quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Então tá, vamos falar de Política!

O Brasil está vivendo nos últimos dias um momento mágico e ao mesmo tempo trágico. É a primeira vez nos últimos 25 anos que uma disputa presidencial é tão acirrada e acho que a primeira vez mesmo que é tão baixo nível. Não importa em quem você vai votar, tudo que você vê a favor você apóia e tudo que você vê contra você acena cegamente. Você sabe a verdade? Você sabe quem tem razão? Você já sabe em quem votar? Hoje eu não quero defender, eu quero demonstrar. E eu não preciso de números, pois se você não concordar você pode acessar as melhores fontes. Essa é a conversa de Bar que o Rápidas propõe hoje, então vamos lá.


Em 1989 o Brasil elegeu, com voto direto, seu primeiro presidente desta era atual. Em 1992 ele foi deposto (na verdade renunciou). Mas qual a grande contribuição de Collor? Historicamente, além de bloquear as poupanças, só teve uma. A liberação das importações. Se hoje você dirige seu HB20 feliz da vida por aí, deve um pouco disso a ele. Depois veio o Itamar, e o que ele fez? Trouxe o Fusca de volta à vida. Então se você já teve um Uninho, Gol, Corsa, etc, aquele mais básico do básico, mas que te levava pra cima e para baixo, você deve um pouco a ele.

Aí veio o FHC e o plano Real, não dá pra negar o impacto disso na economia, sem Real o Brasil não estaria nem no mapa da economia mundial. Mas junto tivemos crise cambial em 1999, quase falência dos bancos públicos e uma série de privatizações. Umas aceitáveis, outras lamentáveis. A dependência do FMI prejudicou, e muito, o investimento no social. Pois os contratos tinham uma série de cláusulas que determinavam onde deveria ser investido o dinheiro. Houve um aumento no desemprego, a educação pública sofreu um bocado e a taxa de juros era absurda. Daí um pseudo controle da inflação. Para investir não era ruim, a uma taxa de juros tão alta podia-se ganhar um bom dinheiro em pouco tempo. É a velha máxima, dinheiro faz dinheiro.

Então veio o Lula, com seus programas Fome Zero e por aí vai. Podem falar o que quiser, mas houve sim uma ascensão social no Brasil nos últimos 12 anos. É um fato. As pessoas passaram a viajar de avião, comprar carro zero, ir para o exterior e consumir produtos de maior valor agregado. Provavelmente você começou a fazer essas coisas também. Há quem diga que foi a privatização, mas antigamente uma linha telefônica custava 3 mil reais, hoje ela é de graça. Ter um celular era para magnatas, hoje o filho do porteiro do seu prédio tem um Smartphone. Com o perdão do preconceito, pois ser porteiro não é menos digno do que ser bancário.


Tudo bem, você vai falar em corrupção e que o governo rouba. Espero não surpreender ninguém com isso, mas não é só o governo que rouba. Todos os partidos roubam, pessoas ligadas à política roubam, pessoas que não sabem o que é política roubam, e digo mais, 90% da população, se tivesse oportunidade roubaria. E sabe porque eu acho que eu faço parte dos 10%? Porque eu pago meu plano regular de TV à cabo, não estaciono em vaga de idoso ou deficiente, sou honesto até demais nos meus negócios automotivos e por aí vai. E pra quem acha que só corrupção acaba com um país, o Brasil está longe de ser o país mais corrupto. Mensalão é um absurdo, ainda bem que houve toda a comoção e merda no ventilador como foi, mas mensalão é peixe pequeno.

Hoje o Brasil precisa decidir entre o social e o liberal. Continuar com uma política assistencialista e intervencionista, esse último inclusive tema do trabalho vencedor do Nobel de Economia desse ano. Ou um estado Liberal, com o mínimo de intervenção do estado e o mercado que se regule. O mercado é capaz de gerar ótimos frutos para uma nação. De fato pouco há crescimento sem empresas livres para gerar crescimento. Mas será que a ganância não cobrará importantes postos de trabalho e melhoria sociais já conquistadas? É algo a se pensar.

Seu voto é seu voto, mas seu país é o meu país também. Feliz do Lobão, que caso não fique satisfeito pode ir embora. Mas antes de votar pense num pequeno detalhe. Você comprou ou está pensando em comprar uma casa pelo Minha Casa Minha Vida? Você chegou a cogitar a ideia de entrar numa faculdade pelo Prouni? Acha fantástico conseguir financiar seu primeiro carro zero, com taxa abaixo de 1% ao mês? Apoio às micro e pequenas empresas é legal? Financiamento à agricultura familiar, gerando renda em pequenas comunidades, diminuindo o êxodo rural. Tudo isso é bacana? Não estou fazendo nenhuma apologia específica, mas isso tudo está ameaçado sim. Pois um estado liberal defende que o governo não tenha muito disso, que uns chamam de assistencialismo.


Não sou a favor de tudo do governo atual, e também não acho que tudo que a oposição propõe é errado. Mas nessa balança eu preciso estar do lado que eu acho certo. E eu sei porque estou desse lado. Ao contrário de muita gente que não sabe o que pensar e só acredita em tudo que falam por aí.

Por hoje é só e essa foi a conversa de Bar do Rápidas falando sobre Política!

E só pra não perder o costume, vendo Seat Cordoba Vario 1.6 SR ano 2000. Abraços!


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Eu sou rico, mas não tenho cérebro!

Antes de mais nada eu gostaria de dizer que é mera coincidência (ou não) o fato de eu estar postando sobre esse assunto na data de hoje. Um dia após o povo paranaense reeleger Beto Richa e o povo do sudeste levar Collor II, desculpe, Aécio, para o segundo turno. O post de hoje não é sobre política. O post de hoje é sobre comportamento. Sobre atitudes que provam que algumas pessoas que tem (dinheiro) demais, tem (cérebro) de menos. Um post que infelizmente vai bater de frente com as atitudes de algumas pessoas do meu convívio social, mas que o fato delas lerem isso já mostra o quanto estão abertas para o diálogo. Vamos repensar nossos atos, se mudarmos por nós, e não pelos outros, já estaremos fazendo muito mais do que se imagina.


Então vamos lá, atitude número 1 do rico que não tem cérebro, e é óbvio que eu vou começar falando sobre compra de automóveis! O rico, só pelo prazer de aparecer, dá 30 mil de entrada e financia outros 50 para comprar um carro, digamos importado, SUV, ou algo assim. Já que ele é rico ele pode pagar parcela de quase 2 mil reais e não vai sentir nem cócegas no bolso. Passados 2 anos, o carro do rico, que novo custava 80 mil, e ele pagou quase 100 por causa do juro, vale algo em torno de 50 no mercado. Aí ele vai numa concessionária, porque já viu alguns pobres andando de carro igual, mas principalmente porque o seu vizinho comprou um carro melhor. Eis que ele entrega o seu carro por 30. Sim, vale 50 mas a loja vai pagar 30, e faz o que? Financia mais 50, ou no caso, refinancia, por que não pagou nem metade dos outros 50.

História bonita e até inteligente né? Pois ele está sempre com um carrão sem nem pagar todo o valor. Só vai trocando de 2 em 2 anos. Tudo bem desde que tudo continue bem. Mas uma coisa que eu aprendi com a Economia, é que temos que ter um plano B, e talvez até um plano C. Pois não sabemos o que vai acontecer amanhã. Mas o rico aprendeu isso da maneira mais dolorida. Do dia para a noite sua empresa foi pro buraco, ou ele perdeu seu cargo de altíssima confiança por não ser mais necessário, ou uma cagada operacional pôs a sua cabeça em jogo. E agora a parcela de 2 mil reais começa a pesar um pouco mais. Então vamos fazer as contas, eu emprestei 50 e paguei 20. Depois refinanciei com mais 50 e assim vai. Quando o rico foi ao banco ele devia muito mais de 100 mil e ficou assustado. "Que absurdo, o banco está meu roubando!" ele disse. Quem trabalha em banco ouve muito isso. Mas enfim, essa história é verídica, e acontece todos os dias em alguma agência bancária do Brasil.

Que tal falarmos um pouco sobre Seguro? Tem rico que acha que é dinheiro jogado fora, que ele é imune às externalidades e simplesmente não o faz. Já sabemos que se acontecer alguma coisa o prejuízo sairá do bolso dele. Mas sabe o que é pior? Quem tem seguro e faz questão de usar, ou gostaria muito de usar. Isso é triste minha gente. Eu estudo e "trabalho" o mercado de automóveis há mais de 12 anos e sei que carro desvaloriza muito rápido. Mas daí a falar que deixa o carro na rua por que se levarem o seguro paga mais, é muita burrice! Ninguém quer ter seu carro roubado! Muitas vezes um pen drive que você deixou no porta-luvas tem mais valor sentimental (pelos arquivos, não pelo objeto, pelo amor de Deus!) do que o carro inteiro!


Mas sobre o seguro eu tenho uma história mais estúpida ainda, que mostra que rico, na maioria das vezes tem uma necessidade insana de mostrar sua condição social! Certa vez eu estava no trabalho, sem garagem, e deixei meu Gol em frente ao prédio. Recém reformado devido a uma batida, culpa de um desses bons motoristas que temos por aí, que não viu que eu estava na sua frente e resolveu virar à esquerda. Mas enfim, estava lá, meu carro paradinho, quando o dono de uma confeitaria achou que o TR4 dele caberia na vaga da frente. Resultado: pisca, pára-choque, spoiler e um belo amassado no pára-lama dianteiro. E juro, quem viu disse que foi quase proposital, pois o tio se irritou que teve que manobrar demais. Desci para ver o estrago e me deparo com o tiozinho e sua mulher com ares de "somos melhores que você", me entregam o cartão do seguro e viram as costas.

Eu tive que ligar numa central de atendimento, ficar um bom tempo no telefone, levar o carro numa oficina, ficar mais uns dois dias sem carro e tudo resolvido. Simples assim. Simples assim? Estamos falando de uma pessoa que prejudicou de graça a vida de outra só porque se acha melhor! É uma merda ter que correr atrás de oficina quando seu carro precisa, mas é pior ainda se ele precisa por causa de um otário rico qualquer!

Continuando. Todos aqui sabem o quanto eu gosto de carros, o quanto curto esse lance de comprar e vender, e sabem também que eu não tenho só um carro. É uma coisa normal, eu converso com meus amigos sobre isso para bater papo, não com uma mensagem subliminar dizer "tenho três carros, tenho três carros". É uma opção minha, juntei dinheiro por muito tempo para tê-los, e tenho orgulho disso. O que me chateia não é quando alguém me chama de rico. Eu me sinto rico de alguma forma, por ter três carros quitados, ter dinheiro para mantê-los, trocar tão constantemente sem precisar financiar. Mas é como eu digo, é opção, e eu ensino a qualquer um que tenha interesse, como começar com um Fusca de 4 mil e chegar a um carro de 15 em 2 anos!


O que quase me chateia é quando aparece alguém e diz "mas se vender os três não compra um!". Nessa hora eu respiro, dou um sorriso e falo que a pessoa tem toda a razão. Porque discutir com gente ignorante é a pior coisa que existe. A pessoa que fala isso não faz porque está sendo racional, faz com a intenção clara de encher o saco! A vida é minha e eu poderia sim comprar a porra de um carro zero! Mas não o faço porque não tenho necessidade nenhuma de mostrar aos outros nada além da minha própria personalidade. E ainda digo mais, de que me adianta um carro de 50 mil se eu vou enjoar dele em seis meses como qualquer outro? Só vou perder dinheiro, e perder dinheiro não é uma coisa que os economistas gostam de fazer.

Agora por fim, esse post não foi uma indireta a este ou aquele amigo meu, eu nunca faria isso, até porque converso muito com meus amigos e eles sabem a minha opinião. Eu respeito até mesmo quem faz as burradas descritas acima, só não concordo. Mas esse post é uma tentativa, como das muitas que estão aqui, de fazer refletir um pouco que seja. Das coisas que as pessoas podem fazer com o dinheiro, ou até mesmo das coisas que as pessoas podem fazer quando não tem dinheiro, se pensassem melhor antes de gastar.


And nothing else matters...