terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Guia do Usado - Seat Cordoba

A substituta do Voyage (na minha garagem) pertence a uma família espanhola muito conhecida do fim dos anos 1990 e início dos anos 2000. A marca SEAT, que pertence ao grupo Volkswagen, vendeu nessa época alguns carros que eram cópias maquiadas e mais bem equipadas dos nossos Polo Classic. Vamos falar um pouco dos Cordoba, com algum viés para a Vario 1.6 SR, mas no geral as impressões batem com o Sedan e com o Hatch, conhecido como Ibiza.


Pouca gente sabe, mas a Seat nasceu como uma subsidiária espanhola da Fiat (atente a sonoridade do nome), somente no fim dos anos 1980 a Vw assumiu seu controle. A família completa e reestilizada, objeto desse texto, só foi vendida no Brasil entre 2000 e 2003, em alguns casos eram oferecidos nas próprias concessionárias da Volks. Fizeram um relativo sucesso na configuração sedan e hatch, já a Vario é tão rara que muitos sequer sabem da existência desse modelo.

Como todo louco por automóveis eu tenho mesmo é orgulho de ter tido uma, surgiu numa oportunidade de negócio e num momento em que eu precisava de um carro melhor. Carro espaçoso, bonito, confortável e muito bem equipado, vinha com o excelente motor 1.6 SR que também equipou o Golf e o Audi A3 nacionais na época. O único medo era de bater, pois como era um carro raro, não tinha peças de reposição para a parte de funilaria. Só mandando trazer da Espanha.


Para dirigir era fantástica, o motor potente dava conta com tranquilidade, a direção era mais macia do que a média das hidráulicas disponíveis no mercado (exigia cuidado na estrada porque era leve demais), a suspensão bem acertada garantia estabilidade e conforto num equilíbrio difícil de achar, muito bom para um carro com mais de 10 anos. A vida a bordo era facilitada por um pacote de dar inveja, ar condicionado, direção, vidros elétricos nas 4 portas, travas com controle na chave, rack no teto, banco bipartido, retrovisores elétricos, abertura interna de tanque e por aí vai.

Por fora ela provocava as mais diversas reações. Quem entendia de carro sempre se surpreendia em ver uma e para quem não entendia era uma Parati um pouco estranha. O conjunto de som com quatro alto falantes, módulo de 2000w e sub de 12 polegadas harmonizava muito bem com a acústica interna. Rodas e pneus esportivos, a lataria revelava algumas marcas do tempo, mas estava tudo em ótimo estado. A verdade é que chamava atenção.


Como nem tudo são flores, vamos aos problemas. Apesar da mecânica "simples", esse motor tinha manutenção cara. Certa vez uma mangueira ressecada me custou quase 500 reais para consertar. Se tiver problema com funilaria, principalmente lanternas e faróis, reze para conseguir no mercado de usados. Suspensão também era cara, pois o acerto que a deixava tão melhor que os primos brasileiros era todo diferenciado.

É uma perua importada! Só de dizer isso alguns se animam e muitos outros se assustam, mas ao ter consciência de como cuidar e quanto reservar para mantê-la, é como comprar um Vectra, Golf ou Audi. Como elas são raras no mercado, seus preços dependem da conservação, mas giram em torno de 10 mil reais. Se comprar já é difícil vender é mais ainda, mas quem está disposto sabe que há comprador pra tudo nesse mundo e enquanto não se vende se aproveita muito. A minha durou 9 meses, com proposta certa não da pra ter apego!


O vídeo da rodada não poderia ser de outra banda. RIP Lemmy!

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Guia do Usado - Fiat Palio Weekend

Ela é grande, confortável, bem equipada, bonita, econômica e não faz feio em desempenho. Mesmo na versão 1.0, anda muito bem, sobretudo na estrada. Mobilidade é outro ponto a favor, com bagageiro no teto, banco bipartido e um porta malas amplo e de fácil acesso. Difícil é esconder que ela é a minha preferida, essa é a Fiat Palio Weekend!


O Palio veio ao Brasil para substituir o Uno (coisa não conseguiu). Lançada a partir de 1996, a família formou o tradicional quarteto de hatch, sedan, perua e pick up. Por tratar-se de um carro muito específico, o guia trata apenas da perua. Para ser mais exato, o foco será a geração de 2001 a 2004 e alguma coisa sobre a 2005/2008. Só como contexto, a primeira geração era tão boa quanto as posteriores, destaque para a 1.0 6 marchas de 1999, mas hoje em dia seu design já carrega demais o peso da idade e não tem mais um valor digno de revenda.

O objeto de estudo no caso é uma ELX 1.0 16v Fire ano 2001. Adquirida com 88.000 km e revendida com pouco mais de 120.000. Não adianta, as fábricas nem sempre acertam a mão no desenho de seus carros, e na minha opinião não existem modelos mais bonitos de Palio Weekend do que os fabricados entre 2001 e 2008. Ambas tem linhas harmoniosas, que conseguem se fazer notar sem o apelo de alien das fabricadas pós 2009.


Voltando à 2001, o motor dispensa comentários, ainda que seja 1000cc ele consegue levar a perua tranquilamente pelas ruas e estradas, o motor não sente o peso, tem boas retomadas e por tratar-se de uma perua o estilo de direção mais tranquilo combina. Mesmo carregada ela segue seu caminho sem exaustão. Nas versão ELX (1.0, 1.3 e 1.4) e HLX (1.8) elas vêm sempre com vidros, travas e direção. Ar condicionado e faróis de neblina são acessórios fáceis de encontrar. Dispense as versões básicas EL, sem acessórios não vendem bem.

Existem ainda as versões Style e Adventure, ambas top de linha com suas características próprias. Falando só da Adventure um pouco, elas vêm só com motor 1.8, com um rack duplo no teto, rodas exclusivas, pneus de uso misto e algumas até com banco de couro. É um dos meus sonhos de consumo, mas tudo depende dos negócios. Atualmente meu vizinho tem uma, não sei se foi por causa disso, mas quando ele estava procurando eu sugeri exatamente essa!


Eu sempre gosto de relatar os problemas que eu tive no assunto manutenção. O sensor de temperatura apresentou um defeito em dado momento, que ligava a ventoinha sem o carro estar totalmente quente, o que causava uma leve perda de rendimento, justamente porque o motor trabalhava frio. A mola do trambulador certo dia se soltou e a ré perdeu o "click" para cima antes de engatar. Duas coisas simples e baratas de consertar.

Falando em preço, um carro em excelente estado, após uma boa procura, vai custar em torno de 12 mil num modelo 2003 e perto de 18 mil nas 2006, podendo chegar aos 23/25 nas Adventures 2008. Para quem quer um carro mais novo, a geração pós 2009 dá pra encarar, mas perde no quesito custo-benefício. Sempre opte por versões completas e com menos de 100 mil km rodados. É difícil, mas dá para encontrar. Essa leva o prêmio de melhor perua pequena na minha humilde opinião.


O vídeo de hoje é para quem gosta de uns bons solos de guitarra!
Mais peruas serão assunto em breve, se gostou do texto ajude a divulgar. Abraços!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Guia do Antigo - Gol e Voyage (quadrado)

Famosos é pouco para descrever a linha de quadrados da Volks do fim dos anos 1980 até metade dos anos 1990. Sucesso de vendas, excelente desempenho e baixo custo de manutenção são as grandes características que chamam atenção até hoje. No entanto, a motorização sempre levada ao limite e o pacote de equipamentos pobre demais tem que entrar na conta de quem busca um desses ícones nacionais. Minhas impressões são maiores do Gol e Voyage, mas as dicas são gerais e valem também para Parati e Saveiro, sempre entre 1987 e 1995.


A história do Golzinho começa lá na metade dos anos 1970, quando a VW começou a projetar um substituto para o Fusca e Brasília e concorrente para Chevette, Fiat 147, entre outros populares da época. Lançado em 1980 com motor de Fusca, foi recebendo pequenas mudanças e modelos para criar a família. Os grandes blocos do quadrado foram de 1980 até 1986, de 1987 até 1990 e de 1991 até 1995. Foi em 1987, já com o motor AP 1600 e 1800 que o Gol tornou-se o carro mais vendido do país, título que manteve até 2013.

Os carros que eu tive foram um Gol e um Voyage, ambos de mesma versão, GL 1.6 AP 1988. Nos dois casos a compra foi para trocar um carro dito "pior" e não necessariamente uma procura específica. O Gol era o prata (que demorou até ficar como nas fotos) e o Voyage na cor cinza que não recebeu grandes modificações. As configurações eram iguais, apesar do nome GL não ser o basicão, os carros sempre tinham vidros manuais, sem travas. Os "acessórios" eram o ar quente e desembaçador traseiro.


Começando pelo Gol, a dirigibilidade era o ponto alto, é um carro para quem gosta mesmo de dirigir, sobretudo de pisar fundo. Com o passar do tempo ele foi recebendo atenção aos detalhes estéticos e ambiente interno. Rodas, capô preto, grade lisa, isulfilm, suspensão um pouco rebaixada, som de qualidade, foram dando a cara que depois tornou-se um carro que chamava muita atenção onde passava. Terminou sua história com um acidente que acabou comprometendo demais a parte mecânica. Foi consertado, mas como não era mais o mesmo, foi trocado por um Monza.

Já o Voyage chegou com a missão de rodar mais de 50 km por dia, e como não correspondeu a expectativa inicial, foi trocado por uma perua importada apenas seis meses depois. O bom motor precisou ser refeito, pois já estava no limite. O carro tinha muito potencial, mas necessitava de uma atenção na funilaria e interior. Rodas de liga simples, isulfilm e um som simples foram companheiros de um estilo de direção mais contido, no entanto o AP estava lá e a qualquer pisada mais forte no acelerador ele lembrava sua verdadeira vocação.


Os motores AP são feitos para correr, portanto ao procurar um usado é necessário uma boa verificação disso, normalmente eles estão em ponto de quebra. A manutenção desses carros é constante, por serem carburados eles desregulam com muita frequência. Peças e mão de obra são baratas, mas as visitas em oficina podem desanimar quem pega um carro desses para uso diário. Sobre os acessórios, é questão de gosto, mas hoje eu prefiro carros mais equipados. Ar + direção eu nunca encontrei, vidros e travas só de quem mandou instalar depois.

Para quem lê até parece que não foram dos melhores carros que eu tive (o Gol até que foi, o Voyage não mesmo), mas o relato é justamente para enfatizar o quanto um carro desses precisa ser comprado com cautela e atenção. Há modelos em excelente estado que só darão prazer, mas a maioria dos que estão por aí dará algum trabalho. Outro ponto crucial é o preço, como são muito procurados os preços não são tão atrativos. Mas no geral, após muita negociação e pesquisa, um carro em bom estado deve custar na casa de 8/9 mil reais.


Se você gostou do texto recomende este guia para outras pessoas. Críticas e sugestões são sempre bem vindas!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Guia de Compra e Venda - Feirão

Em Curitiba há um famoso lugar onde, todos os sábados, centenas de pessoas levam seus automóveis para negociar. Seja no espaço formal, aos arredores de um antigo estádio de futebol, seja nas ruas laterais que acabaram se tornando um espaço paralelo de grandes rolos, o lugar é conhecido e pode ser uma alternativa tanto para quem procura como para quem está querendo vender. Hoje falamos um pouco sobre o Feirão do Pinheirão!


Localizado às margens da Av Vitor Ferreira do Amaral, no bairro Tarumã, o Pinheirão é um antigo estádio que no momento está desativado. No seu estacionamento e entorno é que se desenrola este tal Feirão. Aos sábados bem cedo já há um grupo organizador no local, vendendo as fichas, que são o ingresso para quem quer fazer negócios. Os valores são de 20 reais para automóveis em geral e 10 reais para autos com ano de fabricação abaixo de 1990. O local possui algumas barraquinhas de comida e banheiros para seus visitantes e comerciantes.

Ao chegar você logo se depara com uma boa placa indicativa que chega em uma tenda de controle da entrada. Valor pago, ficha na mão e vamos buscar um lugar. Não há espaços reservados, ache um vaga em meio ao mar de carros e se instale tranquilamente. Saia do carro, veja se estacionou bem, dê uma volta no carro pra ver se está tudo ok e preencha os dados. Modelo, ano, acessórios, valor e opção de troca (se houver).

Na ficha há um local para marcar caso queira um anuncio no site do feirão e colocar seu e-mail. Caso você marque essa opção seu carro será fotografado e irá para o site até o fim do dia, sem custo adicional. No mais, é sentar e relaxar. Minha dica é levar um livro ou revista, abrir as janelas, arranjar uma posição confortável e esperar. Muitas pessoas transitam pelo local, muitas irão se aproximar do seu carro, algumas irão olha-lo com mais atenção e de repente alguém puxará conversa. Você não precisa agir como vendedor, aguarde a deixa para puxar papo.


A maioria das pessoas está buscando rolo, então se você está disposto é só prestar atenção, mas se sua intenção é vender, não dê muito papo, pois há muita gente do ramo que lhe tomará muito tempo, com objetivo ganhar dinheiro em cima de você. Com sorte você será abordado por pessoas realmente interessadas, que irão lhe fazer perguntas sobre documentação, sobre o estado geral do carro e por fim indagar algum desconto. Tenha margem na manga e poderá surgir uma boa oportunidade.

Outra dica é, depois de um tempo junto ao carro, tranca-lo e sair para passear e ver o que há no lugar. Talvez você encontre carros muito bacanas por preços interessantes. E para quem gosta de automóveis é uma oportunidade para ver de tudo. É um passeio de sábado pelo mundo dos carros. Carros novos, antigos, estranhos e raridades, tudo num só lugar.

Mas atenção, eu sempre fui firme na minha opinião com relação a carros que não são placa A. Não tenho nada contra os automóveis em si, que podem ser tão ou melhores em conservação do que os carros daqui, mas nas vendas eles não vão tão bem. E lá você encontrará uma infinidade de carros com placa começando com outra letra. Só para contextualizar, placa A é carro comprado na Paraná, cada estado possui os seus, M é Santa Catarina, I é Rio Grande do Sul, K Rio de Janeiro, C e D São Paulo e por aí vai. Se não for A ter que ser muito bom de preço!


Tem pessoas que não querem gastar nem os 20 reais e acabam parando o carro nas ruas em volta, o que acabou tornando-se um espaço à parte, cheio de carros à venda. Mas vá com calma, pois o Feirão é para garimpar, muitos dos carros que estão lá são negócio duvidoso (carros em mau estado, placas de fora, financiados, com passagem por leilão). Se você gostar de algum carro precisa levantar bem as informações, marcar de andar com o carro e levar em um mecânico de confiança.

Cautela é fundamental, não se empolgar, fora isso o Feirão é uma opção de lugar para vender, um canal extra, é também uma opção para comprar, desde que muito bem procurado e uma opção de passeio para um sábado de manhã qualquer em Curitiba!


Cada dia eu me convenço mais de que eu não sou uma pessoa normal, ou então me convenço de que apenas estou envelhecendo. Mas esse é o Rock n' Roll que eu estou mais escutando no momento!