sábado, 18 de julho de 2020

Quarentena e Pandemia

Eu sinceramente não sei o que vai sair e nem quanto tempo vou demorar para escrever esse post. A vida que levamos hoje nem se compara a como as coisas eram na última vez que publiquei algo. Tenho me mantido calado por muitas razões, seja pela falta de tempo (acredite se quiser), seja pela total falta de disposição para bater em teclas já gastas.


Vivemos uma crise de saúde de proporções mundiais, uma crise política que atinge a cada um dos brasileiros e milhões (talvez bilhões) de crises internas que são capazes de fazer estragos irrecuperáveis. Eu tenho certeza que cada um tem uma história daquilo que a quarentena está causando em si e em mais ninguém. Cada um tem uma particularidade que torna tudo isso ainda mais difícil.

Como a maioria sabe,  eu vim para Brasília em janeiro de 2019 graças a uma oportunidade de carreira. Foram longos (longos mesmo) meses numa espécie de "isolamento" social só meu, pois minha família demorou um tempo para se juntar a mim. E por mais que muitos achem exagero, sentir-se sozinho no meio de tanta gente levando a sua vida normal é bem difícil. Mesmo que não tenha nenhum nível de comparação com o que passamos agora, é uma experiência que só quem passa entende.


Mas isso passou! Bom, mais ou menos, pois há uma série de raízes que, com pandemia ou não, ainda estão lá a espera do nosso retorno. Eu não escondo e não disfarço que temos esse desejo e esse sonho. Que o mundo volte ao velho normal, e que voltemos para casa. Mas enquanto isso temos que fazer daqui o nosso lar, e do nosso lar temos que fazer trabalho, escola, creche e colônia de férias.

O maior impacto é trabalhar em casa? Nem de longe. O home office em algumas atividades é facilmente adaptável. Eu mesmo nos tempo de greve de banco enquanto ainda trabalhava no finado HSBC, cumpria muito das minhas atividades assim. Ou seja, já tinha vivência, sabia das limitações e das vantagens dessa rotina. Mas isso não significa que trabalhar em casa seja simples ou fácil, só é um modo de cumprir as suas obrigações de um jeito possível de encarar.


Ouvimos por aí que muitas atividades estão vendo sua produtividade melhorar, e eu concordo plenamente. Por que em casa nos sentimos melhor e mais animados? De jeito nenhum. A produtividade aumentou em decorrência do aumento absurdo de horas extras, da pressão dos gestores (pois se não estão nos vendo, a premissa é que estamos vadiando) e do total desgaste das pessoas. Tanto que discussões começam em simples mensagens de grupo, mal lidas ou mal interpretadas.

Outra característica que é importante mencionar é que existem duas quarentenas. Existe a dos pais de crianças e as demais. E quero deixar claro que em momento algum eu inferiorizo o que qualquer pessoa esteja passando. Só quero dizer o que acontece do lado de cá. Não importa a idade, criança é criança, elas nunca conseguirão compreender os detalhes do que estamos passando, e nesse momento a produtividade dos pais aumentou e muito. Nos mesmos termos da produtividade do trabalho, às custas de muito desgaste emocional. E pra deixar claro mais uma vez, não estou dizendo que quem não tem filhos está vivendo uma vida fácil, só peço que entendam que é bem diferente.


Quando o mundo voltar para o eixo, que não sabemos quando e muito menos como será, teremos muitas coisas para agradecer, teremos coisas para lamentar, coisas para se conformar assim como algumas para se revoltar. Entre todas essas coisas, e enquanto ainda vivemos isso tudo, seria tão bom se as pessoas optassem pela compreensão ao invés do egoísmo. Pela empatia ao invés do "foda-se você, eu estou pior". Só você, e apenas você, sabe o tamanho dos seus problemas e o tamanho da dor que está passando. Se cada um de nós tratarmos melhor o próximo, eu sei que essa bondade retornará...


O ensaio de hoje é especial, são várias vistas das mesmas janelas, vários jeitos de estar em casa, e assim seguimos na esperança de que em breve possamos viver dias melhores... Nessa publicação não há vídeo, porque eu duvido que alguém assistia. E para finalizar, eu sei, sempre soube, que é impossível agradar a todo mundo. Sei também que no mundo há inveja (só não sei porque), há pessoas que simplesmente desejam o mal, só isso, sem razão, só querem que você se foda... Mas mesmo assim a gente segue em frente, de vez em quando bem, de vez em quando péssimo, mas eu, você e todo mundo que deseja o bem ao próximo, temos razões para acreditar!