Antes de mais nada é bom deixar claro que eu também não concordo com a terminologia "rock" a um evento que mostra tão pouco disso. Mas aqui vão algumas explicações óbvias, outras nem tanto, e mais alguns dados que você nunca se interessou em pesquisar.
Em 1985, ano da primeira edição, muitas bandas sequer imaginavam em tocar no Brasil, e este foi o grande desafio da produção, que na época teve que se mudar para os EUA e convencer os produtores locais que valia a pena. O nome do evento foi escolhido, óbviamente, pela correlação com a cidade. Mas além disso, pela sonoridade próxima à Rock n' Roll. As principais bandas desta edição foram (atenção, dicas de música) AC/DC, Queen, Iron Maiden, Ozzy Osborne, Whitesnake e Scorpions.
A segunda edição do Rock in Rio aconteceu quase que automaticamente devido ao grande sucesso da primeira, realizada no maracanã, os destaques foram: Guns n' Roses, apresentando pela primeira vez, Matt Sorum e Dizzy Reed, além de algumas músicas dos futuros lançamentos Use Your Illusion I e II. Outra grande banda a se apresentar foi o Faith No More.
2001 foi o ano em que a coisa começou a ficar POP ou até pior do que isso, realizada após um intervalo de 10 anos da segunda, começou a mostrar que o festival tinha acima de tudo o seu viés lucrativo. Muito mais bandas, muito mais público e diversos estilos misturados. O que provocou revolta em muitos espectadores foi crucial para encher os bolsos dos organizadores. Mas há uma explicação plausível, se o povo queria ver os artistas que estavam na moda pop, alguém tinha que pagar por isso, e os cachês desse povo não são baixos. As repetições, Iron Maiden e Guns n' Roses foram os destaques. Créditos para Foo Fighters e Oasis.
Outra mostra do quanto o dinheiro manda no mundo foram as edições internacionais, em Lisboa e Madri, mantendo o mesmo nome com o objetivo de internacionalizar a marca. De novo há uma explicação plausível, como a organização do evento é a mesma, o objetivo é fortalecer a marca criada para isso, "Rock in Rio" é um grande festival de música, não tem mais ligação com o Rio e menos ainda com o Rock, mas a marca é esta e ponto, não dá pra mudar esse tipo de coisa. Sem falar que Rock in Lisboa ou Rock in Madri não soa tão bem.
Chegamos a 2011, e aqui está a ligação do post com a Economia:
40% do valor gasto em infraestrutura para a construção da 3ª Cidade do Rock veio dos cofres públicos. Sim, você ajudou a pagar muita coisa por lá.
O orçamento desta edição é de 40 milhões de reais, excluindo as obras citadas acima, este valor é para realização e pagamento dos artistas.
A escolha dos artistas obedece algumas regras, são realizadas pesquisas de mercado para saber quais bandas podem gerar um maior retorno ao evento, pedidos recebidos via internet são um bom termômetro, e há ainda a procura pelos próprios artistas, neste ano por exemplo, Axl Rose fez questão de estar presente.
Outra boa é que a própria produção do evento é que agenda outras apresentações para as bandas e monta um "pacote" que maximize o investimento do deslocamento e gere um bom lucro tanto para os artistas quanto para a própria produção. Ou seja, o Rock in Rio também ganha quando o Red Hot se apresenta em São Paulo ou o Elton John faz mais uma no Rio, fora do evento.
A prefeitura do Rio aguarda 315 mil turistas, representando 98% de ocupação hoteleira.
As companhias aéreas fazem a festa, em minha recente viagem ao Rio de Janeiro, gastamos 450 reais em passagens, ida e volta, duas pessoas. Na semana do evento, achar uma passagem a menos de 400 reais (o trecho, por pessoa) estava difícil.
O Rock in Rio movimenta cerca de 365 milhões de reais em toda a economia local.
Estima-se um retorno de 100 milhões de reais somente decorrente dos ingressos e mais 35 milhões em consumo do público na Cidade do Rock.
Então pense, metade das obras foi você que pagou, a produção gastou 40 milhões e espero receber 100 pela venda dos ingressos, fora os gastos na cidade do rock e ainda os percentuais das apresentações fora do evento. É ou não é um grande negócio?
Por fim, como eu disse antes, o nome não vai mudar, a cidade pode até ser. Mas o evento deve ficar cada vez mais pop, deixando o Rock para noites isoladas como foi o caso do último domingo, dia em que tocou a banda que na minha opinião deve consolidar o melhor show do evento, Metallica, com direito à Orion (instrumental lançada no álbum Master of Puppets de 1986) e o maior show em duração até o momento.
No geral o show foi bem parecido com o que assisti em 2010 no morumbi, mas não adianta, é uma das bandas mais foda do mundo. Destaque para a atuação de Kirk Hammet, que com o perdão dos mais fanáticos, me lembrou muito as performances de palco de outra lenda, Slash. Não pelas músicas, porque Guns e Metallica tem seus próprios estilos, mas os solos de fim de música e o destaque em momentos chave do show. Palavra de quem teve a honra de assistir o ex-guns n' roses há algum meses atrás em Curitiba.
Bom galera, essa foi para descontrair, pegar carona na mídia do Rock in Rio (pois isso trás muitos pontos nas pesquisas do google, haha), e passar alguns dados sobre o lado financeiro deste grande evento.
Espero que tenham gostado, grande abraço!
Então não sou das mais fanáticas por Rock escuto mais ou menos e não entendo quase nada, mas a Claudia Leitte foi demais pro meu coração rss como diz um colega meu "Deus me dê paciência pq se me der uma sanfona eu toco no Rock in Rio" rsrs
ResponderExcluirBeijos tá ficando cada dia melhor isso hein
Suene