quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Guia do Usado - Vw Fox

Depois de uma viagem pelo mundo dos antigos, carros clássicos, competentes peruas e outros bons carros, é hora de voltar para os carros um pouco mais novos que podem ser boas opções acessíveis de carro "pé no chão". Na linha de populares com algum status superior, de carros com um conceito diferente, com um aproveitamento melhor do espaço interno, quero falar hoje sobre uma aquisição relâmpago que tive no ano de 2014. O Volkswagen Fox.


Lançado no Brasil com uma razoável expectativa do público, em 2004 ele apareceu não para concorrer, mas para ser uma opção alternativa ao velho Golzinho (que estava na sua versão G3 e ainda fazia o costumeiro sucesso). Apresentado na versão 2 portas e no ano seguinte com 4, como de costume o desenho novo sempre gera estranheza, mas no seu caso passou rápido e já foi adquirindo um bom número de compradores. Seu destaque com certeza é a altura e o espaço interno.

É um carrinho excelente, tanto que o que tive foi negociado em tempo recorde, o que se deve muito ao seu estado. Ano 2004 com 10 anos de uso e apenas 58 mil km na época. Seus pecados eram o que eu tenho reclamado muito de uns tempos para cá, ausência de direção hidráulica e ar condicionado. Houve um tempo em que as pessoas não se importavam nem com vidros e travas, mas isso ficou no passado. Quem comprou carro básico naquele tempo, hoje paga o preço da dificuldade de vender e da desvalorização acentuada.


Apesar de ainda existirem modelos sem determinados opcionais no mercado, o público hoje é muito mais exigente, mesmo quem não tem todo o recurso acaba investindo uns reais a mais na parcela para ter o conforto. No caso desse Fox, em 2004 o seu pacote era tido como suficiente, vidros, travas e alarme, além do limpador e desembaçador traseiro. Quem comprou popular até o início dos anos 2000 sabe que até o "kit visibilidade" era destaque naquela época. Imagine um carro sem hoje?

Ainda que estejamos vivendo um momento de crise, e o mercado de automóveis é prova disso, as vendas de seminovos dispararam justamente pela possibilidade de se conseguir um carro completo a um preço muito atrativo. No geral, a regra é simples, tudo que se pagou a mais por opcionais na hora da compra do novo, se perde na revenda. Ou seja, o carro básico e o completo depois de 3 anos valem quase a mesma coisa, com o diferencial que um vende bem mais rápido que outro.


Voltando ao Fox, em termos de carro ele é confortável, anda bem, e é boa opção tanto nas versões 1.0 como 1.6. Quanto ao número de portas, com certeza mais portas significam mais comodidade, mas quando você não usa não faz a menor diferença. O Fox 2 portas tem um bom acesso ao banco traseiro e da pra encarar numa boa quando for o negócio que mais agradar. Comigo, em virtude do tempo, nem sequer revisão tive que fazer, mas no histórico esse carro teve um problema na central eletrônica por ser da primeira geração de Flex, nada sério.

Falando um pouco de números, hoje já se encontram bons Fox da linha 2004 a 2006 na casa dos 15 mil, subindo para os até 2010 em torno de 20 mil e chegando a 25 mil nos carros acima de 2011 (versão reestilizada). O peso da marca ainda eleva um pouco o seu preço final, que acaba ficando acima de concorrentes diretos mais sofisticados como Sandero e C3. Estes em contrapartida carregam certo preconceito de marca e manutenção. Para quem quer um carro bom, confiável e com status de categoria superior, o Fox é uma grande pedida.


Aquele abraço!!!

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Guia do Antigo - Monza

Esse foi o primeiro carro não popular a ocupar o posto de mais vendido do país. Isso aconteceu em 1984,85 e 86 e mostrou que o Brasil queria carros maiores, mais potentes, mais bem equipados e com mais estilo. Padrão de conforto até os dias de hoje, foi substituído pelo Vectra, que só começou a perder seu reinado com o lançamento do Corolla de 2003 e depois o Civic de 2007. O meu era um 1993 de último modelo, mas a história o trata como um dos grandes carros dos anos 1980. Ele é o Chevrolet Monza. 


Lançado no Brasil em 1983 numa configuração hatchback, o que deveria ser um concorrente para o Escort e o Gol acabou de tornando um sedan de duas e quatro portas que batia, e batia forte, no velho Corcel II e depois na novidade Santana. Mais um projeto importado de outras divisões da GM, logo se tornou carro dos sonhos de muita gente e um sinônimo de modernidade. Roubando interessados inclusive dos topo de linha Opala da sua época, por conta do ar de novidade.

Quando comprei o meu eu não tomei alguns cuidados fundamentais para um carro daquele tamanho, o modelo das fotos é um SL básico. Além de ser da configuração 2 portas, o que não é um problema tão grande, pois na época eles eram populares e trazem um ar esportivo, o meu vinha com vidros manuais, não tinha direção hidráulica e ar condicionado também faltava. As travas elétricas e o alarme eu mandei colocar e as rodas de liga, essas sim eram bonitas, vinham do Vectra de 1997.


Para um carro que durou 5 anos na minha mão (um recorde incontestável e mais que o dobro do tempo do segundo colocado) o quesito manutenção foi bem diluído ao longo do tempo, algumas surpresas de valor mais considerável, até porque ele chegou aos 200 mil km comigo, mas nada absurdo. É um carro muito robusto, de mecânica confiável, e o motor da minha versão era inovador para a época. 1.8 Álcool com injeção eletrônica. Em seus melhores momentos fazia 9 km/l na cidade. Número de 1.0 flex rodando no Etanol hoje em dia.

Falando um pouco das versões disponíveis no mercado, o Monza teve poucas mudanças entre 1983 e 1990, apenas ajustes de grade, lanternas e equipamentos. Uma reestilização em 1991 gerou o famoso tubarão (ou bicudo) que durou até 1996. Se for para embarcar mesmo, prefira as versões SL/E, GLS ou Classic, sempre as topo de linha de suas épocas. Há alguns achados como os S/R de 1985/86, versão esportiva do hatch, muito valorizados. Duas ou quatro portas é questão de gosto, ambos convivem bem no mercado.


Existe um grupo que considera clássico apenas o Monza fabricado até 1990, uma vez que a reestilização o transformou numa versão pequena do Ômega, mas isso é bem relativo, já que a versão nova possui um design muito agradável. Certamente os veículos mais antigos, quando conservados em estado impecável, chamam mais atenção do que os últimos modelos. Não chegam a ser considerados raridade, mas são muito estimados no mercado de antigos.

Falando em valores, como o Monza vendeu relativamente bem e era um ótimo carro, ele sofre de rotatividade de mercado. É um carro que no geral se encontra mais em mau estado e precisando de uma reforma. Mas é possível encontrar uma versão em bom estado, precisando dos toques de um dono, na faixa de 7 a 8 mil. É uma decisão complicada, pois por menos do que isso não se encontram bons carros e chegando na casa dos 10 mil já é possível encontrar Vectra de 2ª geração (1997). É questão de oportunidade, se aparecer um bom negócio pode abraçar que vale a pena!


Aquele abraço!

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Guia do Antigo - Chevette

Foi meu primeiro carro e mal tenho registros fotográficos dele, pois nem todos os celulares tiravam foto naquela época. Foi comprado por 2 mil reais, num tempo em que se encontrava um carro andando por esse valor. Ano de fabricação 1983, tração traseira, não estava em excelente estado, mas serviu bravamente aos anseios de um jovem que estava começando a vida. Durou 10 meses, tempo suficiente para mostrar boas qualidades e muitos defeitos, mas é um clássico, é um Chevette! As imagens são meramente ilustrativas, sendo a primeira foto um carro idêntico ao meu, o segundo um original de mesmo ano e o terceiro um exemplar 1975 dos mais cultuados.


Lançado no Brasil em 1974, talvez o mais curioso da sua história é que lá na Europa ele era o Kadett, que evoluiu até chegar ao ponto em que foi lançado aqui como outro carro em 1989. Teve duas gerações bem distintas, cada uma delas com duas reestilizações. O famoso tubarão do lançamento até 1977, uma frente nova até 1982, uma reformulação em 1983 (ano do meu) e uns ajustes em 1987 que duraram até 1994. Chegou a constituir uma família de clássicos, desde o estranho hatch, passando pela admirável Marajó e chegando à valente Chevy. Com sorte de acha até versão 4 portas.

Como clássico acessível ele é uma verdadeira opção, tem aos montes por aí, encontra-se nos mais diversos estados e é um carro que se adapta bem às mais diversas transformações. Pode servir como original de passeio até "carro de piazão". Não é difícil de imaginar como era o meu, rebaixado, vidros escuros, alguns adesivos berrantes, às vezes tinha spoiler dianteiro (às vezes quebrava e ficava sem), grade adaptada de modelo mais novo, enfim, o foco não era a originalidade.


Dois pontos merecem destaque, o interior muito confortável para um carro popular dos anos 1980 e a tração traseira. Apesar do Fusca também tê-la, os VW não contam com o quesito diversão porque os motores originais não eram fortes o suficiente. Mas com um Chevetão na mão, com certeza você vai poder experimentar a sensação do zerinho (arte de fazer o carro girar em seu próprio eixo ao patinar as rodas traseiras). A essência do Chevette é essa!

No quesito manutenção, prepare a paciência, você vai fazer amizade com os mais diversos mecânicos. O meu começou a quebrar já no dia seguinte a compra, em 10 meses ele deve ter ido umas 15 vezes para a oficina. Por sorte tinha uma na esquina da minha casa e eu tinha mobilidade de horário para organizar a agenda de consertos. Sem brincadeira, é um carrinho que dá bastante manutenção (pelo menos foi comigo), mas era tudo coisa simples, típica de um carro com mais de 20 anos que era de uso diário. Gastos bem dentro do orçamento.


Ele não é tão simpático quanto o Fusca e também não é um Bad Boy dos antigos como o Opala, mas é um carro que tem sua legião de fãs, talvez muito maior dos que os de Escort e Corcel juntos. Na sua época os concorrentes diretos foram Corcel I, Passat, depois Voyage, Premio até os Verona nos seus últimos anos. Sempre teve o diferencial da tração e a marca Chevrolet sempre foi sinônimo de conforto.

Falando de mercado, como dito anteriormente, há muitas opções por aí. Nisso ele se parece com o Fusca, cada carro precisa ser minuciosamente avaliado. Um carro bem negociado em bom estado deve custar em torno de 6 mil. Haverá modelos de mais de 10 mil em estado excelente, mas aí vai da vontade em se comprar um quando se pode investir em algo melhor. O Chevette não é um destaque em uma faixa de preço como seriam o Fusca (entre os antigos) e o Uno (entre os mais novos), mas é uma boa opção quando bem pesquisado.


terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Guia do Usado - Corsa Wagon

Para finalizar a microssérie dedicada às peruas (lembrando que o termo perua é como são conhecidas as station wagons em algumas regiões, o mesmo termo designa o utilitário Kombi em São Paulo, por exemplo) vamos falar hoje sobre mais um automóvel que eu tive, e que tem uma grande legião de admiradores. Ela é a Chevrolet Corsa Wagon.


Família revolucionária lançada no Brasil em 1994, os Corsa foram os carros-chefe da marca nos anos 1990. O hatch veio para substituir o já cansado Chevette (que terá artigo no Guia em breve), que só sobreviveu na configuração sedan em seus últimos suspiros, estratégia aliás muito comum na GM, o hoje velho corsinha sedan que o diga. Eu gosto de destacar o desenho dos hatch de 2 e 4 portas que são bem diferentes na traseira, lembranças de um tempo em que produto era mais valorizado do que custo. Sedan, Pick Up e Wagon completavam a família.

A perua é um carro muito bem acertado. O conforto típico da Chevrolet se manifesta bem nessa versão, com um ótimo acerto de suspensão, bons acessórios e motor potente. A versão das fotos é uma GL 1.6 8v, que peca na ausência da direção hidráulica, já que ar condicionado não era tão popular naquele tempo. Mas não é difícil achar um bom carro com todos esses acessórios, embora o quebra-cabeças de versões deve ser estudado com calma.


Elas existem como motorização 1.0 16v e 1.6 de 8 e 16v, explicando, o número de válvulas interfere diretamente na potência e economia do motor, no entanto, tem um peso também na sua manutenção. Fazendo um paralelo, podemos afirmar que quatro marcas distintas são destaque positivo e negativo nessa questão. A Volks, pioneira no uso das 16 válvulas, não acertou a mão e junto com a GM tem os piores motores nessa configuração. Já a Fiat e a Renault são destaques por versões potentes e econômicas. Mas não se preocupe, escolha o 8 válvulas (no caso da GM) e tudo fica bem.

Voltando aos Corsa, então a melhor versão em motor é 1.6 8v, que possui manutenção barata (para o padrão GM) e melhor relação potência x consumo. Eu não indico a 1.0 16v porque apesar de ter sido muito popular hoje é bem desvalorizada. Quanto às versões de acabamento, se não achar uma GLS em bom estado, aposte nas GL completas, são ótimos carros e tem o mesmo peso no mercado de usados. É comum achar carros com rodas de liga de outros da marca, como a minha que tinha rodas do Vectra de mesma época.


Vamos aos problemas. Embreagem em carros com mais de 100 mil km são sempre um ponto crítico, ela não é diferente, a troca do kit completo gira em torno de 600 reais. Uma revisão mais apurada em caixa de câmbio pode ser necessária em alguns carros, pois o câmbio dos Corsa não são os mais confiáveis. No geral é um carro que não dá muita manutenção, mas suas peças e mão de obra costumam ser mais caras que Fiat e Volks, mais populares.

No mercado de 1997 a 2001/2002 a tarefa mais difícil é achar uma muito boa, como eram carros com apelo jovem acabavam caindo na mão da "piazada que gosta de dar pau". Uma perua bem estruturada, em ótimo estado, custa na casa de 10 mil reais. Para pessoas que procuram um segundo carro, ou até mesmo para aqueles que estão com limitações financeiras, é um carro grande, bom para a família, apto a viagens, só que com um desenho mais antigo.


Das minhas Peruas ela fica na terceira posição, mas não por incompetência dela e sim por qualidades muito superiores da Palio Weekend e exclusividade da Cordoba Vario. Lógico que há muitas opções no mercado, desde as Parati que já faziam briga com Marajó e depois Ipanema, passando pelas Escort SW e chegando às grandes Quantum e Suprema. Cada station tem um estilo, um mercado e um apelo. Eu falei das que tive, mas quero experimentar muitas outras ainda.