Pois é galera acho que já está na cara qual é a minha escola quando o assunto é juro, mas caso alguém ainda não saiba, sou a favor de taxa de juros no limite que não prejudique o investimento na produção. O que numa economia do tamanho que é, e com as particularidades da nossa, não deveria estar abaixo de 12%. Isso é um perigo e eu pretendo demonstrar por que...
Em primeiro lugar eu quero deixar bem claro que parte de minha indignação é sim baseada em assuntos pessoais. Desde que esta taxa de juros começou a cair que eu tenho visto investimentos atrelados à SELIC renderem cada vez menos. E acreditem, quando não se é um megainvestidor que pode simplesmente optar em dedicar alguns milhares ao mercado de ações, o baixo rendimento afeta significativamente o nosso humor. Mas tudo bem, deixando meus problemas pessoais de lado, vamos ao que interessa para a sociedade.
As recentes decisões do Comitê de Política Monetária, de baixar a taxa de juros básica da economia, criou um clima que chegou a um nível que Lula nunca teve a intenção de chegar, o lucro dos bancos. Para ser mais específico, estamos falando diretamente do spread bancário, conhecido por ser um dos maiores do mundo. Como a Dona Dilma não pode ser tão direta a ponto de obrigar os bancos comerciais a baixar suas taxas de juros, ela foi direto onde suas palavras são ouvidas, respeitadas e por vezes engolidas.
Não mais do que duas semanas atrás alguns jornais estamparam o que a propaganda mais cara do horário nobre da Globo divulgava; Caixa e Banco do Brasil reduzem drasticamente os juros de suas operações, empréstimos, financiamentos e produtos. Bem como abrem linhas especiais de renegociação de débitos atuais com taxas extremamente atrativas. O que antes era chamado de fim de semana da loucura com visita à fabrica de automóveis e taxas de 0,99%, agora é a realidade do juro ao financiar um carro no BB. E o que isso quer dizer? Que aos poucos todos os bancos irão seguir a mesma linha, que a lei da concorrência vai fazer o que a presidente não pode fazer com suas próprias mãos, mas tem as políticas.
Política econômica é isso, é usar a maquina pública para adaptar as condições do mercado ao que eu acho que deve ser feito.
Mas afinal de contas, por que mexer com o lucro dos bancos agora? Então, na realidade o impacto nem é tão grande assim, basta enxergar que, com o juro mais baixo, os bancos precisam pagar muito menos aos investidores, e com isso, cobrar menos dos tomadores.
Tudo isso faz parte da, meio exagerada na minha opinião, política do "o povo pode tudo". Deixa eles comprarem carro, geladeira, tv de lcd e led, viajar, enfim. Deixa as classes mais pobres felizes para me garantir mais 4 anos de mandato na próxima eleição. Não me levem a mal, é legal ver o povo conseguindo ter as coisas, mas na visão de um economista rabugento como eu, esta não é a forma correta. Eu infelizmente acho que as pessoas devem ser felizes por conseguir de fato Ter as coisas, e não simplesmente por conseguirem crédito para financia-las.
Cansei de ouvir pessoas chorando no meu ouvido dizendo não terem condições de guardar. Porra, tudo nessa vida é reflexo das próprias ações. Se você tivesse começado a guardar um pouco quando tinha 16 anos, aos 18 teria comprado um Chevetão como EU fiz! Fiz e não me arrependo, porque hoje, além de ter uma carrinho melhor, e quitado, aprendi a valorizar aquilo que eu sei que posso ter, ou melhor, Ter!
Não, não ando de carro zero, mas se eu precisasse vender meu carro hoje eu sei que conseguiria dinheiro e não apenas um nome limpo.
Que me desculpem os queridos amigos que não precisam ouvir isso, e os também queridos amigos que fazem financiamentos conscientes e condizentes com suas condições de vida e os seus sonhos. Eu respeito muito todos vocês. Mas repugno a todos aqueles que compram, não conseguem pagar e ainda entram com processo de revisão de juros. É por causa desses que a sociedade brasileira continuará a seguir o caminho da malandragem, que só gera prejuízos a nós mesmos.
Vamos acordar meu povo, enquanto não tirarmos de nossas mentes a filosofia do "só é bom se eu me dou bem em cima de alguém" continuaremos a achar que a felicidade é aquele carnê gigante no bolso da calça e a troca de óleo parcelada em três vezes, com direito a uma caixa de bombom.
E sabe o que é mais legal? Enquanto nós achamos que estamos certos, há uma esfera que mal conseguimos enxergar, rindo às custas da burrice de nosso povo... e esse vídeo vai para homenagear os idiotas que somos:
Abraços de um mero desabafo!
E deixa eu explicar, lógico que eu não tenho um Mustang, mas bati essas fotos no último encontro do Mustang Clube de Curitiba e achei que dariam um ótimo plano de fundo do que não tem nada a ver com o que falei hoje!