Hoje eu quero falar sobre um assunto que deve ser muito levado em conta quando o assunto é bem estar: quanto as coisas valem para você e quanto valem aos olhos dos outros. Seja na nossa vizinhança, no trabalho ou no trânsito, sempre estamos sendo observados e muitos dos olhos são como holofotes para quem se deixa levar pelos hábitos de uma sociedade pautada no status. Não é porque a desigualdade de renda é tão absurda no Brasil que precisamos abrir mão de todos os confortos da vida, mas comprar e se endividar por mera imagem é o que não devemos nem podemos fazer.
O status é um dos "valores" mais importantes da mentalidade atual das pessoas. Você não é nada se não tiver um carro novo, um smartphone, roupas de marca e por ai vai. Mas até que ponto tudo isso lhe faz tão bem? A resposta é que se pelo menos uma dessas aquisições está lhe tirando o sono ou lhe fazendo refazer as contas antes de decidir sair no fim de semana, você caiu na armadilha do consumo e sua relação custo x qualidade está seriamente prejudicada. Não falamos de uma sociedade onde alguns ganham muito e muitos ganham bem menos, há anos atrás certas coisas eram privilégios das classes A e B e os pobres mortais nem imaginavam. A internet e a mídia ajudaram a trazer mais perto as coisas que não tínhamos acesso. E o preço disso é a dívida x a imagem. Se você quer você pode, mais você irá pagar o meu lucro, que também aumentou. Se a classe C já pode viajar para a Europa, a classe A (que é dona da agência de viagem e talvez da companhia aérea) passa as férias em Dubai.
Estava eu tranquilo voltando do trabalho em meu Fusca enquanto pensava, qual seria o percentual daqueles carros que estavam rodando em minha volta que foram comprados sem sequer cinco mil reais de entrada e as prestações estão à perder de vista. Lógico que eu abro mão de muita coisa, abro mão de um bocado de conforto, abro mão de uma motorização mais forte, abro mão de ser normal naquela hora. Mas ganho o estilo impagável e o sentimento, que conquistei com muito esforço, que é o de não me importar com a opinião dos outros com relação ao que eu tenho! Me importo sim com a sua opinião quanto aos meus textos, me preocupo em agradar e cativar leitores, me preocupo em ser uma alternativa agradável de leitura para quem gosta de refletir sobre os temas que moldam esse blog. Mas não me importo no que os que estão em volta pensam quando eu passo em meu Fusca levemente rebaixado com rodas de liga leve e um carisma que só o carro do povo tem!
Você sabe quanto os senadores da república ganharam em dezembro de 2012? Com o salário normal, 13º, bonificações e outros extras, o bruto em seus holerites foi de aproximadamente 80 mil reais! Lembro quando esse valor era suficiente para comprar dois apartamentos nos conjuntos residenciais da região do boa vista aqui em Curitiba. Hoje ainda da pra comprar um ap usado. Mas não é nisso que os políticos gastam. Brasília é a cidade no Brasil onde mais se consomem automóveis de luxo (leia-se com valores entre 100 e 500 mil reais). Acho que já sabemos onde vai parte do salários dos nossos parlamentares. O que eu acho mais legal é que somos nós é que pagamos essa conta. Ou seja, eu que ando de Fusca, eu que sofro para financiar um Uninho zero, porque mesmo que a calota seja opcional e o carro nem venha com marcador de gasolina, é zero! Eu ajudo a bancar a Mercedes, Bmw, Land Rover e outros carrões que nossos políticos usam para desfilar por aí.
Recentemente ouvi ainda a história de um cara muito rico, empresário, desses que compram carros como Evoque, o Land Rover mais estiloso que já se produziu. O carro da primeira foto. Mas o cara não está nem aí, ele compra o carro porque tem dinheiro, usa como se estivesse dirigindo o Gol quadrado que eu usava quando era motorista de estofaria, ou seja, sem a mínima consideração. Que me desculpe meu antigo chefe se um dia ler isso, mas o golzinho era levado ao extremo e não só por mim. Ele também dirigia assim. Mas essa não é a questão, a questão é que o dono do Evoque não dá valor ao que tem, porque sabe que poderia ter uma frota desses. Se um dia eu conseguir comprar uma Pajero daquelas usadas já vou trata-la como se fosse de ouro! É tudo uma questão de valorizar aquilo que você conquista e não deixar, jamais, que o sucesso lhe suba a cabeça!
Às vezes as pessoas me perguntam se eu sou rico, ou então, quando me conhecem, me perguntam como eu não sou rico se entendo tão bem desses assuntos. A verdade é que eu raramente reclamo de dinheiro e ao mesmo tempo estou sempre reclamando. De fato eu não sou rico, só sei me virar bem com o que ganho, mas o custo disso é a disciplina para não se endividar por status e não gastar mais do que ganho. Tudo bem, o Fusca não é meu único carro, mas foi algo que veio com o tempo, muito esforço e cabeça no lugar para não dar um passo maior do que a perna.
Só o que sei é que a imagem não valerá nada quando você for dormir de noite e lembrar daqueles boletos e faturas de cartão de crédito. Não se importe se você não tem o carro mais bonito, não se importe se você não tem o melhor celular, não se importe. Seja feliz com quem você é, com o que você tem e com a vida que leva. As coisas vão melhorar, elas sempre melhoram. No final tudo dá certo, se ainda não deu, é porque não chegamos ao final.
No ensaio da semana uma prévia dos carros que falamos ao longo do post. E no vídeo, uma banda gaucha daquelas boas para relaxar e refletir.
Abraços e muito obrigado!!!
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