçado, o que pode dar errado? Muito simples, eu vejo duas falhas no sistema. Uma delas é que a economia se baseou por muito tempo na ilusão da geração de riquezas, riquezas essas que iam parar na mão de banqueiros. Se você reduz os juros e facilita o crédito, você aumenta o risco das operações o que fez com que os bancos apresentassem resultados ruins nos últimos anos. A segunda falha está na maldita ganância de quem não abre mão de extorquir cada vez mais o consumidor. O aumento do custo de vida das famílias foi tão grande nos últimos anos que o que deveria sobrar e empolgar uma onda de consumo de produtos além da cesta básica, acabou por ser destinado a simples manutenção do padrão de vida.


Ser brasileiro está mais caro. Em diversos setores da economia os preços subiram além dos limites da realidade. E uma pequena cúpula de empresários que estão recebendo os lucros abusivos tem usado seu dinheiro fora do país. Ajudando a aumentar o PIB inclusive de nossos vizinhos. A verdade é a ganância do empresariado brasileiro está tornando a vida de muitos mais difícil. E sabe por que o povo não vê isso? Porque para compensar a estratégia de ganhar mais e mais em cima do povo, o próprio povo está podendo gastar esse dinheiro. Então a coisa fica assim, o pobre de ontem agora tem um pouco mais de dinheiro para gastar com coisas que ele nem sabia o que era, os donos do negócio agora cobram mais caro do que cobravam antigamente, a classe média que estava acostumada a pagar um preço agora é obrigada a desembolsar cada vez mais devido o aumento das demandas, e o empresário pega essa diferença e vai gasta-la em outro lugar. Como resultado o lucro dos bancos, que sempre fez muita diferença, caiu, a inflação aumentou, o empresário não investiu, apenas pegou o lucro e vazou, e o Brasil não cresceu.

E por falar em ganância, a mente humana é uma das armas mais poderosas contra o bem estar de uma população. O maldito status, a necessidade de ter que parecer melhor que o outro, acaba colocando muitas pessoas em situação de endividamento sem volta, e o pior é que elas ainda acham que tem razão. Não basta ter uma casa para morar, eu preciso provar para todos que tenho uma vida financeira estável, então eu preciso bancar churrascos para me vangloriar de ser bem sucedido. Não basta ter um carro, tenho que agir fora da razão e fazer parecer que financiar um carro, pagar um carro e meio, vender o mesmo carro pela metade o preço e assumir uma nova dívida é o que pessoas inteligentes fazem. Chega de absurdos! Ser inteligente é chamar apenas os verdadeiros amigos para assar uma carne de vez em quando, onde todos se ajudam e ninguém está reparando se sua casa precisa de umas reformas. Ser inteligente é não se endividar. É ter um carro que te leva do ponto A ao ponto B, exatamente como os outros, mas que você pôde comprar porque tinha dinheiro. Bom, já não é de hoje que o brasileiro prefere morar na favela e ter um carro zero do que investir um pouco mais em infra-estrutura e andar com o carro que der. Afinal de contas carro chama atenção e dá status. Ser feliz e não ter dívidas não são coisas que as pessoas valorizam.


Seja quem você é, e não o que os outros esperam de você. Compre o que você pode comprar, e não o que irá te fazer parecer mais rico. Deite e durma pensando no que você vai conquistar amanhã, e não como você vai pagar a dívida de ontem.

Sei que eu falo muito de carros, sei que muitos podem pensar que eu gastaria quantias absurdas para deixar um carro chamando atenção e nesse casso estaria preocupado com o que os outros vão achar. Mas a grande questão é que carro para mim é personalidade e não status. Compro o que posso comprar e equipo do jeito que me faz sentir bem. Não compro o mais novo, talvez nem o melhor, mas aquele que eu me sinto melhor. E o ensaio de hoje traz justamente carros, que não são meus, mas que me fariam sentir bem, mesmo não sendo novos. Na primeira foto, ok, um clássico Karmann Ghia, mas na sequência uma GM Caravan e por último um conceito que tem me chamado muito atenção ultimamente, que são os importados baratos equipado, no caso, uma Daewoo Nubira.

No vídeo da semana, só mais um boa música daquelas para pensar, curtir, relaxar e refletir. Não queremos ter o que não temos, nós só queremos viver, com um mínimo de paz!


É isso aí galera, obrigado!!!