segunda-feira, 26 de junho de 2017

Guia do Usado - Nissan March

Antes do "carro de tiozão" de 2007, poucos brasileiros tinham conhecimento mais amplo sobre a Nissan. Na verdade suas Frontier sempre foram famosas entre os fãs de pick up, mas as pessoas comuns, aquelas que compram carros pequenos, pouco sabiam sobre ela. Fabricando no Paraná, na fábrica da Renault, marca com a qual possui um aliança, começou então a querem ampliar seus domínios no mercado nacional. E assim como a Toyota fez, era hora de lançar um carro pequeno. O Nissan March.


Muito comum entre marcas que não participam desse segmento, a Nissan lançou o March em 2011/2012 com um bom pacote de equipamentos para chamar atenção de quem ainda comprava Uno e Gol. Não podemos dizer que ele é um fenômeno de vendas, mas o carro em si é justo no que promete e entrega. Nas versões 1.0 e 1.6, destaque para a potência do motor maior, digna de muito elogios de seus proprietários. O inconveniente fica a cargo do porta-malas, considerado bem pequeno.

É importante lembrar que estamos falando de um compacto urbano de verdade, diferente do que acontece na Renault com Logan e Sandero, quem dirige o hatch percebe que ele é bem grande na verdade. Poucos devem saber, mas o March e o Versa compartilham a mesma plataforma, mas no caso do sedan, esse sim é grande e espaçoso. A proposta da marca era de fato um carro de uso essencialmente urbano e para pessoas solteiras ou casais sem filhos.


Não há como saber se o público irá gostar do seu carro ou não antes de lança-lo. Assim como o HB20 conquistou as pessoas pelo design, pelo mesmo motivo as primeiras versões do Etios afugentaram as pessoas (ou seria ainda uma tática, pois a pessoa ia na Toyota pensando que agora poderia comprar um, se deparava com um carro feio e acabava saindo de Corolla). Fato é que o March não é um ícone da estética automotiva, mas foi reestilizado em 2015, o que no fundo não ajudou muita coisa.

Mas é uma coisa que eu sempre digo no mundo dos carros, nem só de beleza se faz um excelente automóvel. Os relatos que colhi dos proprietários me levam a crer que quem escolhe um March não se arrepende. É um carro bom de dirigir, econômico, anda bem e possui uma engenharia das mais confiáveis no mundo dos automóveis. Arrisco dizer que é a velha disputa entre razão e emoção, enquanto uns querem o status do HB20, outros simplesmente querem não se incomodar.


E nessa batalha do status contra o custo x benefício, uma das armas sempre será o preço. E aqui que o Nissan começa a se mostrar uma escolha muito mais racional. Quem quer um carro 0km compra o que quiser, mas se a sua escolha é por um seminovo, com certeza você da mais importância ao quanto está gastando. A curva de preços do March é muito favorável para quem opta por um usado. É um carro que apresenta uma desvalorização nos primeiros anos que realmente compensa o investimento.

No jargão popular, "bem conversadinho" já se encontra March a partir de R$ 20 mil reais. É bom ir com o desconfiômetro ligado, mas é um valor possível sim. A média tem ficado em R$ 25 mil para os modelos 2012 a 2014. Recentemente encontrei um 2016 por R$ 35 mil. Não que seja um preço excelente a se pagar por um usado, mas trata-se de um carro muito novo. A escolha fica sempre para quem vai usar o carro, a minha parte é encher um pouco de linguiça sobre cada modelo e assim a gente segue a vida.


Não há muitos períodos a analisar em carros recém lançados, como é o caso dessa semana. Então, um modelo 2012, 2014 e um 2016 com a nova frente. Aquele abraço! 

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Guia do Usado - HB20

Carrinho da moda ou um novo queridinho do Brasil? Mesmo quando a Volks perdeu o posto de veículo mais vendido do país com o Gol, os carros que ocupavam o lugar não tinham tanto carisma, mas agora estamos num momento em que, pelo menos no bate papo das rodas automotivas, um carro tem conquistado a admiração do povo. Mas será que é empolgação por uma boa propaganda ou realmente esse carro veio para ficar? Algumas impressões sobre o tal do HB20.


Convenhamos que em 2012/2013 quando ele foi lançado, poderia ser visto como apenas mais um, era um carro bem equipado, com certeza, mas a marca Hyundai ainda não inspirava no brasileiro a confiança que passa hoje. Aliás, atualmente ainda há muitas pessoas receosas, tanto que o primeiro lugar em vendas ainda pertence a um velho e bom Chevrolet. Mas passados quase 5 anos de seu lançamento, hoje em dia um HB20 é tão comum nas ruas quanto um Gol, e virou sonho do primeiro carro de muita gente.

Junto com o hatch a Hyundai também lançou o sedan HB20S, que pode não ser tão comum nas ruas, pois na sua categoria o mercado ainda possui opções mais baratas e boas para a família, como Voyage e Prisma, mas deve-se admitir que o carro tem personalidade. A traseira é elegante e bem acertada, algo não tão comum quando se adiciona um bom porta-malas a um carro popular. Ambos estão disponíveis nas versões 1.0 e 1.6 e o que ouço falar é que a manutenção da Hyundai, embora não seja barata, está dentro dos parâmetros de qualidade que não dão dor de cabeça.


Com um design sólido e bem trabalhado, o HB20 é um carro discreto e ao mesmo tempo com bons ares de modernidade, talvez seu desenho seja o grande trunfo que faz dele mais interessante ao público do que um Etios ou um March. E foi pensando em mantê-lo atualizado que a marca promoveu um face-lift em 2016, mexendo um pouco na grade e algumas melhorias internas. Pode ser considerado um carro de baixa desvalorização, o que é bom para quem compra o zero km, mas não tão bom para quem está de olho no semi-novo.

Há algumas teorias da conspiração envolvendo o modelo, se procurarmos na internet iremos descobrir histórias de alguns modelos dos anos 2012 e 2013 que simplesmente pegaram fogo sozinhos. Um defeito elétrico geraria curto-circuito e se o carro estivesse quente poderia provocar um pequeno foco de incêndio que logo tomava as proporções do carro todo. Há mais de um caso assim, mas a Hyundai minimizou o problema e pouca coisa veio a público. Evite os modelos 2012/2013 da pré-série, no mais, é o mesmo risco de comprar qualquer outro carro.


Se eu compraria um? Bom, antes de comprar meu Sandero mais recente eu estive na Caoa testando um modelo 2014 com 15mil km rodados. Ou seja, a resposta é afirmativa. Eu acredito que trata-se sim de um carro compatível com a proposta de uma família pequena que usa o carro normalmente na cidade e que viaja algumas vezes por ano. Por que não comprei? Escolhi o Renault, era mais barato e mais bem equipado na comparação crua entre as duas opções.

Repito o que disse antes, é um carro que desvaloriza pouco, ou seja, você dificilmente encontrará um por menos de R$ 30 mil reais. Aí é uma questão de pôr na ponta do lápis se vale a pena gastar isso num carro pequeno. Os mais novos chegam fácil próximo de R$ 40 mil que é quase o valor de um zero. Na minha opinião, é um carro que ainda precisa estabilizar no mercado de usados, nunca se sabe se os disponíveis não são apenas porque tinham algum problema que incomodou os donos. Cautela, mas me parece um bom carro.


E começando por um modelo 2013, passando para o Sedan 2015 e um R-Spec (versão mais apimentada) 2016. É isso por hoje, aquele abraço!

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Guia do Antigo - Variant e TL

Depois de uma pequena volta pelo mundo dos carros, dos esportivos aos luxuosos, nada como voltar para a Terra e lembrar dos antigos nacionais. A linha Vw à Ar dos anos 1960/1970 é um verdadeiro conjunto de clássicos. Nem só de Fusca e Kombi vivem os fãs dessas máquinas que trazem no coração o velho boxer criado por Porsche lá nos anos 1930, há muito mais a se explorar e se colecionar, cada um com um estilo e magia diferente. Hoje uma voltinha de Variant, TL e outros clássicos Vw à Ar!


Estabelecendo uma linha do tempo, sabemos que o Fusca e a Kombi passaram a ser comercializados no Brasil no início dos anos 1950, o que representa a entrada da Volks no país, mas foi no final dos anos 1960 que a Vw constituiu família por aqui. Me refiro primeiramente ao VW 1600, um sedan de 4 portas lançado em 1968 para brigar com o Ford Corcel. Não há muito o que se falar sobre este sedan, exceto que ele foi bem aceito num primeiro momento, mas isso não se refletiu em vendas, talvez seu maior destaque seja o apelido pelo qual ficou famoso, Zé do Caixão.

Em 1969 nascia um carro que mudaria os paradigmas da história, pelo menos no meu modo de ver as categorias automotivas, foi lançada a Variant, uma perua espaçosa mas ao mesmo tempo compacta. Receita que a Ford seguiu de 1970 até 1977, até lançar a Belina II. Mas a Variant foi sim um grande destaque, vendeu bem e fez a alegria das família que precisavam de um carro grande e barato. Foi reestilizada em 1971 e ganhou uma versão Variant II em 1977 (mas ainda era compacta), foi a avó da perua mais amada da história desse país, a Parati.


E em 1970, o membro mais invocado esportivo dessa leva (deixando o SP de fora, pois ele merece um texto único), a Vw TL chegou com a velha frente alta, mas com 4 faróis redondos, e já em 1971 passou à frente baixa e seu sucesso só cresceu. 1972 e 1973 foram grandes anos para o TL que chegou a ter versão de 4 portas, já que substituiu o Zé do Caixão. Mas, como o mundo anda rápido, a Vw resolveu lançar o Passat em 1974 e isso aniquilou as vendas do TL. Seguiu em linha até 1976 com número de vendas caindo sempre. Mas é um clássico em estilo e design.

Confesso que nunca tive contato próximo com os modelos que escrevo hoje, certa vez avaliei uma TL 1972 quando estava à procura do meu primeiro Fusca, e dois grandes amigos já tiveram Variant (coincidência ou não, ambas vermelhas). O Zé do Caixão, conheci um colega de trabalho que tinha um, na cor vinho. O que sabemos é que não há problema se o assunto é motor e o comportamento é muito próximo ao do Fusca. No mais, foi uma forma da Vw diversificar seu portfólio, mas infelizmente essa plataforma não faria mais sucesso nos anos 1980.


Hoje em dia há verdadeiras seitas que idolatram os velhos Volkswagen, clubes espalhados pelo Brasil e pelo mundo ainda mantêm viva a história dessas peças fundamentais na evolução dos automóveis. E digo mais, para quem quer entrar no mundo dos antigos, não há nada mais acessível do que um bom Volkswagen. Há muita disponibilidade no mercado, nos mais diversos estados, e no geral a restauração de um carro em mau estado é muito simples e barata.

Lógico que o campeão dos preços baixos ainda é o Fusca, mas é possível encontrar boas TL e Variant em torno de R$ 10 mil reais. Se você achou muito caro, saiba que hoje em dia um Corcel I, Chevette Tubarão ou Passat de faróis redondos, dificilmente custam menos que isso. Sem falar que esses Vw possuem um charme e carisma herdados do carro mais simpático do mundo (na minha humilde opinião), o que torna eles mais reconhecidos como antigos do que os outros citados, preferidos pelos "boy de vila".


Lá do início, uma bela Variant frente alta 1970, seguindo de um TL 1973 no estilo que o consagrou e fechando com a Variant II de 1978. Aquele abraço!

terça-feira, 6 de junho de 2017

Guia dos Sonhos - Cadillac

A marca de hoje não está disponível formalmente no mercado brasileiro, talvez por decisão da GM mundial, optou-se por nunca se oferecer automóveis dela por aqui. É um símbolo da história dos carros de luxo nos EUA, ao ponto que o rei do rock Elvis Presley era grande fã e possuiu vários modelos. Confesso que nunca me havia ocorrido de escrever sobre ela, mas minhas últimas aventuras no mundo dos carros me deram uma outra visão. Com vocês, a Cadillac.


Fundada em 1902 por um ex-sócio de Henry Ford, enquanto este estava empenhado na popularização do automóvel, a ideia da Cadillac era a valorização de seus proprietários por meio do luxo. Hoje em dia sabemos que há espaço no mercado para todos os consumidores. A Cadillac logo chamou atenção de um novo grupo que estava se formando com objetivo de conseguir acesso a financiamentos de forma mais rápida e segura. Antes de 1910, Cadillac, Buick e outras marcas já faziam parte da gigante General Motors.

Eu gosto de dividir a história da Cadillac em duas fases, a fase clássica que vai desde a sua criação até os anos 1970 e a fase moderna que teve início no fim dos anos 1990 com a chegada do Escalade e se consolidou com o CTS em 2003. No meio disso tudo a marca continuou produzindo ótimos carros, mas no fim das contas eram sempre plataformas mundiais que ganhavam sua logo e um luxo forçado. Mesmo assim um Cadillac sempre será um Cadillac.


Da fase clássica é importante citar três modelos, o Eldorado (carro preferido de Elvis), o sedan DeVille e a limiusine Fleetwood. Se você nunca ouviu falar nessa marca, pelo menos um desses três modelos você já viu em filmes. Aqui em Curitiba é possível encontrar tanto o Eldorado como o DeVille, em alguns fins de semana de sol na praça da Espanha e feirinha do Largo da Ordem. Trazidos via importação independente, fazem parte do grupo de antigos que nem todo mundo consegue ter. Esses carros são mais do que dinheiro, mas sim oportunidade e boa dose de sorte.

Já do momento em que a marca renasce para o mercado, eu gosto de destacar a Escalade, um SUV gigantesco, bem ao estilo americano, que é o máximo de luxo que você terá num carro desse porte. Além é claro do sedan CTS de 2003, um sedan imponente mas de tamanho médio, que "popularizou" em vendas. E por fim o Cadillac que eu realmente conheço, o SUV médio XT5 de 2016, com motor V6 3.6 de 310cv, teto panorâmico, controle de tração e uma série de equipamentos que fazem dele mais confortável que a sala da casa de muita gente.


Por que eu conheço o XT5? Quando estávamos programando a viagem aos EUA eu fazia questão de alugar um carro americano, de preferência um sedan, aí reservei um Buick LaCrosse para quando chegássemos. Bom, eis que quando fui buscar o carro me ofereceram os tradicionais upgrades sem custo e eu acabei saindo de lá com o XT5 com apenas 4mil milhas rodadas (eu entreguei com quase 6mil). E assim pude passar quase 15 dias chamando este Cadillac de meu, cruzando três estados num misto de estradas, freeways, transito pesado e ruas desertas na America!

Um Cadillac dos anos 1950 e 1960 não tem preço, essa que é a verdade, aqui no Brasil devem valer em torno de R$ 300 mil reais se algum colecionador decidir vender. Nos EUA o sedan CTS do início dos anos 2000 pode ser visto nas lojas por cerca de U$ 5.000 dólares, sim, os preços de lá são assim mesmo. O XT5 é vendido 0km em torno de U$ 40.000 dólares, em reais só convertendo seriam uns R$ 130 mil + impostos, o preço dele se chegasse ao Brasil, deveria girar próximo dos R$ 400 mil reais.


Fatos em fotos, um XT5 nos arredores de Los Angeles (esse era o "meu"), um dos muitos Eldorado de Elvis Presley (sim, cor de rosa) e por fim, o popular CTS. E pra fechar, nada melhor que o Rei cantando em Vegas. Aquele abraço!