E se fizermos um breve histórico de comportamento do Mercado de carros no Brasil, nos últimos 40 anos? Quem vendeu mais? Quando compramos mais carros? Quais são os perfis dos consumidores? É isso a que o Rápidas se propõe hoje, sem grandes aspirações, mas com a boa e velha inspiração e uma dose de Piração!
Sem enrolar, mas para contextualizar, o Brasil passou por muitas mudanças desde os anos 80 até hoje, e isso nos leva a um momento de importações proibidas, inflação e instabilidade política. E é nesse contexto que, em 1895, o carro mais vendido dos país foi o Chevrolet Monza, com 62.544 unidades vendidas. Pensando no mercado, tínhamos um momento em que nem todos podiam comprar um carro, o que talvez valide um sedan médio no topo das vendas. Os anos de liderança do Monza, aliás, são um marco histórico e um belo evento da literatura automotiva. Os números gerais de automóveis e comerciais leves teve 380.825 unidades vendidas naquele ano.
Viajando 10 anos à frente, chegamos em 1995, no auge da nossa reabertura de mercado, com o boom de importações, paridade do Real x Dólar, inflação sob controle rígido, mas com a indústria nacional ainda baseada nos mesmos ferramentais e modelos da década anterior. E nesse contexto, o campeão foi o Gol com impressionantes 287.443 unidades em um mercado que passou a casa de 1.7M de vendas. Isso demonstra o potencial que o Brasil guardava, só esperando os incentivos certos. Dois fatores são relevantes, de um lado o perfil do brasileiro ainda muito ligado, até emocionalmente com o que conhecemos como As quatro Grandes e de outro, já em 1999, o estouro da bolha do Dólar, fazendo com que carros importados específicos dobrassem de preço de um dia para outro.
Em mais um salto na nossa brincadeira, chegamos a 2005, pós bug do milênio, pós penta da seleção, e no mundo dos carros, pós nova onda de industrialização com a chegada de novas marcas, fábricas e investimentos, com o objetivo de surfar no nosso bom mercado, mas sem depender tanto da oscilação cambial. Nesse contexto ainda temos o Gol vencedor, num mercado dos mesmos 1.7M de vendas, mas seus números encolhem mais de 30% fechando em 179.457. Quem assume essa lacuna, além de Corsa e Palio, são uma grande leva de marcas que vão desde a Renault puxando os franceses, até Toyota e Honda vendendo muito Corolla e Civic. E nesse mesmo cenário começa uma sofisticação do consumidor, que não quer mais levar Uno zero, mas sim carros com mais dignidade e conforto, mesmo nas categorias de entrada.
Nossa próxima parada é mais perto do fim do que do começo, e também é um reflexo do que o povo quer. Carros mais completos, mais sofisticados, talvez menos atraentes, talvez menos diferentes entre si, mas de fato melhores. É nesse mundo que temos o Onix, trazendo a Chevrolet de novo ao topo depois de muito tempo, com 125.931 emplacamentos. Isso é menos do que os anos dourados da Volkswagen, e aqui cabe um adendo, estamos falando de um mercado que crescera a espantosos 2.5 milhões de veículos. A essa altura com uma participação de muito mais marcas, inclusive com as primeiras chinesas já dando as caras.
Dando um pulinho só para 2020, já que agora estamos quase no nosso hoje de hoje, o Onix continua como campeão no ano da Pandemia, registrando 135.351, em um mercado que encolheu para mais próximo de 2 Milhões. Crise de componentes, paralisação de produção, crise global, mas o mundo não para. O que sabemos de fato aqui é que começa a escalada de preços, tanto de novos quanto de usados. O nosso preferido de 2020 custava, em média 60 mil reais, enquanto hoje uma versão preliminar não sai por menos de uma centena de milhares.
Já concluindo nosso raciocínio, nos últimos 3 anos a Fiat se consolidou nas vendas com um feito inédito. Hoje o atual campeão de vendas do Brasil é uma pick-up. A Fiat Strada, que vendeu uma média de 130 mil unidades anuais entre 2023 e 2024. Há todo um contexto apoiado nas vendas diretas, para CNPJ, mostrando que esse submercado cresceu tanto que hoje batalha e supera o cidadão comum, que migrou para os carros usados e fez também inflar os preços dos carros de segunda mão. Mas se formos falar dos carros que não foram adquiridos 0km, vamos precisar de outro texto.
Então ficamos assim, com um resuminho da história, apoiado em alguns pontos de suporte, de um jeito simples, mas que funciona! Metade de 2025 já ficou pra trás e é sempre tempo de refletir, sobre o que você fez, sobre o que te trouxe até aqui e se aqui é onde você queria estar. A desigualdade não é característica só do nosso Brasil. Vivemos num mundo onde quem tem, tem muito, a maioria não tem nada, e fora desses extremos estamos nós, os seres do meio, os que na prática sofrem mais os impactos de tudo. Lutando para não cair, na esperança de um dia alcançar um topo que não sabemos bem como é...